Portugal já utiliza o ciclo de vida do alumínio a 100%. Da sucata para a reciclagem e a uma nova utilização
No dia em que se comemora o Ambiente, trazemos uma boa notícia. Já se pode reutilizar o alumínio que se desperdiça e todo o processo é realizado em Portugal. A APAL - Associação Portuguesa do Alumínio, revela que este sector acompanha as preocupações ambientais e está na linha da frente na procura de soluções que ajudem a tornar a indústria do alumínio cada vez mais sustentável. Agora já é possível aproveitar o alumínio no seu fim de vida, reciclá-lo e voltar a utilizar, sem perder a sua qualidade, durabilidade e eficácia. Um processo 100% realizado em Portugal.
Um sector que segundo Rui Sampaio Abreu, presidente da APAL, tem um peso muito grande na economia nacional, avançando ao Diário Imobiliário, que o volume de exportação dos Associados da APAL em 2022 foi de 40% (representam aproximadamente 90% do mercado). Actualmente, cerca de oito as empresas nacionais fazem a extrusão e fundição do alumínio. "Ter o processo todo em Portugal ajuda a minimizar o impacto ambiental", garante Rui Sampaio Abreu. Nem se trata do custo final do alumínio, porque o quilo do alumínio reciclado ou primário é igual, o ganho está na diminuição de CO2 na sua produção.
O responsável avança ainda que os números demonstram o impacto do alumínio na libertação de CO2 por Kg de Alumínio produzido:
- Produção na China com energia do carvão: 20kgCO2 / Kg Al
- Média Mundial: 17KgCO2 / Kg Al
- Média Alum. Importado pela a Europa: 11KgCO2 / Kg Al
- Média produção na Europa 6,7KgCO2 / Kg Al
- Produção Alumínio Reciclado: 0,5KgCO2 / Kg Al*
*usando Gás Natural
- O Sector da Construção representa 50% da produção de Extrusão de Alumínio.
- 50% é a percentagem Alumínio Reciclado que temos que chegar para ajudar a Europa a atingir a neutralidade de carbono em 2050.
O presidente da APAL, revela também que o sector da construção é um dos que mais utiliza o alumínio. Muitos edifícios estão a ser renovados para terem a classe A e muitos já vão utilizar o seu antigo alumínio reciclado. "Existem muitos promotores que têm como condição utilizar nos seus projectos, alumínio reciclado".
Outro grande passo nesta indústria é a utilização de hidrogénio verde e que já está em fase de experimentação. O que significa uma combinação perfeita para tornar a indústria do alumínio cada vez mais amiga do ambiente.
Aumento da reciclagem de alumínio pode evitar até 39 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano até 2050
De recordar que o plano Estratégico da Associação Europeia do Alumínio, European Aluminium´s 2050, prevê que o aumento da reciclagem de alumínio pode evitar até 39 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano até 2050, reduzindo a dependência de importações da Europa, podendo gerar cerca de seis mil milhões de euros por ano para a economia europeia.
De acordo com o relatório, as características do alumínio como material circular e permanente, capaz de ser reciclado sem perder as suas propriedades originais tornam-no um recurso vital para uma economia circular e neutra para o ambiente, tornando-se no material do futuro para os setores da construção, automóvel, embalagem. As taxas de reciclagem do alumínio estão entre as mais elevadas em comparação com outros materiais, na Europa, as taxas de reciclagem são superiores a 90% nos setores automóvel e da construção e 75% para as latas de alumínio.
Segundo as previsões da Associação Europeia do Alumínio, a reciclagem do alumínio poderá reduzir as emissões em 37% até 2030 e 46% até 2050, o equivalente a evitar 39 milhões de toneladas de emissões de CO2 por ano. O relatório prevê, ainda, que com um volume crescente de sucata acessível na Europa, a reciclagem de alumínio em fim de vida pode crescer para um mercado de 12 mil milhões de euros até 2050, permitindo que a indústria do alumínio apresente uma oportunidade para a economia circular, pois através da utilização do alumínio nos diversos produtos, estes atingem o seu tempo de vida útil máximo.
Actualmente, a utilização do alumínio é de 13,5 milhões de toneladas, principalmente no sector automóvel onde o alumínio é utilizado para componentes como rodas, chassis e caixas de bateria, como resultado o relatório refere que há agora quase o dobro de alumínio na economia para cada cidadão europeu do que havia há duas décadas.
De acordo com Rui Sampaio Abreu, “este investimento na indústria da reciclagem de alumínio favorece o surgimento de uma verdadeira economia baseada na circularidade, na sustentabilidade, numa economia com futuro. Os desafios que nos aparecem pela frente são gigantescos, mas que os temos de ultrapassar, e a indústria do alumínio e a sua infinita reciclagem já está preparada e com um caminho muito bem definido. Nós já estamos a fazer a nossa parte”.
Onde a utilização do alumínio continuará a crescer, será no sector automóvel uma vez que a leveza e outros benefícios que o alumínio proporciona são importantes para os veículos eléctricos, e no sector da embalagem onde irá melhorar a taxa global de reciclagem de embalagens e esforçar-se por reciclar 100% das latas de bebidas até 2030.