Volume de investimento no sector imobiliário deve-se manter nos 3 mil milhões em 2023 - CBRE
A CBRE Portugal antecipa que o investimento no sector imobiliário deverá fixar-se no patamar dos 3 mil milhões de euros em 2023, mantendo uma performance positiva e apresentando fundamentos fortes.
A obtenção e o custo do crédito, bem como o desfasamento de expectativas de preços entre vendedor e comprador, serão os principais riscos, aponta a consultora, que coloca, pela primeira vez, Lisboa no 6.º lugar do ranking das cidades mais atractivas para investir na Europa.
Sob o mote ‘Portugal Market Outlook 2023 – Reshaping the Future’, a CBRE apresentou as principais tendências do sector imobiliário para este ano nas áreas de investimento, escritórios, retalho, logística, hotelaria, ativos alternativos e habitação.
No contexto económico nacional fica, para já, afastado o cenário de recessão em 2023 e espera-se a manutenção de uma taxa de desempenho relativamente estável. A maior incerteza prende-se com a rapidez e o grau de crescimento das taxas de juro, intimamente ligadas à necessidade de reduzir a inflação conforme anunciado ontem pela presidente do Banco Central Europeu.
Na área da sustentabilidade, verificamos que a componente Social da sigla ESG (Environmental, Social, Governance) ganha cada vez maior importância, mas a tendência que a CBRE antecipa para 2023 é a adoção, por parte das empresas, de uma estratégia integrada, que contribua para o cumprimento das métricas definidas pelo Governo e pelas Nações Unidas.
No setor dos escritórios, prevê-se um volume de investimento idêntico ao de 2022, enquanto que na logística e na hotelaria antecipa-se que possa ser inferior, sobretudo pelo facto de 2022 ter sido um ano atípico nestas duas classes de ativos, com a transação de portefólios emblemáticos que representaram uma fatia significativa no volume total de investimento em Portugal.
Já no retalho, é provável que o volume investido venha a registar um aumento pelas diversas oportunidades já detectadas ligadas aos supermercados e ao sector dos centros comerciais.
No sector residencial, a conjuntura económica deverá levar a uma estabilização do número de casas vendidas, porém, o desfasamento entre a oferta e a procura, o aumento dos custos de construção e a reduzida atividade de promoção imobiliária em algumas regiões sustentarão a subida dos preços de venda. O mercado de arrendamento também registará uma tendência de subida nos preços das rendas ao longo de 2023, fortemente impulsionada pelo elevado custo do crédito.
Por fim, no que a consultora designa como sectores alternativos, as residências de estudantes, as residências para seniores e cuidados de saúde, bem como a área de agribusiness (investimento em ativos imobiliários agrícolas) deverão registar interessantes oportunidades de investimento.
Em Portugal, existe atualmente uma carência de 55 mil camas em residências para seniores pelo que os maiores operadores de saúde privada têm projetos de expansão ambiciosos nesta área, procurando aumentar a sua cobertura geográfica.
Também no campo das residências de estudantes está identificado um gap de cerca de 73 mil camas em Lisboa e 32 mil no Porto, o que representa uma enorme oportunidade de investimento neste sector.
A área de agribusiness é um dos segmentos de mercado que está a viver uma revolução com a implementação de novos modelos de cultura, muito mais produtivos e com uma forte componente tecnológica. A CBRE acredita que este sector pode representar mais de 10% do investimento em imobiliário de rendimento em 2023.