
Crédito malparado das famílias portuguesas aumentou
A redução do malparado no 3.º Trim. de 2024 em Portugal ficou a dever-se às empresas, visto que o crédito malparado entre as famílias aumentou 10,5%, incluindo no financiamento à habitação.
No 3º trimestre de 2024, o sistema financeiro nacional contabilizava 5.000 milhões de euros de crédito em incumprimento, menos 600 milhões do que no mesmo período de 2023.
O país prossegue a trajectória de redução de NPL, ao contrário da tendência dominante na Europa, onde, em termos agregados, o stock de malparado sobe já há seis trimestres.
A redução em Portugal fica a dever-se ao segmento das empresas, com uma diminuição de 22,9% no volume em incumprimento, visto que o crédito malparado entre as famílias aumentou 10,5%, incluindo no financiamento à habitação.
Estudo da Prime Yield agora divulgado revela ainda que, em 2024, a venda de portfólios de crédito em incumprimento no país terá ascendido a 7.600 milhões de euros.
A Prime Yield lançou a edição de 2025 do seu estudo “Keep an Eye on the NPL & REO Markets”, onde analisa a evolução dos principais indicadores do crédito não performativo (NPL – Non-Performing Loans) em Portugal, Espanha, Grécia e Brasil, além de apresentar uma projecção da dinâmica de transacções deste tipo de portfólios.
Portugal registava no 3º trimestre de 2024, um volume de 5.000 milhões de euros de crédito malparado no seu sistema financeiro, uma fatia que corresponde a 2,4% do total de créditos concedidos no país, no valor de 211.100 milhões de euros. O stock de crédito em incumprimento apresenta uma redução de 10,7% face ao mesmo período de 2023, correspondente a uma redução de 600 milhões de euros.
O país continua, assim, na trajectória de redução de NPL, contrariando a tendência predominante na Europa, onde o crédito em incumprimento aumenta há já seis trimestres consecutivos. No agregado europeu, o volume de NPL ascendeu a 376.000 milhões de euros no 3º trimestre de 2024, mais 3,7% do que em igual período do ano anterior e mais 0,7% do que no 2º trimestre de 2024. Em termos absolutos, isso significa que no último ano o crédito em incumprimento na Europa aumentou em 13.300 milhões de euros, dos quais 2.600 milhões entre o 2º e o 3º trimestre de 2024.
O volume de NPL na Europa corresponde a 1,9% do total de crédito concedido. Este indicador, chamado de rácio de NPL, agravou face ao período homólogo quando era de 1,8%. Já em Portugal, o rácio de NPL comprimiu, comparando-se os actuais 2,4% com os 2,8% do 3º trimestre de 2023. Ainda assim, o país mantém o peso do incumprimento sobre o total dos créditos superior à média europeia.
A nova redução de NPL em Portugal deve-se ao desempenho do sector das empresas, que concentra 54% do crédito malparado no país, no valor de 2.700 milhões de euros. Este montante reduziu 22,9% face ao registado no 3º trimestre de 2023 (€3.500 milhões) e encontra-se, na sua maioria, alocado ao sector de PME’s, responsáveis por 2.000 milhões de euros em créditos faltosos. De notar ainda que 41% do crédito que as empresas têm em incumprimento, no valor de 1.100 milhões, está garantido por imobiliário corporativo.
Já o segmento de famílias aumentou o incumprimento no último ano. Representando 42% do volume de NPL em Portugal, no valor de 2.100 milhões de euros, o crédito não performativo das famílias no 3º trimestre de 2024 apresentava um aumento de 10,5% face aos 1.900 milhões incumpridos no período homólogo. Cerca de metade do incumprimento das famílias (52%) está alocado ao crédito à habitação. No 3º trimestre de 2024, este segmento somava 1.100 milhões em incumprimento, mais 10,0% do que os 1.000 milhões registados no período homólogo.
Transacções aceleram
No que concerne a dinâmica de venda de carteiras de NPL em Portugal, a Prime Yield estima que 2024 tenha totalizado um volume de 7.600 milhões de euros em transacções, um resultado impactado pela operação sem precedentes de 4.200 milhões referente ao Projecto Cascais, a qual envolveu a compra de um servicer e das respetivas carteiras de NPL. Excluindo o efeito desta operação de dimensão atípica, a actividade terá ascendido a mais €3.400 milhões, mais que duplicando o volume de €1.400 milhões contabilizado em 2023. Apesar de a Banca se manter como um dos operadores mais dinâmicos na colocação de carteiras para venda, o impulso da actividade em 2024, seguindo a tendência europeia, deve-se à aceleração das transacções no mercado secundário e aos negócios corporativos.