Obras para extensão do Metro Sul do Tejo só daqui a cinco a sete anos - diz ministro
O ministro das Infraestruturas disse hoje esperar que as obras para a extensão do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica e à Trafaria, no concelho de Almada, possam arrancar dentro de cinco a sete anos.
“Eu diria que dentro de cinco, seis, sete anos podemos estar a pensar em obras no terreno e material circulante adquirido”, afirmou Miguel Pinto Luz.
O governante falava à comunicação social no final da cerimónia de assinatura do protocolo para a elaboração do projecto de expansão do Metro até à Costa de Caparica e Trafaria, passando por Santo António e São João, firmado entre a Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, o Metropolitano de Lisboa e a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML).
Este novo troço, que acrescentará mais cerca de 6,6 quilómetros à actual rede e que permitirá uma ligação directa ao transporte fluvial, visa reduzir a dependência do transporte individual, respondendo assim ao compromisso de Portugal de atingir a neutralidade carbónica em 2050.
“Nós hoje não lançámos o Metro Sul do Tejo, lançámos estudos e tencionamos, nos próximos três anos, apresentar estes estudos”, com o valor do investimento incluído, disse Miguel Pinto Luz.
“Agora façamos estes estudos com rigor para não haver dúvida nenhuma, para que todos os actores políticos no futuro não venham desfazer o que um grande consenso alargado está a definir hoje”, afirmou.
Segundo o ministro das Infraestruturas e da Habitação, o Governo tem uma visão integradora de uma cidade de duas margens que não se pode desenvolver apenas na margem norte.
Travessia entre a Trafaria e Algés
Destacando a importância de uma união, o governante desafiou os deputados do PS presentes na cerimónia para um consenso em projectos estruturantes para o país, lembrando que o mesmo foi feito relativamente ao novo aeroporto.
“É tempo de nos unirmos à volta de uma visão comum do que queremos para a nossa sociedade, para o nosso território. É esse consenso que é necessário”, disse, adiantando que está também disponível para pensar em conjunto num novo desafio que tem sido defendido pela presidente da Câmara Municipal de Almada, de uma nova travessia entre a Trafaria e Algés.
Na cerimónia, a presidente do município de Almada, Inês de Medeiros (PS), destacou a importância para o concelho da expansão do Metro Sul do Tejo, lembrando que esta é uma reivindicação antiga da população.
“Hoje é um dia particularmente emocionante para Almada e para a Costa de Caparica e Trafaria. Esta cerimónia é um passo fundamental para concretizar uma das antigas ambições do concelho”, disse.
A autarca adiantou que a obra irá dar resposta às necessidades das populações, atravessando o concelho de “lés a lés” e estabelecendo uma ligação fundamental a Lisboa através dos terminais fluviais de Cacilhas e Trafaria.
O protocolo hoje assinado dá seguimento a uma portaria publicada em Março que indicava a escolha do Metropolitano de Lisboa para a realização de estudos, levantamentos e outros trabalhos necessários para a expansão do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica.
No âmbito do protocolo cabe ao Metro de Lisboa a gestão do projecto, estabelecendo e assegurando a colaboração entre as partes; desenvolver e/ou promover o relatório de diagnóstico; avaliar a viabilidade técnica-económica do traçado de referência e realizar serviços de cartografia e de topografia, entre outros.
A Câmara de Almada ficará responsável por estabelecer as condições de inserção urbana do novo traçado, no território sob sua tutela administrativa, particularmente de harmonização com as áreas urbanas abrangidas pelo novo troço.
À TML caberá assegurar a articulação e gestão do projecto de expansão do Metro Sul do Tejo até à Costa de Caparica, abrangendo os estudos sobre tráfego e procura, bem como a harmonização das opções de transporte público com os demais modos de transporte e tarifário no contexto da Área Metropolitana de Lisboa.
A expansão do Metro Sul do Tejo à Costa de Caparica foi anunciada pelo então primeiro-ministro António Costa (PS) em 29 de Março de 2023, durante a iniciativa Governo Mais Próximo no distrito de Setúbal. Entretanto um ano se passou.
Actualmente com três linhas em funcionamento, Cacilhas/Corroios, Pragal/Corroios e Cacilhas/Campus da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, na Caparica, o Metro Sul do Tejo revolucionou a mobilidade entre Almada, Corroios e o Monte da Caparica, e, segundo dados da empresa, transporta mais de 16 milhões de passageiros por ano.
“O troço entre Corroios e Cova da Piedade foi inaugurado em 30 de Abril de 2007 entrando ao serviço da população em 1 de Maio de 2007. Em 15 de Dezembro de 2007 foi inaugurado o troço entre Cova da Piedade e Universidade. Em 26 de Novembro de 2008, foi inaugurado ao público o troço até Cacilhas” - pode ler-se na Wikipedia. Que acrescenta:
“As 2ª e 3ª fases de construção, que preveem o alargamento pelo concelho do Seixal e a ligação aos da Moita (na Baixa da Banheira) e do Barreiro, mantém-se previstas mas suspensas desde 2008” (ver mapa-imagem).
Ou seja, passados que foram 16 anos, nem um metro foi acrescentado àquele sistema estruturante de transporte, muito embora o crescimento da população residente na margem sul do Tejo tenha sido exponencial.
As palavras do ministro sobre os prazos previstos para a expansão da rede não auguram grandes esperanças para quem vive na margem sul. Os estudos arrastam-se ao longo de anos, o financiamento necessário tem sempre outras “exaltantes” prioridades, as obras são inexplicavelmente demoradas...
Lusa/DI