Inês Vieira Rodrigues conquista 18.ª edição do Prémio Fernando Távora de Arquitectura
A arquitecta Inês Vieira Rodrigues conquistou a 18.ª edição do Prémio Fernando Távora com a proposta “Viagem às arquitecturas energéticas insulares”, pela “capacidade de entender a dimensão política, estratégica e social das infraestruturas”.
A proposta de Inês Vieira Rodrigues foi distinguida pelo júri, por unanimidade, pelo trabalho se destacar pela acutilância do seu objecto — a produção, transporte e consumo de energia — e pela capacidade de entender a dimensão política, estratégica e social das infraestruturas que lhe dão suporte, explicou em comunicado a Secção Regional do Norte da Ordem dos Arquitectos (OASRN), organizadora do prémio.
“Ao convocar a arquitectura para a percepção de obras como geradores eólicos, barragens, centrais geotérmicas e infraestruturas de transporte de energia, a proposta contribuiu para uma outra consciência das acções humanas. A escolha dos Açores e da Islândia como lugares para essa descoberta é particularmente feliz, na medida em que o problema da autosuficiência energética é enfrentado pela raiz e o impacto das obras de arquitectura na paisagem aferido à escala das várias ilhas”, sublinhou ainda.
Para a concretização da proposta, Inês Vieira Rodrigues receberá uma bolsa de viagem no valor de seis mil euros, sendo que a conferência de apresentação do resultado desta viagem vai realizar-se em Abril de 2024, na data de lançamento da 20.ª edição do Prémio Fernando Távora, sublinhou a organização.
Um percurso internacionalizado
Natural de Tomar, no distrito de Santarém, Inês Vieira Rodrigues é mestre em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (2012), com a dissertação intitulada Rabo de Peixe – sociedade e forma urbana, publicada em 2016 pela Editora Caleidoscópio.
Inês Vieira Rodrigues trabalhou durante mais de sete anos em escritórios de arquitectura, em Portugal e França, onde integrou a equipa dos DDA architectes (2015-2016) onde trabalhou no restauro e na conservação da Villa E-1027, de Eileen Gray e Jean Badovici e na manutenção das Unités de Camping, de Le Corbusier (em Roquebrune-Cap-Martin), obras que integram o património francês do século XX, destaca a OASRN no comunicado.
Desde 2020, é Bolseira de Investigação para Doutoramento – FCT e investigadora integrada no Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo (CEAU-FAUP), no grupo de investigação Morfologias e Dinâmicas do Território (MDT), onde desenvolve o seu estudo sobre o território dos Açores.
A OASRN explicou ainda que, perante “a qualidade das propostas, da relevância e actualidade dos seus temas”, e de acordo com o regulamento, o júri decidiu atribuir duas menções honrosas, à proposta de Luis Duarte Ferro – “Silêncios loquazes: a cultura por vir” – e de João Carlos de Almeida e Silva - “A presença da Eva. À procura de casas que foram brindes publicitários”.
A proposta de Luis Duarte Ferro, de visita à arquitectura de antigos mosteiros cartusianos, “reclama o silêncio como uma condição capaz de gerar formas e modos de agir que faltam na arquitectura e na sociedade contemporânea”.
Já a proposta de João Carlos de Almeida e Silva propunha-se visitar as obras construídas entre 1933 e 1971 na sequência do sorteio de Natal da revista de bordados Eva: Jornal da Mulher e do Lar.
“A viagem a essa memória é um modo de sublinhar a importância da casa e, sobretudo, a capacidade de uma revista popular envolver a arquitectura com toda a sociedade”, destacou a OASRN.
O júri
O júri da 18.ª edição foi presidido pelo arquitecto André Tavares (indicado pela OASRN), por Maria João Seixas (nomeada pela OASRN enquanto figura de relevo cultural externa ao campo disciplinar da Arquitectura), pelo arquitecto José Bernardo Távora (indicado pela Fundação Marques da Silva), pelo arquitecto Pedro Baía (indicado pela Casa da Arquitectura) e por Francisco de Tavares e Távora Pereira Coutinho (designado pela família do arquitecto Fernando Távora).
O prémio lançado em 2005 é organizado pela OASRN em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Casa da Arquitectura, a Fundação Marques da Silva, contando com o patrocínio, nesta 18.ª edição, da Ageas Seguros.
O galardão, anual e nacional, que premeia a melhor proposta de viagem, surge como homenagem ao arquitecto Fernando Távora que, enquanto arquitecto e pedagogo, foi uma influência para sucessivas gerações de arquitectos, destaca a organização.
Lusa/DI