O imobiliário tem pela frente enormes desafios - a opinião de José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties
O que se pode esperar para o mercado imobiliário em 2024?
No sector residencial, nos segmentos premium, acreditamos que vai continuar a haver procura interna e externa, embora, com crescimentos mais moderados, fruto da instabilidade política e legislativa recentes. Nos demais segmentos, poderá haver alguma recuperação no número de transacções depois do segundo semestre, se se verificar a tendência para redução das taxas de juro. De salientar que em 2023, o volume de transacções baixou cerca de 20% e 12% em valor, ou seja, aumentou o valor médio por transacção.
Quais as tendências para este ano que podem dinamizar o imobiliário?
Desde logo, o resultado das eleições de 10 de Março sabendo-se que dependendo de quem vier a ganhar e em condições, poderão ter medidas mais ou menos interventivas, geradoras de consequências positivas ou nefastas, a curto, médio e longo prazo. Sequentemente, a evolução da inflação e as taxas de juro, e alguma flexibilização nos financiamentos aos projectos. Por fim, e talvez a maior questão, será como os stakeholders irão reagir, no concreto, ao Simplex e que impacto real terá esta legislação nos licenciamentos, incluindo a segurança dos mesmos.
E as maiores dificuldades que o mercado pode enfrentar?
A instabilidade política, caso ganhe um governo com participação da extrema esquerda, que como sabemos é contra uma economia de mercado e não entende nem sabe como resolver os desafios que o sector e o pais enfrenta. Paralelamente, eventual regresso da inflação, falta de confiança dos consumidores e elevadas taxas de juro. Relevante, a forma como o Simplex será operacionalizado ao nível das autarquias e nos tempos de licenciamento. Por fim, os preços da construção, disponibilidade de mão-de-obra e claro, instabilidade internacional (económica, política, conflitos).
Como os promotores imobiliários encaram 2024?
Em geral, diria com alguma expetativa e precaução, frequentemente numa posição de “wait and see” o que poderá significar menos produção e entrega de habitações. Num recente evento, de uma conceituada marca internacional de imobiliário, num inquérito realizado junto de cerca de 80 profissionais, os sectores da hotelaria e residencial eram os favoritos para 2024, sendo que o hoteleiro se destacava. Concordo com essa perspectiva, e obviamente satisfeito, considerando que a Vanguard está exposta a ambos.