Da Farmácia para a hotelaria e imobiliário: Farmaka vai investir 35 milhões de euros em novos projectos
O cinco estrelas Corpo Santo Lisbon Historical Hotel, localizado no coração de Lisboa, tem sido um sucesso desde a sua inauguração em 2017, tendo ganho vários Prémios e distinções nacionais e internacionais. Com um conceito muito específico, a unidade hoteleira propriedade da distribuidora farmacêutica Farmaka, vai alargar o seu portefólio em Portugal, estando para isso previsto o investimento de 35 milhões de euros para novas unidades e ainda a entrada no mercado residencial turístico.
Entre as novas unidades hoteleiras em desenvolvimento, encontra-se uma no Porto, outra em Lisboa (na Doca de Santo Amaro), um edifício de Apartamentos na Rua Cor de Rosa e um Hotel em Luanda, tudo com aberturas previstas de 2022 a 2024.
Em entrevista ao Diário Imobiliário, Pedro Pinto, General Manager Corpo Santo Hotel, revela que existe uma tendência para menosprezar o destino maravilhoso que Portugal é como país e Lisboa como cidade e admite que a realidade porém é que o tecido empresarial tem trabalhado e continua a fazê-lo para atingir o objectivo de mostrar que somos bons,e que não tem nada de mal admitirmos isso.
Depois do sucesso do Corpo Santo Lisbon Historical Hotel, como serão as novas unidades em construção? Que conceitos e estratégias estão presentes para estes projectos?
A ideia inicial sempre foi procurarmos oportunidades diferentes em termos do tipo de hotel que abríssemos e nesse sentido entrámos pela primeira vez na categoria de 4 estrelas, que na nossa opinião nos permite oferecer uma maior latitude em termos de conceito e de serviço.
O Artcore do Porto é um empreendimento com 59 quartos e muito focado no cliente de lazer que visita o Porto durante dois ou três dias, que procura uma oferta com estilo, mas sem deixar nenhum pormenor de conforto e usabilidade sem reposta.
Por sua vez o Protea Luanda é uma parceria com uma das marcas da Marriot, em que iremos ter a oportunidade de fazer um trabalho de aprendizagem e aperfeiçoamento que as grandes marcas nos podem oferecer, no entanto é muito focado no viajante de negócios angolano e estrangeiro, que procura segurança, bem-estar sem comprometer o seu orçamento, aliando tudo isso à maior marca de hotéis do Mundo.
Finalmente o Docas Lifestyle Hotel, é a nossa grande oportunidade, em conjunto com o Porto de Lisboa de ajudar a criar mais valor neste local único que são as docas de Santo Amaro. Neste espaço iremos procurar encontrar um equilíbrio entre o que é a preocupação com a sustentabilidade por parte de um crescente número de clientes, através da escolha criteriosa dos materiais, a inserção de profissionais no mercado de trabalho, escolha dos fornecedores, no fundo, tudo o que está já identificado nos Objectivos de Sustentabilidade da ONU, mas sem esquecer a ligação e o papel central daquela zona da cidade, reconhecida como uma área cosmopolita, de grande diversidade e qualidade na oferta gastronómica e de diversão noturna.
Com a pandemia, o sector do turismo foi um dos mais afetados. Como foi a superação desse período para o Corpo Santo Lisbon Historical Hotel?
A recuperação deu-se por fases, muito diferentes entre si, mas houve sempre um grande foco em não deixarmos que a reabertura pudesse vir a ser um possível foco de perda de qualidade. Mantivemos todos os nossos rankings (booking, expedia, tripadvisor, etc), o que a seguir a mantermos os postos de trabalho e reforçarmos a equipa com mais colaboradores era o grande objectivo. Não existe retoma real sem termos os serviços de atendimento e a perspectiva dos clientes alinhada com o que anunciamos e fazemos verdadeiramente. O caminho de via única de vender e voltar à rentabilidade sem este compromisso certamente que irá deixar as suas marcas negativas nas unidades e no mercado.
