França: Governo quer alienar 22 milhões de m2 do Estado
O mercado imobiliário francês está em polvorosa. Por um lado, lá, como cá, assiste-se a uma carência enorme de habitação para as classes baixas e médias, com as consequências sociais que tal situação acarreta. Por outro lado, o Governo do Presidente Emmanuel Macron anunciou a intenção de reduzir em 25% a superfície ocupada pela sua administração, através da venda maciça das suas instalações e edifícios. Uma venda que a ser concretizada, aos preços actuais, equivaleria à soma colossal de 17,5 mil milhões de euros.
Em entrevista este domingo ao jornal La Tribune Bruno Le Maire, ministro francês da Economia, e Thomas Cazenave, ministro francês das Finanças, explicaram que pretendem "reduzir em 25%" a superfície dos edifícios ocupados pelo Estado e pelos organismos públicos. Argumentaram que a medida é motivada pelo desenvolvimento do teletrabalho e por razões de eficiência energética. Mas a explicação mais prosaica parece residir no elevado défice público da França que se situa muito acima da média da UE-27 (83,7%), com um nível de dívida de 111,9% do PIB, ou seja, mais de 3 000 mil milhões de euros.
O argumentário governamental invoca também a racionalidade do espaço ocupado por trabalhador, adiantando: "Em média, os funcionários públicos ocupam 24 metros quadrados por trabalhador, contra 9 metros quadrados no sector privado", explica a DIE (Direction de l'Immobilier de l'État), organismo dependente da DGFiP (Direction Générale des Finances Publiques). O objectivo do executivo é reduzir a superfície disponível para 16 metros quadrados por funcionário. No total, isto representa 22 milhões de metros quadrados - 22 quilómetros quadrados, o equivalente a mais de 3.000 campos de futebol! - de escritórios que ficarão vagos em todo o país.
Esta perspectiva de curto ou médio prazo já pôs em campo, segundo a imprensa francesa, os “caçadores de pechinchas” em busca de terrenos para venda, escritórios, habitação, etc.... O website do Estado francês onde se encontram os imóveis públicos para venda já teve um aumento significativo de visitação diária...
As entidades governamentais francesas envolvidas nesta mega operação garantem que nem todos os imóveis serão vendidos. Alguns dos edifícios serão arrendados a outros utilizadores privados. Noutros edifícios, em que o Estado não é proprietário e é, portanto, inquilino, os contratos de arrendamento não serão simplesmente renovados.
O momento da operação parece, também, segundo os especialistas do mercado imobiliário francês, não o mais indicado já que os preços de mercado têm baixado e estão sob pressão em baixa, em grande parte devido aos custos de financiamento resultantes das altas taxas de juro.
No meio de um tal património a alienar é muito natural que surjam imóveis interessantes, pelas sua raridade ou localização. Desde que os compradores se mantenham atentos e conheçam bem os procedimentos a seguir.
Quartéis da gendarmaria, bases militares, antigas prisões, castelos, mansões privadas, moradias em territórios ultramarinos, casas de guarda-florestas, casas florestais, edifícios de escritórios, terrenos industriais...