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Entrevistas

Johan Stevens, director geral da Sanitop e presidente da FEST

A atual crise obrigou a acelerar o processo de transição energética

22 de setembro de 2022

Johan Stevens, diretor geral da Sanitop e presidente da FEST - Federação Europeia de Comércio de Equipamentos Sanitários e Climatização, que representa associações de 15 países e que em Portugal é representada pela APCMC – Associação de Comerciantes de Materiais de Construção, encontra-se em Portugal para o congresso da Federação, com realização bianual, que está a decorrer este ano em Lisboa, no Hotel Tivoli Avenida, até 24 de Setembro.

Em entrevista, o responsável admite que uma das situações que se verifica atualmente, é que a falta de mão de obra está a ser uma grande dificuldade no nosso setor. 

De que forma é que a atual situação de aumento de preço e escassez de materiais de construção está a ter impacto na situação do setor mas também das empresas de distribuição?

Apesar do contexto atual, de grande incerteza e volatilidade, 2022 está a ser um ano positivo para o nosso setor. No entanto, toda esta situação tem obviamente impacto para todos os distribuidores, nomeadamente num maior desafio em garantir stock disponível, bem como no aumento dos custos nas suas empresas. Estamos conscientes de que no início do próximo ano teremos um abrandamento do crescimento do setor.

No que diz respeito à escassez de produtos, ela tem obrigado a um aumento do valor de stock, para assegurar o mesmo nível de serviço junto dos clientes.

Está a ser estudada alguma estratégia a nível dos países europeus de forma a resolver esta situação, alterando a dependência de certos mercados, como é o caso dos asiáticos? Quais são os grandes objetivos da FEST?

Esta temática é tão importante que será um dos assuntos que irá ser abordado no Congresso da FEST. A pandemia colocou em causa o conceito do just in time e parece-nos obvio que a maior parte dos fabricantes vão trazer de volta a produção para o contexto europeu – reindustrialização europeia.

E, aqui, existe uma boa oportunidade para Portugal, uma vez que vai permitir captar este tipo de investimentos.

Outra tendência neste contexto vai ser a economia circular, temática que já é debatida dentro da própria FEST, num grupo de trabalho criado especificamente para o efeito.

Um dos grandes temas do congresso é o impacto que a atual conjuntura internacional tem em relação à experiência do cliente. Na sua opinião, o que mudou e como pode o setor adaptar-se às novas tendências do consumo?

A pandemia veio acelerar tendências que já existiam no mercado, nomeadamente na digitalização. Atualmente já não existe o dito “cliente normal”. Existem vários perfis de clientes, com diferentes comportamentos. Por isso, é importante existir uma nova mentalidade, com foco nos diferentes tipos de clientes. Temos de identificar as várias etapas do customer journey e transformá-la. Para além disto, é ainda necessário haver um enfoque nos colaboradores, pois são eles que proporcionam uma experiência de excelência aos clientes.

Quais as suas perspetivas sobre o futuro do mercado dos materiais de construção?

A atual crise obrigou a acelerar o processo de transição energética. Este contexto trouxe consigo a oportunidade de introdução de novas soluções com potencial de crescimento, mais sustentáveis e eficientes, adaptadas a esta nova realidade.

Outra situação que se verifica atualmente, é que a falta de mão de obra está a ser uma grande dificuldade no nosso setor. Esta situação está a trazer uma nova necessidade de inovação, nomeadamente com a oferta de soluções pré-fabricadas.

Qual é o balanço que faz da presidência portuguesa da FEST?

Esta foi a primeira vez que Portugal presidiu à FEST, desde a sua fundação em 1963, tendo sido uma honra o desempenho deste mandato. Os presidentes que antecederam o meu mandato criaram os recursos e uma nova estratégia. Durante o meu mandato, tivemos a responsabilidade de implementar essa estratégia, nomeadamente com o EMDG – European Master Data Guideline – uma norma europeia que uniformiza a transição de dados entre os stakeholders  do mercado, a criação de vários grupos de trabalho, o aumento da eficiência na cadeia de distribuição, a sustentabilidade, a regulamentação europeia de produtos e estatísticas de mercado. Tudo isto culmina no Congresso que vamos realizar em Lisboa, de 22 a 24 de setembro.

Entrevista de Elisabete Soares Saraiva

*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico