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Municípios preocupados com fogos florestais aguardam que novo Governo tome decisões

Imagem de Enrique no Pixabay

Municípios preocupados com fogos florestais aguardam que novo Governo tome decisões

27 de maio de 2025

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) propôs que as câmaras municipais possam assumir, de forma mais expedita, a posse de terrenos privados em risco de incêndio para os limpar, mas a medida dependerá do novo Governo.

Na sequência dos incêndios rurais e florestais de Setembro de 2024, a ANMP propôs ao Governo, no mês seguinte, um conjunto de medidas com vista a “promover e adoptar, com celeridade, as alterações estruturais e as medidas preventivas que a situação impõe, para minimização da ocorrência” de fogos.

O objectivo era também promover “a segurança dos cidadãos e a reposição da confiança nas instituições”.

Entre as medidas a merecer “especial atenção”, a associação presidida por Luísa Salgueiro (PS) propôs, no capítulo da autoridade do Estado, “dotar as câmaras municipais de instrumentos legais e administrativos para assumirem a posse dos terrenos privados com matos e/ou floresta mal estruturada onde haja risco de incêndio”.


Ilustração Freepik


O objectivo, acrescenta-se no documento, visa que se tomem “medidas operacionais e de diminuição do risco, no caso de incumprimento por parte dos privados”.

Questionada sobre que resposta obteve a ANMP a esta proposta, fonte oficial referiu que “esta matéria não teve desenvolvimento, pelo que, de momento”, não pode “tecer considerações”.

No Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050, apresentado pelo Governo em 21 de Março, no capítulo do “aumento da resiliência aos incêndios”, prevê-se nas metas e indicadores de realização “alterar/rever legislação que permita ao Estado uma intervenção mais célere na realização de acções de gestão de combustíveis em propriedade privada”, apontando-se como entidade responsável o Ministério da Justiça.

Em resposta à Lusa, o gabinete da ministra da Justiça, Rita Júdice, explicou que o plano para a floresta "foi aprovado nos últimos dias anteriores à queda do Governo" e, em relação à intervenção do ministério, "dado estar com poderes limitados", caberá ao próximo executivo concretizar "as medidas aprovadas".


Luisa Salgueiro (PS) - Presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP)


Ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) ficou cometido “concretizar programa de infraestruturação de 42.000 ha [hectares] de rede primária de faixas de gestão de combustível, entre 2025 e 2026”, de 66.000 ha entre 2027 e 2032, e promover a “gestão e manutenção de 322.000 ha” entre 2027 e 2050, além da gestão e manutenção de faixas de gestão combustível de 55.556 ha/ano, definidas no âmbito do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR).

O documento prevê ainda “reforçar a capacidade de intervenção das autarquias”, das comunidades intermunicipais e das organizações de produtores florestais “na gestão de combustíveis e beneficiação e manutenção de rede viária florestal”.

A ANMP, nas propostas que apresentou ao executivo, defendeu ainda “aumentar a capacidade de fiscalização do ICNF ao nível da floresta, em especial para agir no que respeita às ações e usos não licenciados” e a clarificação das responsabilidades da GNR/Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (Sepna) “no que respeita às áreas rurais e florestais”, para “agir em estreita ligação com o ICNF e câmaras municipais”.

Os municípios querem também “enquadrar na legislação a obrigatoriedade de os proprietários prestarem uma caução/garantia junto das câmaras municipais na fase prévia às acções de corte e transporte de material lenhoso”, com o objectivo de assegurar o cumprimento “da limpeza dos produtos sobrantes (altamente inflamáveis)” – logo após o termo do corte – para “local afastado de povoamentos florestais e de edificações” e “do bom estado de conservação das estradas e caminhos municipais, florestais e rurais”.

A ANMP advogou a “elaboração de uma nova carta de perigosidade que tenha em conta a realidade do território”, com a participação dos municípios no processo, a definição do “mecanismo de apoio financeiro” dos “investimentos previstos nos programas municipais de execução”, e a dotação dos municípios de recursos financeiros suficientes para executarem as suas competências, nomeadamente ao nível da silvicultura preventiva (rede secundária).

Nas duas dezenas de propostas consta também o reforço da “capacidade de vigilância e dissuasão através da presença da autoridade na floresta”, incluindo as Forças Armadas, nomeadamente o Exército e a Força Aérea para acções de reconhecimento em períodos de risco e de combate aos incêndios”, com mecanismos de accionamento que permitam uma acção em tempo próximo ao das ignições.

Outras medidas passam pelo aumento da rede estruturante de corta-fogos (rede primária) e universalização da “videovigilância das áreas de risco de incêndio rural”, reforço de recursos humanos e técnicos do processo do cadastro da propriedade, bem como o redimensionamento da propriedade rústica, criando incentivos ao emparcelamento.

Lusa/DI