Na busca incessante de objetivos e de oportunidades, onde me encontro nesse caminho?
Quero deixá-lo(a) descansado(a) e gerir expetativas, não, este artigo não é sobre decisões de início de ano ou definição de objetivos!
Normalmente, quando começam os anos civis, debruçamo-nos em artigos de opinião e/ou diversos posts, sobre temas muito alusivos a: mudanças (hábitos, estilos de vida, profissionais, etc), fórmulas de sucesso, objetivos (definição e importância), tendências e previsões de todo o género para o ano corrente (de extrema importância), entre outros temas que são quase um clichê por esta altura.
Janeiro, é um mês de inícios sem dúvida, até porque estamos no início de um ano civil, porém, poderia ser um mês como outro qualquer e será sempre uma continuidade do caminho que foi feito lá atrás.
Percorremos um caminho continuo de crescimento e desenvolvimento individual, que se faz na estrada da vida. Um caminho que tem muitas pedras, muitas curvas e contracurvas, sinais de stop ou simplesmente não tem qualquer indicação de qual a direção a seguir, quase como se estivéssemos numa bifurcação!
Falo-lhe de um aspeto essencial: do autoconhecimento e da aceitação!
É um facto que, as relações são o que dão propósito e significado às nossas vidas. Somos seres sociais, vivemos de, para e com os outros. No entanto…
Até que ponto somos realmente genuínos?
Até que ponto mostramos as nossas vulnerabilidades?
Na sua definição, vulnerabilidade remete-nos para a fragilidade e para a fraqueza, o que é interessante uma vez que somos todos humanos e, como tal, suscetíveis a qualquer uma destas expressões!
Estudos realizados, demonstraram que as pessoas que exibem menor vulnerabilidade, fazem-no por vergonha ou medo, isto é, por pensarem “eu não sou bom o suficiente” lutando pela sua dignidade.
Por outro lado, pessoas que têm coragem de ser imperfeitas, têm compaixão por si próprias, antes de a terem pelos outros (não podemos ter compaixão pelos outros se não a tivermos primeiro connosco) e conseguem relacionar-se, como o resultado desta sua autenticidade (real ou verdadeira), ou seja, abdicam daquilo que podiam ser, para ser apenas aquilo que realmente são.
Assim, se por um lado a vulnerabilidade é o centro da vergonha e do medo, por outro lado, também é uma fonte de alegria, criatividade, integração e amor.
Numa frase, comecemos por aceitar-nos como realmente somos, seja com o que designamos de defeitos ou virtudes e aprendamos a aceitar quem realmente somos. Aprendamos a gostar da versão que temos hoje.
Vivemos num mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible) em que a tomada de decisão, é muitas vezes ao minuto, em que não sabemos se essa decisão se poderá manter por algum tempo pois a mudança de contexto, preferências e outras circunstâncias são o mais certo que temos. Mas mesmo vivendo num mundo vulnerável, tentamos constantemente insensibilizar a vulnerabilidade e tornar certo o que é incerto. Porque será?
Ora, quando insensibilizamos sentimentos fortes, insensibilizamos também os afetos e as emoções e no final, onde está o propósito e o significado?
Existe, por outro lado, uma tendência de exigirmos competências e/ou características nos outros que muitas vezes não identificamos em nós. Não é julgamento, longe de o ser até porque nada há aqui para julgar, apenas sublinhar o autoconhecimento e a importância do mesmo no relacionamento com o próximo.
O nosso passado é património, não é uma arma de arremesso ou uma sombra, pelo contrário!
Somos o resultado de muitas das nossas experiências, entre valores, crenças e educação, etc., mas sintonizarmo-nos com valores que fazem sentido individual, tem a vantagem de galvanizar recursos, promover a robustez psicológica e responder a uma necessidade humana que se situa acima de todas as outras, segundo Abraham Maslow, a de auto-realização. Por ela, fica-se disposto a mover montanhas. É preciso, no entanto, saber o que se quer ou dá gozo, pois refletir sobre como lá chegar requer uma boa dose de empenho e de auto-controlo.
Num pequeno resumo, diria o seguinte:
· Ponto de partida: Eu-real (autoconhecimento e aceitação)
· Ponto de chegada: Eu-ideal (caminho de crescimento e mudança em pequenos passos.
· Comparação com os outros: Competências e características que possam ser almejadas, sem perder a sua individualidade, sem perder a sua identidade e a sua essência.
Tal como no batimento cardíaco, também a normalidade da vida é feita de altos e baixos. Nada acontece numa linha reta e perfeita. O erro é uma parte inevitável da condição humana. Aceitar o erro com resiliência e de forma construtiva, também proporciona inovação, crescimento e outras formas de trabalhar para um resultado diferente.
A prática da aceitação pode contribuir significativamente para o bem-estar emocional e a resiliência, permitindo que as pessoas enfrentem desafios com uma mentalidade mais positiva e construtiva.
Um livro que em tempos li ao meu filho, trazia uma mensagem muito bonita que gostaria de aqui deixar. O Grande Panda perguntou “o que é mais importante: a viagem ou o destino?” e o Pequeno Dragão respondeu: “a companhia”.
Susana Alves
Psicóloga-coach, consultora, formadora e Docente de Gestão de Recursos Humanos do MBA em Gestão Mediação Imobiliária na ESAI
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico