CGD lidera no crédito à habitação e até Setembro o crescimento foi de 56%
A Caixa Geral de Depósitos - CGD teve lucros de 429 milhões de euros até Setembro, um aumento de 9,4% face aos primeiros nove meses de 2020. No crédito à habitação o crescimento em termos de nova produção foi de 56% no montante concedido.
Nos primeiros nove meses deste ano, a margem financeira caiu 6,5%, face ao mesmo período do ano anterior, para 724,5 milhões de euros, tendo a CGD referido em comunicado ao mercado que foi "afectada, em especial, pela queda das taxas de juro no mercado, com reflexo directo nos indexantes da carteira, bem como pela baixa generalizada dos 'spreads' nas novas operações" de crédito devido ao mercado estar mais competitivo.
Já as comissões aumentaram 10,9% para 501,2 milhões de euros, o que atribui a mais operações de fundos de investimento e seguros financeiros e por haver mais transações com meios de pagamento eletrónicos com a maior abertura da economia após a fase aguda da covid-19.
Os resultados de operações financeiras mais do que triplicaram para 139,6 milhões de euros, graças ao ganho extraordinário de 47 milhões de euros registado com uma recuperação de ativos financeiros.
Do lado dos gastos, os custos de estrutura caíram 17,5% para 511,4 milhões de euros, devido sobretudo à diminuição acentuada nos custos com pessoal (-27,9%).
As provisões e imparidades aumentaram 108,8 milhões de euros face ao período homólogo, o que a CGD diz que é resultado de "uma atitude de prudência face ao contexto macroeconómico atual".
No balanço, os depósitos aumentaram 10% para 77,7 mil milhões de euros, enquanto o crédito a clientes (bruto) subiu 2,6% para 51.836 milhões de euros.
Segundo a CGD, em Portugal, o crédito a empresas (excluindo os setores de construção e imobiliário, onde se concentra a redução crédito malparado) cresceu 5,9%, o que diz ser "reflexo do reforço da atividade comercial no apoio às empresas".
Já no crédito à habitação, face ao período homólogo de 2020, o crescimento em termos de nova produção foi de 56% no montante concedido, resultando na liderança.
Na qualidade dos activos, o rácio de crédito malparado ('Non-Performing Loans' na expressão em inglês) passou de 4,2% em setembro de 2020 para 2,8% em igual deste ano.
Na apresentação hoje das contas da CGD até Setembro, em Lisboa, o presidente executivo do banco, Paulo Macedo, considerou que de futuro as condições de negócio do banco público são muito difíceis, quer por custos com os impostos e com os fundos de resolução, quer por custos significativos que o banco tem com juros nos depósitos a que soma custos com juros com dívida pública e com crédito à habitação.
Sobre a saída dos créditos das moratórias, disse Macedo que não prevê "um problema macro, um problema na banca", mas que também dependerá da evolução económica, sobretudo do emprego.
Macedo destacou ainda a melhoria do 'rating' da CGD pela Moody's e pela Fitch, referindo que com isso o banco poupa "dezenas de milhões de euros" nas emissões de dívida.
No início da apresentação de resultados, o presidente executivo da CGD afirmou ainda que foi aprovado um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros, a pagar ao acionista único (o Estado), o qual deverá ser pago ainda este mês. Este valor junta-se aos 83,6 milhões que já tinham sido pagos.
No final de Setembro, a CGD Portugal tinha 6.189 empregados, menos 55 do que os 6.244 de final de 2020.
A CGD tem vindo a contratar trabalhadores para as áreas em que o banco está a investir (mais digitais), disse hoje Macedo, mantendo-se as saídas por reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo, pelo que estas são as saídas líquidas.
Já em termos de rede comercial, no final de Setembro a CGD tinha 543 agências, menos 13 do que no final do ano passado.
LUSA/DI