De que forma a retoma do turismo tem tido impacto na hotelaria, nomeadamente no Corpo Santo Lisbon Historical Hotel?
Dentro do que é o orçamentamos para este ano, tivemos um pequeno desvio nos primeiros dois meses do ano, daí para a frente temos mantido o nosso objetivo orçamental e de KPI´s de qualidade (número de comentários, qualidade dos comentários, numero de reclamações) que para nós têm uma importância fundamental pois validam o trabalho ao nível financeiro.
Considera que Lisboa continua num destino de eleição?
Lisboa foi e sempre será um destino único, mas que terá novos desafios pela frente e no que toca ao turismo é fundamental perceber como poderemos continuar a receber tantas visitantes sem que isso impacte na qualidade de vida dos Lisboetas mas também em quem nos visita. Temos grandes desafios pela frente começando pelos da sustentabilidade 360º e não só pelo não uso de plásticos e afins. Os problemas relacionados com a chegada ao aeroporto, os transportes públicos utilizados pelos turistas, bem como as questões relacionadas com a segurança devem ser precavidas e antecipadas, para podermos manter esta nossa aura, a de um destino onde é rápido chegar e espectacular para usufruir e ficar.
Além da hotelaria, estão a ser realizados investimentos também em projetos de apartamentos. Serão para residencial ou também para o turismo?
Estamos numa fase final para começarmos a explorar um edifício de apartamentos hoteleiros, junto à denominada Rua Cor de Rosa, que nos irá dar a oportunidade de oferecer um produto diferente e desenvolver um trabalho distinto do que temos realizado até ao momento e esperar passar uma mensagem coerente para quem quer ficar alojado num local tão especifico como este. Esperamos conseguir fechar em breve a parceria pois tem sido uma luta a obtenção de todas as licenças em tempo útil. Foi também agradável perceber que fomos escolhidos exactamente por trazermos uma visão muito estruturada em criar valor alavancado na experiência dos clientes através dos rankings do Corpo Santo Hotel, e que fez os investidores darem-nos esta oportunidade.
Qual o investimento que está a ser feito para todos os projectos?
Cerca de 35 milhões de euros, mas acima de tudo a esperança de que o nosso trabalho faça a diferença na vida de quem connosco trabalha e de quem nos visita.
Como vê o futuro do turismo? Alguns especialistas referem que apesar da tragédia da atual guerra na Ucrânia, essa situação pode trazer mais turismo para Portugal. Essa tendência já é visível?
Acho que falamos sempre muito em tendências e criamos imagens muito estruturadas de tudo o que vai acontecer mas esquecemo-nos de analisar o que andávamos a dizer há três anos atrás. Temos também uma tendência para menosprezar o destino maravilhoso que Portugal é como país e Lisboa como cidade. Quer em termos de país quer como cidade, temos muitos pontos fortes que dificilmente se juntam da mesma forma em outros destinos, mesmo de proximidade, passando grande parte da responsabilidade da dinamização para factores externos. A realidade porém é que o tecido empresarial tem trabalhado e continua a fazê-lo para atingir o objectivo de mostrar que somos bons,e que não tem nada de mal admitirmos isso.
Porque motivo uma distribuidora farmacêutica como a Farmaka decide investir em hotelaria e imobiliário?
A paixão dos accionistas por este tipo de negócio vem de longe e é muito alavancada nas experiências que têm em hotéis por onde ficam em todo o mundo e acabaram por idealizar um hotel de 5 estrelas pelas suas necessidades e pelas de tantos outros que se relacionam directamente quer a nível profissional e quer pessoal. No fundo e relembrando o que me pediram na nossa conversa inicial foi que criássemos uma escola de bom serviço, qualidade e que pudéssemos ser uma referência na cidade, como a empresa principal do grupo é no seu sector de actividade, e sinceramente creio que o conseguimos.