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Portugal continua a despertar o 'apetite' de investidores internacionais

8 de junho de 2022

Fundada em 2008, a Hipoges é actualmente uma plataforma de referência no sector da gestão de activos, com mais de 45.000 milhões de euros em activos sob gestão. Estes activos incluem hipotecas residenciais e hipotecadas, empréstimos para promotores, empréstimos ao consumo não garantidos, empréstimos às PME e empréstimos de grandes empresas com garantias de vários tipos e facturas com a administração.

Além disso, a Hipoges também oferece aconselhamento sobre o processo de avaliação e compra, aconselhamento sobre design de processos e implementação de ferramentas de gestão, bem como soluções de gestão para vários activos e investimento. Conta com uma equipa de mais de 1.000 pessoas em quatro países (Portugal, Espanha, Grécia e Itália) e uma plataforma tecnológica avançada que permite estabelecer a estratégia de trabalho ideal em cada activo.

Luís Silveira, Director of Real Estate da Hipoges em Portugal, em entrevista ao Diário Imibiliário, revela que continuará a haver 'apetite' por parte dos vários investidores que vêem Portugal como uma plataforma credível de investimento e que acarretam com eles um sentimento de muita confiança no mercado imobiliário

Como analisa o mercado imobiliário português neste momento? Quais as suas potencialidades mesmo perante as consequências da pandemia e da atual situação da guerra na Ucrânia que tem vindo a afectar a economia mundial?

A pandemia veio mudar o conceito de casa porque aliado com a tecnologia permitiu transformar as casas em escritórios. Com essa nova dinâmica, a procura de espaços maiores e zonas exteriores foi, e é, uma realidade presente. No início da pandemia não conseguíamos prever como se iria comportar o mercado imobiliário, a verdade é que o mesmo demostrou uma grande maturidade e resiliência, não só continuando dinâmico, mas crescendo em termos de valores e procura.

Alguns segmentos do imobiliário em período de pandemia tiveram um abrandamento maior, nomeadamente o retalho, escritórios e turismo, mostrando-se actualmente a recuperar progressivamente.

Já o sector industrial e logístico vive um crescimento sem precedentes em Portugal, como o Residencial que continua a ser muito atractivo para compradores internacionais.

Tudo indica que o mercado irá continuar dinâmico e resistente, mas há que ter em conta alguns factores como custos de construção agravados pela crise na Ucrânia, falta de mão-de-obra, tendência em alta da inflação e aumentos dos montantes de crédito à habitação. Com estes factores haverá uma maior pressão na falta da oferta e, como consequência, a subida de preços em muitos dos mercados.

Que tipo de activos são mais atractivos em Portugal para a Hipoges?

A Hipoges faz a gestão de todo o tipo de activos, sendo que para cada um existe um plano e uma estratégia. Neste momento, e com a dinâmica imposta pelo mercado, os activos residenciais ou com potencial residencial são muito atractivos.

Qual o volume de activos sob gestão em Portugal? e quanto pretendem atingir nos próximos tempos?

O volume da Hipoges em Portugal ronda os sete mil milhões de activos sob gestão. O crescimento estará directamente relacionado com a oferta existente no nosso tipo de negócio, sendo que as novas linhas de negócio estão sempre na mira do crescimento. A diversificação do produto em tempos de escassez permite uma maior sustentabilidade do crescimento.

O mercado imobiliário português continua a ser apetecível para investidores internacionais?

O mercado imobiliário em Portugal continua a ser muito apetecível para os investidores internacionais, tendo algumas limitações devido à sua dimensão.

A resiliência demostrada em períodos pós-crise e pandemia aliado das alterações políticas (ex. Brexit) no espaço comunitário, tornaram Portugal um foco para o investimento imobiliário estrangeiro.

A localização e as condições do país, tais como, segurança, clima, gastronomia, turismo, entre outros, proporcionam um ambiente favorável ao investimento para diferentes tipos de investidores.

De acordo com a Consultora Savills, Lisboa foi considerada uma das 3 melhores cidades para nómadas executivos (trabalhadores remotos de longo prazo) e o Algarve ocupou o 4º lugar.

O que perspectiva para o mercado imobiliário português nos próximos tempos?

O futuro do mercado imobiliário em Portugal prevê-se que continue positivo com uma valorização contínua dos imóveis essencialmente provocada pela escassez de oferta, no entanto, hoje temos alguns indicadores considerados como red flags e que devem ser tidos em conta. Destacam-se os custos de construção, aumento anunciado das taxas de juros, inflação – parcialmente e/ou especulativamente provocada pelo conflito entre a Ucrânia e a Rússia – e ainda a tendência crescente de confinamento na China que parece fazer adivinhar outra onda de infeções por Covid-19.

Apesar da flexibilidade do mercado para se ajustar às restrições provocadas pela pandemia, a verdade é que as incertezas provocadas pelo conflito são transversais aos vários tipos de investidores, desde o institucional que quer construir em dimensão até ao particular que pretende comprar uma habitação com recurso a financiamento e verá o seu esforço aumentado.

No entanto, acreditamos que continuará a haver apetite por parte dos vários investidores que vêem Portugal como uma plataforma credível de investimento e que acarretam com eles um sentimento de muita confiança no mercado imobiliário, pelo que é expetável um aumento dos preços em vários mercados e em vários tipos de activos.