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Opinião

Ricardo Feferbaum, Diretor geral Imovirtual

O arrendamento é tendência que marca a atual realidade do mercado imobiliário em Portugal

3 de agosto de 2022

Durante a pandemia, verificámos várias realidades que influenciaram o mercado imobiliário e, dessa forma, criaram um contexto que levou a uma alteração do paradigma que verificámos no ano passado. Se, em 2021, a tendência do consumidor foi sobretudo para a compra de casa, este ano há um crescimento de mais pessoas a demonstrar uma preferência pelo arrendamento.

No geral, houve um crescimento progressivo da procura por arrendamento nos primeiros seis meses de 2022, que representa um aumento de 45% em relação ao ano passado e de 30% de janeiro a junho. Estes dados comprovam a forte dinâmica que continua a existir no mercado imobiliário, com uma grande procura por parte do consumidor, apesar desta atual tendência para o arrendamento ser, naturalmente, acompanhada um decréscimo na procura por compra de casa, no período de janeiro a junho de 2022 (apesar de continuar bastante elevada).

Há vários fatores que explicam esta realidade e a alteração da mentalidade do consumidor. Em primeiro lugar, o aumento do custo médio dos imóveis em cerca de 7%, que os torna mais inacessíveis e cerca de 25.000€ mais caros que no primeiro semestre do ano passado. Esta subida de preço é acompanhada, e pode também relacionar-se, com a diminuição em cerca de 30% da oferta de casas disponíveis para venda que se verificou no início deste ano, ainda que esta oferta pareça estar novamente a aumentar.

Por outro lado, a instabilidade no crédito habitação, com a subida das taxas Euribor, bem como das taxas de juro que têm aumentado desde abril, além do anúncio, em julho, do aumento das taxas de juro do Banco Central Europeu (o primeiro em 11 anos, com mais subidas previstas ainda este ano), são fatores que podem adicionalmente desmotivar futuros compradores e criar obstáculos que os levam a considerar outras hipóteses, nomeadamente o arrendamento em detrimento da compra.

Continua a existir enorme procura por parte dos consumidores na compra de casa, ainda que com mais foco em arrendar, neste momento. Apesar do custo médio de arrendamento também ter aumentado 27% em relação a meados de 2021, encarecendo a renda em cerca de 270€, esta parece ser a tendência mais relevante até ao momento no mercado imobiliário português. É ainda curioso analisar que, uma vez que as grandes cidades de Lisboa e Porto têm as rendas mais elevadas do país, há um grande crescimento de procura por arrendamento nas cidades intermédias e no interior, como Bragança, Évora, Viana do Castelo, Santarém ou Viseu, onde as rendas têm aumentado.

Ricardo Feferbaum

Diretor geral do Imovirtual

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico