Novos tempos
Este foi o ano das expectativas superadas. O ano em que pensávamos que, à semelhança do anterior, haveríamos de ficar fechados em casa, reféns de novos confinamentos e de medos de um vírus que, infelizmente, veio para ficar.
Este foi um ano também de amplas mudanças e de manutenção de algum status quo. O investimento no imobiliário continuou a ser uma aposta segura e não foi a pandemia que veio alterar esta premissa. Andámos estes últimos dois anos a criar expectativas de como seria o futuro do imobiliário e, globalmente, acho que podemos afirmar que, sem sombra de dúvidas, 2021 acabou por conseguir superar as nossas expectativas mais pessimistas.
O imobiliário e a construção mostraram ser dos sectores mais resilientes e conseguiram (sobre)viver com algum dinamismo. O dinheiro anda por aí, os fundos e os investidores também, pelo que, à semelhança do que acontece no passado, é preciso estar atento, conhecer os players e perceber que as oportunidades não batem duas vezes na mesma porta –porque, em Portugal, há felizmente, uma panóplia de opções num sector onde, como percebemos, tudo está à venda porque tudo tem o seu preço.
O ano que agora finda trouxe igualmente algumas ameaças que, felizmente não se concretizaram: o temor que os preços dos imóveis iam cair e iríamos assistir a algo semelhante ao que ocorreu em 2008, o risco que a construção ia parar por causa do aumento substancial dos preços das matérias primas, os receios que os bancos iam falir porque não iam suportar o peso do custo das moratórias.
2021 afirmou-se, em definitivo, como o ano das novas tecnologias para o imobiliário. Visitas virtuais, reportagens 360º, drones e vídeo meetings passaram a fazer parte do dia-a-dia de uma qualquer agência e/ou consultor. Voltámos ao escritório ou ficámos em teletrabalho, num misto de duas tendências que se confirmaram com os programas de vacinação e com a tentativa de normalização de uma vida que, acima de tudo, se quer e se deseja normal.
Acredito, por isso, que 2021 foi o corolário máximo de um ano atípico, onde se consolidaram tendências criadas em 2019 e 2020. Abriram-se portas para um novo futuro que, não deixando de ser de pessoas para pessoas, passará pela criatividade digital, pelas opções diferentes e diferenciadas, que podem fazer com que tenhamos sucesso e façamos melhor num mercado cada vez mais assertivo e competitivo.
Mas o tempo que vivemos é, também, um tempo de esperança na incerteza. Saibamos, por isso, entrar com confiança o ano novo que se aproxima a passos largos. E possamos ser um exemplo de excelência na mudança. Um feliz 2022 para todos!
Francisco Mota Ferreira
Trabalha com Fundos de Private Equity e Investidores e escreve semanalmente no Diário Imobiliário sobre o sector. Os seus artigos deram origem ao livro “O Mundo Imobiliário” (Editora Caleidoscópio).