Em contraciclo europeu o investimento em Imobiliário Comercial em Portugal ultrapassou os 700 milhões
No primeiro semestre do ano, o investimento em Imobiliário Comercial (CRE) ultrapassou os 700 milhões de euros em Portugal, 13% acima do mesmo período em 2022. Extraordinariamente, esta é uma tendência que vai no sentido inverso ao mercado europeu, cujo volume investido em CRE contraiu 57%, indica o WMarket Review Mid-year 2023 da Worx Real Estate Consultants.
"Neste estudo, considerou-se relevante olhar para o contexto macroeconómico de pressão nas condições financeiras, o aumento das taxas de juro de referência (com o impacto expectável e visível nos mercados de capital), o aumento dos custos de financiamento das empresas, a inflação alta, e a redução do rendimento real disponível das famílias.", afirma Sílvia Dragomir, Head of Research da Worx Real Estate Consultants, a propósito deste lançamento.
A hotelaria lidera o volume de investimento com 39% do volume de investimento, com destaque para os Hotéis Dom Pedro vendidos à Arrow Global por 250 milhões de euros, sendo a maior transação até ao momento. Seguiu-se o sector de retalho, com 11 transacções, acrescentando 220 milhões de euros ao volume de investimento em CRE que representa 32%. A maior transacção deste setor e a segunda maior do semestre foi a venda do Portfólio Amália à LCN Capital Partners por 150 milhões de euros.
As yields prime em Portugal registaram na sua generalidade uma descompressão de 50 p.b. no último semestre. Os centros comerciais foram a excepção dado que o aumento foi ligeiramente maior, de 60 p.b..
Estas alterações refletem decréscimos de até 10% nos valores de venda por m2 nos últimos 6 meses, uma variação significativamente mais baixa face à maioria dos restantes mercados europeus.
Escritórios
Até Julho, foram transaccionados na Grande Lisboa 44.300 m2 de escritórios, distribuídos por 84 operações. Apesar do decréscimo da procura efectivada nestes meses, o fluxo da procura ativa que se encontra em fluxo no mercado mantém-se estável.
A tendência de crescimento da oferta vai manter-se nos próximos anos. Existem actualmente 13 projectos em construção que trarão ao mercado cerca de 261.000 m² de qualidade acrescida, sendo que uma parte significativa se encontra já pré-arrendada (47%).
A este valor acresce ainda um conjunto de 9 projetos previstos para os próximos 3 anos que acrescentarão mais de 47.000 m² de nova oferta, quase sem pré-arrendamentos fechados.
As rendas prime no mercado de escritórios têm registado ligeiros aumentos no último semestre, continuando a tendência ascendente dos valores de mercado.
O Prime CBD (zona 1), CBD (zona 2) e as Zonas Emergentes (zona 3) evidenciaram crescimentos entre 3% a 5% no último semestre, apontando os valores de mercado para €27,0/m2/mês, €22,0/m2/mês e €19,0/m2/mês, respetivamente.
Retalho
O sector de retalho será mais impactado neste ano de 2023 pelo consumo privado, que irá crescer a um ritmo de apenas 1,6%. O índice de volume de negócios no comércio a retalho cresceu 2% nos primeiros 6 meses do ano, influenciado por um crescimento de 3% nos produtos não alimentares. Nestes últimos destaca-se uma variação homóloga positiva de 24% e 10% no comércio online e nos artigos de moda, respectivamente.
As rendas prime registam uma ligeira recuperação neste último trimestre, à exceção dos centros comerciais cuja renda se manteve. No comércio de rua em Lisboa, a renda prime recuperou para 130,0 euros/m²/mês, ainda assim um valor 7% abaixo do praticado em 2019. No Porto, a renda prime do comércio de rua aproximou-se da sua total recuperação, encontrando-se nos 70,0 euros/m²/mês. A renda prime cobrada nos centros comerciais continua a registar um decréscimo de 5% face a 2019, mantendo-se nos 95,0 euros/m²/mês. Nos retail parks, a renda prime aumentou 12% face a 2019, atingindo os 11,75 euros/m²/mês, fruto da forte resiliente dos ocupantes deste formato.
Industrial e logística
A actividade no sector I&L em Portugal registou cerca de 294.000 m2 de absorção no primeiro semestre do ano, distribuídos por 32 operações no primeiro semestre de 2023, reflectindo um aumento homólogo de 41%. O negócio médio aumentou para 9.160 m2 neste semestre, em comparação com 8.000 m2 no mesmo período de 2022. Na Área Metropolitana de Lisboa, a actividade ocupacional transaccionou um volume de 111.000 m2. Com um total de 20 operações contabilizadas, o negócio médio foi de 5.560 m2.
No 2º trimestre de 2023, a tendência de subida de rendas prime continuou nas localizações mais próximas dos centros urbanos e com projetos novos na Área Metropolitana de Lisboa. As rendas na cidade de Lisboa e no Eixo Loures-Amadora praticam o valor mais elevado, de 6,50 euros/m²/mês e 6,25 euros/m²/mês de renda prime respectivamente. No Eixo Alverca-Azambuja a renda prime aumentou ligeiramente para 4,75 euros/m²/mês. O Corredor Oeste regista a terceira renda mais elevada do mercado da Grande Lisboa dada a proximidade aos centros urbanos, com 5,50 euros/m²/mês de renda prime.
A publicação debruça-se ainda sobre os sectores do turismo, residencial e alternativos do segmento da saúde, living e data centres, apresentando os principais dados e indicadores destes sectores.