Imobiliário continuará a ser o investimento mais seguro para 2023
Para Rafael Ascenso, Director Geral da Porta da Frente Christie’s, quem tem hoje poupanças disponíveis não há melhor solução do que retirar o dinheiro do banco e investir em imobiliário. Na sua opinião, um investidor ou família com um milhão de euros disponíveis, com uma inflação de 10% anual, vai perder 8.333 euros por mês se não aplicar este montante num activo rentável.
No entanto, a maioria dos portugueses vive com um orçamento mensal sem folgas. Uma inflação de 10%, representa menos 100 euros por mês por cada 1000 euros de rendimento. Se somarmos a isso o aumento das taxas de juro que não só se reflectem na prestação da casa mas também na do carro, chegamos à conclusão que uma família com um rendimento disponível médio de 2500,00 euros/mês e um empréstimo à habitação, de repente fica com menos 500 euros a 600 euros por mês. E estes são os agentes que não vão procurar casa tão cedo e reduzem a procura.
Que balanço faz do mercado imobiliário de 2022?
2022 tem sido um ano muito positivo e de grande dinâmica, com um crescimento acentuado, tato em vendas como em arrendamentos) face ao ano passado (mais 76%). Estes dados mostram-nos que, apesar da guerra e de um pós-pandemia, o imobiliário é o investimento mais seguro e rentável. E que Portugal, pelas suas características, tem conseguido atraír cada vez mais investidores estrangeiros, e manter uma tendência de crescimento em contraciclo com outros mercados como o Americano e o Sueco.
A verdade é os compradores internacionais, vêem no país muitos atractivos para investir e viver. Qualidade de vida, clima ameno, facilidade de integração, segurança e custo de vida que continua a ser dos mais baixos da Europa.
Com a implementação do trabalho remoto nos últimos dois anos, um cidadão com um salário de um país mais rico, como por exemplo os americanos, vive incomparavelmente melhor aqui do que no seu país de origem. Clientes com uma condição económica elevada optam por estabelecer-se em Portugal para poder viver uma vida com muito mais qualidade, focada no bem-estar, e com custos muito inferiores.
Somos um país estável e não violento, onde não há tensões raciais nem qualquer tipo de conflito religioso, político ou extremismo, que são problemas que afectam grande parte dos países que nos têm procurado como os americanos, franceses e suecos. E todos os anos há nacionalidades que “nos descobrem”. Em 2022, tivemos uma procura muito acentuada por parte de americanos que escolhem estabelecer-se no nosso país. O cenário de guerra actual também trouxe vários clientes russos que fugiram ao regime e igualmente ucranianos, por verem em Portugal um porto seguro para as suas famílias.
Quais os desafios que mais afectaram o mercado?
O panorama de guerra internacional teve inevitavelmente impacto no mercado, trazendo um volume considerável de cidadãos russos e ucranianos para o país que precisavam de habitação imediata. No mercado de arrendamentos, por exemplo, onde já existia escassez de produto, essa elevada procura originou a que algumas casas ficassem no mercado menos de 24 horas.
Embora no segmento onde operamos, no médio alto e alto, uma boa parte dos negócios não recorram a crédito, a contínua subida da inflação e taxas Euribor tem impacto nas decisões dos compradores e investidores.
O que se pode esperar para 2023?
Acreditamos que o imobiliário continuará a ser o investimento mais seguro para 2023. Contudo, teremos efeitos opostos sobre o mercado de acordo com o desafogo financeiro das famílias.
Para quem tem hoje poupanças disponíveis não há melhor solução do que retirar o dinheiro do banco e investir em imobiliário. Imaginemos um investidor ou família com um milhão de euros disponíveis, com uma inflação de 10% anual, vai perder 8.333 euros por mês se não aplicar este montante num activo rentável. O mesmo acontece com os estrageiros que têm o mesmo problema de inflação, e que encontram em Portugal um mercado imobiliário maduro a um preço muito inferior aos seus países de origem. Estes são os agentes que fazem aumentar a procura.
Mas, infelizmente, a maioria dos portugueses vive com um orçamento mensal sem folgas. Uma inflação de 10%, representa menos 100 euros por mês por cada 1000 euros de rendimento. Se somarmos a isso o aumento das taxas de juro que não só se reflectem na prestação da casa mas também na do carro, chegamos à conclusão que uma família com um rendimento disponível médio de 2500,00 euros/mês e um empréstimo à habitação, de repente fica com menos 500 euros a 600 euros por mês. E estes são os agentes que não vão procurar casa tão cedo e reduzem a procura.
Qual destas duas forças contrárias vai ter mais impacto no mercado? Os agentes que têm disponibilidade para investir, e fazem-no, em princípio, no mercado médio alto e alto. É por isso de esperar que estes não sejam afectados e continuem com a dinâmica dos últimos anos. Muito impulsionados também pelos estrangeiros que acreditamos continuem a chegar de diferentes geografias.
Os mercados médio e médio baixo, é possível que se venham a ressentir se a inflação se mantiver alta por muito tempo, e se os rendimentos das famílias não acompanharem.