Imobiliário nacional continua a suscitar interesse dos investidores
A afirmação é de Manuel Reis Campos, presidente da CPCI - Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, durante um ‘webinar’, organizado pela Ordem dos Engenheiros.
Manuel Reis Campos, que lidera também a AICCOPN - Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, mostrou-se confiante na evolução dos preços do imobiliário em Portugal, apesar da paralisação da actividade, motivada pela pandemia de covid-19. Para o responsável, o imobiliário nacional não deverá registar grandes quedas de preço nos próximos meses, tendo em conta que “Portugal continua a ser um destino de excelência” e suscita interesse dos investidores internacionais.
“Portugal continua a ser um destino de excelência”, assegurou, salientando que os “mediadores não puderam fazer o seu trabalho e ficaram confinados, a ver qual era a situação. A pandemia em Portugal não teve efeitos significativos”, defendeu.
“Tenho conhecimento de que há países que, desde que isto abrande [a pandemia], têm cidadãos interessados em investir”, destacou Reis Campos.
“Sempre fui contra o clima excessivo em torno dos preços, com a especulação que existe em Lisboa e no Porto”, referiu, ressalvando que a queda dos preços não se vai verificar em grande escala. Ainda assim, isto “não quer dizer que não haja negócios de oportunidade, com estabilização do preço, como já havia nos últimos meses do ano passado”, rematou.
Reis Campos recordou ainda que o sector do imobiliário e construção estava, em 2019, “num novo ciclo de crescimento”.
Os concursos de obras públicas promovidos em 2019 totalizaram 3.992 milhões de euros, reflectindo um aumento de 50% face a 2018, sendo este o maior aumento homólogo desde 2011, segundo indicam dados divulgados pela AICCOPN em Janeiro.
As obras de construção e reabilitação de edifícios habitacionais licenciadas pelas câmaras municipais no ano passado "registaram uma variação de 9,4%, face ao ano precedente, para 16.461, com o número de fogos licenciados em construções novas a totalizar 23.737, em resultado de um crescimento homólogo de 17,2%", indicou a entidade, em Fevereiro.
Reis Campos recordou que, durante o confinamento, as infraestruturas não pararam, “tal como a manutenção de edifícios, redes de águas, saneamento, comunicação e electricidade”.
“E temos a certeza que se o sector não trabalhasse era uma desgraça absoluta”, tendo em conta que representa 493 milhões de euros de massa salarial mensal, salientou.
O presidente da AICCOPN reconheceu que o investimento privado sofreu com a crise, registou “correcções, há obras paradas, suspensas”, algo que no sector público “não se notou tanto”.
Reis Campos destacou ainda a necessidade de mão-de-obra no sector, que pode ajudar a absorver algum desemprego. “Estamos numa situação privilegiada para admitir trabalhadores”, vincou.
Para o dirigente associativo é ainda fundamental executar programas como o PETI 3+ ou o Portugal 2020, que podem ser um balão de oxigénio para o sector. “Precisamos de dar corpo ao que é importante, a obras pequenas e médias, à remoção de amianto, bem como aquelas na área do ambiente, energia, alterações climáticas, saúde, reabilitação urbana”, de maior dimensão, sublinhou.
“Durabilidade é a palavra-chave do futuro da construção. Estamos sempre a falar de preços e temos de ter preços de referência no sector. Não podemos ter preços que depois dão origem a concursos desertos, que não atingem valores de competitividade. O sector precisa de capacitar as empresas e os trabalhadores, bem como os engenheiros e as universidades”, concluiu o presidente da AICCOPN.
LUSA/DI