Principais mercados imobiliários dos EUA com forte crescimento
O mercado imobiliário dos EUA está a atravessar um período dinâmico, com os compradores estrangeiros a beneficiarem do enfraquecimento do dólar, que lhes permite poupar cerca de 9,8% ao adquirir propriedades de primeira linha em Nova Iorque, em comparação com os preços de Janeiro de 2023. No entanto, os preços continuam a subir, e com um milhão de dólares, em Manhattan, os compradores apenas conseguem adquirir 34,2 metros quadrados, mostrando assim a pressão num dos mercados imobiliários mais procurados do mundo.
Embora os americanos aguardem uma nova descida nas taxas de juro por parte da Reserva Federal, acreditam que logo após as eleições de 5 de Novembro, o volume das vendas no mercado volte a subir. Desde o início de Julho até ao dia das eleições há um abrandamento, mas haverá uma libertação de produto imobiliário no dia seguinte às eleições. Lê-se no mais recente relatório - o US Residential Market Insight - da imobiliária Knight Frank, da qual a portuguesa Quintela e Penalva é parceira desde 2021, e que analisa o mercado residencial americano no terceiro trimestre de 2024.
Nova Iorque com mais oferta no mercado
Segundo o relatório da consultora, Manhattan é um dos poucos mercados onde o número de apartamentos à venda está a aumentar. Actualmente, existem mais de 8.000 apartamentos para venda, o que representa um aumento em relação à média dos últimos 10 anos, que era de cerca de 7.000. Este aumento estabilizou o volume de vendas, que registou uma descida de apenas 0,7% nos três primeiros trimestres de 2024, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, os preços estão a estabilizar, com valores médios apenas 1,1% inferiores aos registados no mesmo período.
Embora ainda moderados, os mercados de valor mais elevado tiveram um desempenho superior, uma vez que os compradores utilizaram o dinheiro para evitar contrair dívidas a taxas superiores a 6%. Um número recorde de 68% das transacções, em Manhattan, foram financiadas em dinheiro durante o primeiro trimestre, acima da média de longo prazo de cerca de 50%.
O cenário do mercado de arrendamento em Nova Iorque é igualmente notável, com as rendas a aumentarem 57% desde o primeiro trimestre de 2020, o que eleva o custo de vida na cidade e representa um desafio para os novos inquilinos.
Palm Beach – Flórida vive boom
Já Palm Beach está a viver um verdadeiro boom, com os valores das propriedades de luxo a aumentarem impressionantes 112% nos últimos quatro anos, segundo o documento. Esta valorização é impulsionada por uma combinação de fatores, nomeadamente a chegada de nova-iorquinos e a crescente procura de imóveis de luxo.
O crescimento líquido da população de quase 250 mil pessoas que se mudaram para a Flórida em 2022 fez com que este Estado registasse o crescimento mais rápido desde 1957, resultando em aumentos sem precedentes nos preços das propriedades, em locais de prestígio. Em Palm Beach, os preços médios dispararam, embora o crescimento tenha começado a estabilizar devido ao aumento da oferta e à resistência dos compradores aos preços recordes.
Embora o mercado de luxo tenha registado uma desaceleração recente, com uma diminuição de 4,5% nos volumes de vendas nos últimos seis meses, a situação é mais um ajuste do mercado do que uma consequência do fim da pandemia. Os dados revelam que, enquanto a oferta de imóveis aumenta, a procura continua a superar as expectativas, o que sugere que o mercado de luxo em Palm Beach está longe de estagnar.
Enquanto as propriedades de luxo em Palm Beach se valorizam, o mercado também está a assistir a uma transformação na forma como os compradores interagem com as transações. A preferência por pagamentos em numerário tem aumentado, com muitos compradores a optarem por evitar dívidas com taxas de juro elevadas. Esta preferência é evidenciada pela tendência crescente de transações à vista, que demonstra a confiança dos investidores na resiliência do mercado.
Embora o cenário actual apresente desafios, como o aumento da oferta e a resistência aos preços, os especialistas acreditam que o mercado imobiliário de Palm Beach continuará a prosperar, impulsionado pela procura contínua e pela atractividade da região.
O imobiliário nas famosas montanhas de Aspen valorizou 67%
A Knight Frank indica ainda que, os desequilíbrios entre a oferta e a procura deverão manter-se na maioria dos mercados que registaram os maiores aumentos de preços e actividade durante a pandemia.
Entre o primeiro trimestre de 2020 e o terceiro trimestre deste ano, a Aspen registou um aumento de preços de 67,3%. Este tem sido um dos mercados mais críticos, que sofreu uma substancial reavaliação de preços para cima.
O mercado de Aspen pode ser dividido em três níveis, cada um com fatores diferentes, afirma Riley Warwick, cofundador da equipa de corretagem Saslove & Warwick da Douglas Elliman, com sede em Aspen. À semelhança de Miami, uma população permanentemente alargada significa que o mercado abaixo dos 10 milhões de dólares poderá enfrentar uma falta de oferta durante anos. Entre 10 e 25 milhões de dólares, as taxas de vendas diminuíram à medida que os compradores procuram valor após o forte crescimento recente dos preços.
A partir de 25 milhões de dólares, o inventário continua muito baixo para casas quase insubstituíveis. Os terrenos são limitados e a construção de casas por medida demora muitos anos, pelo que os compradores estão dispostos a pagar preços recorde.
“Demora cerca de um ano a projetar uma casa, outro ano para obter licenças, só depois é que se pode colocar uma pá no chão para iniciar o processo de construção de três a quatro anos”, acrescenta Warwick.
Dallas e Austin em ascensão
Outros mercados em ascensão não enfrentam os mesmos problemas de escassez de terrenos. Os promotores estão a aumentar a oferta de produto para habitação em Dallas e Austin para fazer face à procura dos novos residentes que se deslocaram para aproveitar os generosos incentivos fiscais.
Dallas está a emitir licenças para cerca de 40.000 casas por ano, o que representa um aumento em relação aos anos anteriores, mas não será suficiente para satisfazer a procura dos 150.000 a 160.000 novos residentes que se mudam para a cidade todos os anos, afirma Concho Minck, director executivo de vendas da Douglas Elliman, Dallas Fort Worth.