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Pavilhao Azul em Belem - Créditos Pedro Serrazina SRU

"Pavilhão Azul" acolhe colecção de Julião Sarmento e abre ao público no final do ano - diz o município de Lisboa

30 de janeiro de 2024

O antigo armazém de bens alimentares, no nº 172 da Avenida da índia, em Belém, construído no séc. XIX e agora conhecido como «Pavilhão Azul», vai acolher a colecção de arte contemporânea do artista Julião Sarmento (1948-2021) — Museu SILD.

Este edifício insere-se na Zona Especial de Protecção da Torre de S. Vicente de Belém e encontrava-se devoluto. Com o projecto de alteração e ampliação projectado pelo arquitecto Carrilho da Graça “pretende-se preservar o carácter da construção existente tendo por base as suas características construtivas e espaciais, propondo-se uma alteração da sua organização espacial, com a introdução de novas soluções estruturais e de novas infraestruturas técnicas e de segurança”.

O gabinete de comunicação da CML informou hoje  que "a empreitada de adaptação do Pavilhão Azul deverá estar finalizada em Julho, prevendo-se a sua abertura ao público no final deste ano."

Anunciado em 2017, o projecto surgiu na sequência da assinatura de um protocolo de parceria entre o artista visual Julião Sarmento para cedência da sua colecção privada, com cerca de 1.200 obras de artistas portugueses e estrangeiros.

Por desejo do artista, o projecto arquitectónico ficou a cargo de João Luís Carrilho da Graça e a direcção do curador Sérgio Mah, visando a criação de uma programação própria naquele espaço municipal.

Sob gestão da Sociedade de Reabilitação Urbana - Lisboa Ocidental (SRU), a conclusão da empreitada chegou a estar prevista para Maio de 2023, conforme indicação camarária à Lusa em Setembro de 2022.



Imagens - Créditos Pedro Serrazina SRU


A colecção privada de Julião Sarmento, iniciada pelo artista em 1967, quando estudava na faculdade - sem que tenha parado de coleccionar desde aí - reúne obras em pintura, objectos, instalações, vídeos e esculturas de artistas portugueses e estrangeiros que conheceu, com quem fez amizade ou conviveu em algum momento da vida.

Só 5% das obras da colecção privada do artista plástico foram compradas, tendo trocado outras por peças da sua autoria, ou recebido de oferta, de diversos artistas e coleccionadores.

A ideia de doar a colecção à Câmara de Lisboa surgiu depois de o artista plástico ter exposto parte da sua colecção, em 2015, na mostra “Afinidades Electivas”, dividida entre o então Museu da Electricidade, integrado no actual Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), e na Fundação Carmona e Costa, em Lisboa.


Julião Sarmento (1948-2021) - Foto de Manuelvbotelho em Wikimedia


Crédito Pedro Serrazina SRU


As centenas de obras, fechadas em casa ou em armazéns, poderiam tornar-se visíveis mediante um espaço expositivo próprio, projecto que viria a recair no Pavilhão Azul, na Avenida da Índia, em Lisboa.

Ainda em vida, Julião Sarmento considerou-o “perfeito”, pela localização no eixo museológico de Belém.

Autor de uma obra multifacetada, Sarmento, nascido em 1948, em Lisboa, foi alvo de uma exposição na Tate Modern, em Londres, em 2011, momento alto de um trabalho que fez dele um dos artistas portugueses de grande projecção internacional.

A colecção de Julião Sarmento inclui obras de Joaquim Rodrigo, de quem Sarmento foi assistente, e de outros artistas portugueses que cruzaram a sua vida, como Álvaro Lapa, Eduardo Batarda, Jorge Molder, Rui Chafes, João Vieira, Rui Sanches, Pedro Cabrita Reis, Fernando Calhau, Rui Toscano, Alexandre Estrela, Vasco Araújo.

Artistas estrangeiros também estão representados na colecção privada, como Andy Warhol, Marcel Duchamp, Robert Frank, James Turrell, Jeff Wall, Wolf Vostell, Cindy Sherman, Nan Goldin, Adriana Varejão e Marina Abramovic.

Lusa/DI