Há uma carência (enorme) de residências de apoio aos mais idosos em Portugal
O mais recente estudo realizado pelas equipas de Valuation & Advisory e Development & Living da Cushman & Wakefield, reconheceu a percentagem média de europeus com mais de 80 anos nos 6%, estando Portugal acima da média com 6,8% de cidadãos com esta idade.
Os resultados desta edição espelham o envelhecimento dos países europeus e coloca países, como Portugal, com falta de meios para dar conta do acelerado envelhecimento da sua população.
Os dados analisados pela consultora “indicam que este valor deve aumentar consideravelmente nos próximos anos, em Portugal, com 12,7% da população a alcançar os 80 anos até 2050. Isto faz com que Portugal, em conjunto com países como a Itália, ou Espanha, tenha de fortificar a sua oferta de residências seniores para garantir o bem-estar e a qualidade de vida da população envelhecida, uma vez que, no momento, o país apenas conta com 104.700 mil camas, distribuídas por 2.570 lares/residências seniores (públicos, sem fins lucrativos e particulares)”.
Apesar da maioria do mercado ainda ser dominado por instituições sem fins lucrativos, o privado é responsável por 25% das camas disponíveis para acomodação dos idosos, e a tendência é que o investimento internacional comece a ganhar mais peso nas residências seniores nacionais - “com as prime yields para imóveis ligados ao sector da saúde a serem estimados em cerca de 5,75% em 2023, enquanto os escritórios e retalho atingiram cerca de 5,00% e 4,75%, respectivamente” - adianta a C&W.
Os quatro maiores operadores privados em Portugal deste mercado, que gerem um total de 2.680 camas, divididas por 30 unidades de residências seniores, são o grupo Residências Montepio (1.007 camas | 8 lares), Emeis (FKA Orpea | 815 camas | 10 lares), DomusVi (470 camas | 5 lares) e Naturidade (376 camas | 7 lares).
Sehundo Ricardo Reis, Director do departamento de Avaliação & Advisory da Cushman & Wakefield Portugal "O volume de investimento em imóveis ligados ao sector da saúde, em Portugal, duplicou de 125 milhões de euros em 2020 para cerca de 250 milhões de euros em 2021, sendo que, em 2022 iniciou a sua descida para 115 milhões de euros e, em 2023, caiu abaixo de 20 milhões de euros."
Embora o mercado enfrente desafios como altos custos de construção e incertezas políticas, as tendências demográficas e o crescente foco em critérios ESG apresentam oportunidades para investimentos estratégicos, revela o estudo, que conclui também que, à medida que que a população continua a envelhecer, a procura por residências seniores de qualidade e instalações de cuidados tenderá a aumentar, tornando este sector uma área crucial para futuros investimentos.
Ricardo Reis defende ainda que "o país tem de se preparar para o crescimento do número de idosos a carecerem de alojamento, e oferecer-lhes condições que lhes permita ter uma vida digna. A solução poderá passar pela sinergia e expansão das entidades já presentes no mercado nacional. Contudo, será necessário um plano público bem estruturado de estímulo (incentivos) ao desenvolvimento público e privado, combinado com o apoio às famílias portuguesas".