Decoração é onde Portugal poderá ter maior capacidade de afirmação no mercado do luxo internacional
No início deste mês, a Exponor - Feira Internacional do Porto, recebeu pelo 30º ano a maior feira do país do sector da decoração e do design, as Feiras Export Home e IDF Spring, e que atraíram mais de 20 países estrangeiros em redor das novidades dos sectores do mobiliário, design e decoração. Presentes estiveram 100 expositores, reunindo cerca de 350 compradores internacionais, divididos por cerca de 20 países, entre os quais Alemanha, Bélgica, Brasil e Estados Unidos. "O mote Designing Tomorrow, que conduziu à 30ª da Export Home, fez referência ao desafio que os criadores enfrentam no presente, tendo em mente o futuro e as suas exigências.
Em entrevista ao Diário Imobiliário, Amélia Estevão, directora de Marketing Exponor, revela que nestas três décadas, uma das maiores transformações do sector, foi a internacionalização. Avança que Portugal tem empresários com espírito empreendedor, que permanentemente apostam no investimento e desenvolvimento de actividades além-fronteiras. A responsável indica ainda as tendências actuais da decoração e do design, adiantando que a utilização dos saberes ancestrais dos nossos artífices, aliados ao design, é uma tendência que tem vindo a destacar-se.
Que balanço faz deste edição da Feira Export Home?
Fazemos um balanço muito positivo desta 30ª edição. Reunimos expositores de qualidade e seis mil visitantes, de Norte a Sul do País, inclusive as ilhas acorreram à feira. Destacamos ainda a forte vertente internacional, de captação do mercado além-fronteiras, em que marcaram presença mais de 300 compradores internacionais. O balanço que nos é permitido fazer é que a feira continua a representar uma plataforma de negócio importante, um momento de partilha de conhecimento e de aproximação dos diferentes players dos sectores de mobiliário, design de interiores e design.
Num ano que comemorou 30 anos como descreve a evolução do design e mobiliário no país? Que transformações foram acontecendo?
É com muito orgulho que celebramos este aniversário, com a certeza de que estamos há 30 anos a apresentar um evento que destaca o que de melhor se faz em Portugal nestes sectores, ao mesmo tempo funciona como uma ponte entre fornecedores e compradores, oriundos de todo o mundo.
O que destacamos é que, actualmente, esta Feira não é apenas uma exposição de produto, mas antes uma montra de tendências e uma plataforma de partilha de informação e de inspiração, que contribui para impulsionar todas as transformações que vão ocorrendo.
Ao longo de 30 anos, acreditamos que a alteração mais sentida é em torno da internacionalização. No final da década de 2000, este era um mundo pouco conhecido, porque durante a década de 90 o mercado interno absorveu toda a produção e as empresas não sentiam necessidade de exportar. Contudo, vemos agora o mercado nacional ganhar força e a destacar-se pela sua elevada qualidade. Portugal tem empresários com espírito empreendedor, que permanentemente apostam no investimento e desenvolvimento de actividades além-fronteiras. Procuram novos mercados, novos materiais e utilizando os saberes ancestrais dos nossos artífices aliados ao design, apresentando produtos completamente inovadores e colocando o mobiliário português nos lugares de topo, sendo reconhecido a qualidade dos produtos portugueses.
Quais as tendências actuais?
A utilização dos saberes ancestrais dos nossos artífices, aliados ao design, é uma tendência que tem vindo a destacar-se. Além disso, também a sustentabilidade, assunto chave a nível mundial e que nestes sectores tem sido protagonista. Este tema comprova que a decoração é mais do que utilidade e mais do que estética – é uma questão de valores. Outras das tendências que vemos marcar estes sectores é a inteligência artificial e a robótica.
O que procuram os portugueses para as suas casas?
Do balanço que obtemos, e das conversas com os fornecedores que marcaram presença nesta edição, a procura é focada na complementaridade da estética com a funcionalidade e inovação.
Pede-se mais design ou funcionalidade? Ou a exigência é juntar as duas versões?
Captámos que o interesse é no equilíbrio destas duas frentes.
O talento português tem dado cartas no estrangeiro?
Sem dúvida. Numa escala cada vez mais global, a indústria portuguesa do mobiliário tem vindo a afirmar-se pela qualidade, tradição e design. O elevado desenvolvimento tecnológico e flexibilidade na produção
permitiram, nos últimos anos, desenvolver uma notável capacidade de apresentar novos produtos e estilos, a par de uma grande diversidade.
As empresas e a força do design estão bem presentes na evolução e sucesso que a fileira da casa tem conquistado além-fronteiras. Para alguns especialistas em marketing de produtos e serviços de luxo, o
sector da decoração é, sem dúvida, aquele onde Portugal poderá ter a maior capacidade de afirmação no mercado do luxo internacional.
A formação é parte integrante neste sector?
Sim, as escolas e os centros de formação profissional têm tido um papel preponderante, é o caso da Escola Superior de Media Artes e Design (ESMAD) e do Centro de Formação Profissional das Indústrias da
Madeira e Mobiliário CFPIMM. É importante o trabalho de sensibilização que se está a fazer junto da comunidade mais jovem, de que este sector é um sector cada vez mais atractivo, que paga acima da média e
que está a mudar e a seguir as tendências de mercado.
O aumento da inflação já se tem sentido também no sector? Nomeadamente no aumento do custo dos materiais e no preço final?
Este é um problema transversal: se aumentam os valores das matérias-primas, naturalmente este sector também é afectado. Contudo, simultaneamente, a venda de mobiliário cresce o que atenua um pouco o
impacto deste aumento.
Perspectivas de futuro para o design e mobiliário português...
Após a realização desta Feira, nas quais recebemos cerca de seis mil visitantes, captámos o interesse de mais de 20 países estrangeiros, em torno de 100 expositores, só podemos perspectivar um futuro próspero, de muita inovação, tecnologia e dinamismo. Vemos o design, como um sector transformador da economia local, que valoriza o trabalho dos artesãos e da manufatura na excelência dos produtos nacionais.