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Banco de Portugal revê em alta inflação deste ano para 7,8%

6 de outubro de 2022

O Banco de Portugal reviu em alta de 1,9 pontos percentuais (pp.) a previsão da taxa de inflação para este ano, para 7,8%, o valor mais elevado desde 1993, reflectindo as crescentes pressões externas sobre os preços.

No Boletim Económico de outubro, divulgado hoje, o Banco de Portugal (BdP) prevê que o Índice harmonizado de preços no consumidor atinja 7,8% este ano, uma revisão em alta face aos 5,9% previstos em junho, mas ainda assim abaixo da zona euro.

O regulador explica que as pressões inflaccionistas permanecem elevadas na segunda metade do ano, apesar de alguns sinais de alívio, o que, estima, levará a taxa a manter-se acima de 9% neste período, atingindo o ponto máximo no terceiro trimestre (9,5%) e diminuindo ligeiramente no final do ano.

Assim, o BdP espera que “a forte procura dos bens e serviços, cujo consumo foi condicionado na primeira fase da pandemia, também contribui para a trajetória ascendente ao longo de 2022, esperando-se uma inflexão no final do ano”.

O supervisor assinala que “este dinamismo dos preços em 2022 tem impacto no poder de compra das famílias”.

O BdP salienta que, neste contexto, o rendimento disponível real estagna em 2022 (0,2%, após 2,2% em 2021), sendo que em termos nominais, acelera de 3,6% para 6,5%, reflectindo o comportamento das remunerações do trabalho e das transferências internas.

“As medidas anunciadas em Setembro pelo governo português deverão ter um contributo de 1,4 pp. para a variação do rendimento disponível em 2022. O aumento das taxas de juro implica um aumento ligeiro do serviço da dívida em 2022, interrompendo a trajetória descendente visível desde 2012”, explica.

Já a taxa de poupança deverá reduzir-se de 9,8% para 4,9%, o que salienta permite “a aceleração do consumo num contexto de elevada inflação e estagnação do rendimento disponível real”.

O BdP considera ainda que “o mercado de trabalho mantém um desempenho notável, apesar de alguns sinais de moderação ao longo do ano”, estimando uma taxa de desemprego de 5,8% (estimava 5,6% em junho) e do emprego de 2,3% (estimava 1,7% em junho).

O supervisor indica que “os salários por trabalhador no setor privado crescem 5,4% (4,9% em 2021), implicando uma queda em termos reais no ano, mas mantendo ganhos reais face a 2019”.

LUSA/DI