Promoção imobiliária em Espanha recua
O aumento dos custos de produção, a alta da taxas de juro, a incerteza suscitada pela elevada desaceleração económica e a guerra na Ucrânia tem levado à diminuição da promoção de novas habitações no país vizinho.
No ano passado, as empresas de promoção solicitaram 108.000 novas licenças de construção, de acordo com dados do Ministério dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana revelados pelo periódico Cinco Dias, e cerca de 95.000 casas foram concluídas.
A associação de Promotores Imobiliários de Madrid, Asprima, estima esta contracção entre 95.000 e 100.000 licenças de construção, uma estimativa que mantém para 2023.
"Até 2024 devemos estar a recuperar uma taxa de produção mais consentânea com as necessidades da procura", disse Carolina Roca, presidente da Asprima ao periódico espanhol.
Por sua vez, a empresa de consultoria Colliers estima uma queda de 12% nas licenças de construção este ano e uma queda de cerca de 11% nas casas acabadas.
Por sua vez, Juan Antonio Gómez-Pintado, presidente da associação patronal espanhola de promotores APCE e fundador da empresa imobiliária Vía Ágora, estima que uma “produção saudável” será o dobro da existente neste momento, “para atingir 180.000 a 200.000 casas por ano",
Recorde-se que em 2006, no ano anterior ao rebentamento da “bolha imobiliária” e bancária que atingiu Espanha, o número de pedidos de licenças de construção atingiu 865.561 novas habitações, quase 10 vezes mais do que actualmente. O sector abrandou nos anos seguintes, com um mínimo de 34.000 casas em 2012 e 2013.
A empresa Roca, líder no mercado de materiais sanitários, concorda que a oferta saudável do sector deveria atingir 200.000 casas por ano, a uma taxa de quatro casas por 100.000 habitantes, em linha com o de outros países europeus.
Não obstante o aumento das taxas de juro e, em particular, da Euribor, as principais empresas de promoção questionadas pelo Cinco Dias não se mostram excessivamente preocupadas a não ser no mercado das habitações destinadas a uma camada social média-baixa, embora reconheçam que as vendas deverão abrandar. Razão desse não pessimismo é o facto da oferta nas grandes cidades de Espanha ser escassa face às necessidades da procura.