
Zona de Chelas, em Marvila, Foto de João Pimentel Ferreira em Wikipedia
Moradores de Marvila denunciam abandono, Câmara de Lisboa argumenta com projectos previstos para o território
A Câmara Municipal de Lisboa negou esta segunda-feira ter deixado a freguesia de Marvila “ao abandono”, apesar das crescentes críticas dos moradores e de uma petição entregue à Assembleia Municipal que denuncia o agravamento das condições de vida naquela zona da cidade. Em resposta, o executivo municipal destacou um investimento de 124,5 milhões de euros no território.
Em audiência na 5.ª Comissão Permanente da Assembleia Municipal, a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação "Novos Tempos" – PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), rejeitou o teor da petição que exige uma intervenção urgente da autarquia para "combater o abandono de Marvila", freguesia da zona oriental da capital.
No documento entregue em Janeiro, os peticionários denunciam problemas estruturais de habitação municipal, como prédios degradados e elevadores avariados, défices na saúde, com falta de médicos de família, e fraca cobertura de transporte público. O texto alerta para uma “desigualdade gritante entre territórios” e acusa a autarquia de promover uma cidade “de unicórnios e modernidade” enquanto ignora realidades como a de Marvila. “Onde é negado o acesso aos elevadores das suas habitações, onde é maior a percentagem de utentes sem médico de família (...), entre tantas e demasiadas situações de abandono”, lê-se na petição.

O Executivo camarário liderado por Carlos Moedas acusado de propagandear cidade “de unicórnios e modernidade” mas sem resolver os problemas das pessoas...
Perante estas duras críticas, Joana Almeida apresentou um conjunto de investimentos já realizados ou em curso, a maioria deles em projecto, sublinhando que a narrativa do abandono “não corresponde à realidade”. Segundo a vereadora, só no mandato 2021-2025, o município investiu 124,5 milhões de euros no eixo Marvila-Beato, incluindo reabilitação de edificado municipal, criação de habitação acessível e equipamentos de saúde.
“Não é verdade que não estejamos a fazer nada”, afirmou a vereadora, insistindo que a autarquia tem tido uma “acção robusta e estruturada” em Marvila, o que é contestado firmemente pelos peticionários que argumentam que os projectos camarários não passam de intenções no papel e que não têm tido concretização prática no terreno.
Ainda no âmbito da petição, a Assembleia Municipal ouvirá esta quarta-feira o presidente do conselho de administração da GEBALIS, empresa municipal responsável pela gestão dos bairros municipais de Lisboa. A audição deverá aprofundar as respostas da autarquia às queixas dos moradores, que continuam a exigir melhorias concretas no terreno.