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Hotel Jornal na Torre do JN com alvará emitido desde Janeiro, mas obras não arrancam...

Hotel Jornal - Imagem OODA

Hotel Jornal na Torre do JN com alvará emitido desde Janeiro, mas obras não arrancam...

7 de outubro de 2025

Câmara do Porto aprovou construção de unidade hoteleira na histórica torre em Janeiro, mas local permanece inalterado. Razões para o atraso não foram esclarecidas.

Mais de oito meses depois da emissão do alvará de construção, as obras de reconversão da antiga torre do Jornal de Notícias, no centro do Porto, continuam por iniciar — sem qualquer explicação pública por parte dos promotores ou da autarquia.

A 30 de Janeiro deste ano, a Câmara Municipal do Porto emitiu o alvará de construção que permitiria avançar com a transformação do edifício, localizado na Rua de Gonçalo Cristóvão, numa unidade hoteleira com mais de 200 quartos. O projecto prevê demolições, ampliações e alterações significativas para adaptar a torre de 14 andares a uma nova função turística. No entanto, o edifício permanece inalterado, sem sinal de intervenção ou sequer vedação do local.


Hotel Jornal - imagem OODA


A empreitada marca o ponto mais recente de um processo urbanístico iniciado há uma década. O Pedido de Informação Prévia (PIP) para conversão do imóvel em hotel remonta a 2015, com despacho favorável emitido em Março de 2016, tendo sido sucessivamente revalidado ao longo dos anos.

Em 2018, a torre foi vendida pela Global Media à sociedade Authentic Empathy, passando a estar, desde 2020, sob controlo da Magnetic Pocket, empresa liderada por empresários de Macau e ligada ao grupo KNJ, do investidor Kevin Ho. O projecto de arquitetura está a cargo do colectivo OODA (Oporto Office for Design and Architecture), responsável por outras intervenções emblemáticas na cidade, como o antigo Matadouro de Campanhã e a nova sede da Liga de Futebol.

Segundo informação disponibilizada pelo próprio atelier, o projecto prevê a manutenção do icónico painel de azulejos de Charters de Almeida, bem como a demolição parcial do pódio junto à Estação da Trindade. A transformação da torre procura respeitar a memória do edifício e integrar-se na malha urbana com soluções paisagísticas e arquitectónicas de destaque.


Imagem OODA


Alvará tem prazo de validade

De acordo com o Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), após a emissão de um alvará de construção, os promotores têm um ano para iniciar os trabalhos. Caso esse prazo não seja cumprido, o alvará caduca automaticamente, salvo se for requerida prorrogação antes do final desse período, mediante justificação.

Neste momento, já passaram mais de oito meses desde a emissão da licença, sem que haja sinal visível de movimentação no local. A ausência de obras, aliada ao silêncio da promotora e à falta de esclarecimentos por parte da autarquia, levanta dúvidas sobre os motivos do atraso e sobre o futuro do projecto.

A torre, desenhada por Márcio de Freitas e inaugurada em 1970, foi durante décadas uma referência no panorama mediático nacional, acolhendo as redações do Jornal de Notícias, do desportivo O Jogo e da rádio TSF, que abandonaram o edifício em Julho de 2023.

Hoje, o emblemático imóvel permanece devoluto, à espera de uma transformação prometida, licenciada, mas até agora sem qualquer sinal de concretização.

Lusa/DI