Gulbenkian atribui Prémio Vilalva a restauro da Igreja de Santa Isabel em Lisboa
O projecto de reabilitação funcional e construtiva, redesenho do mobiliário e restauro de pintura da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, foi distinguido com o Prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva, no valor de 50 mil euros, anunciou hoje a Gulbenkian.
De acordo com a Fundação Calouste Gulbenkian, o prémio, em 12.ª edição - que tem por objectivo distinguir os melhores projectos de recuperação de património cultural em posse de entidades privadas, em território nacional - recebeu 26 candidaturas.
O júri destacou a excelência do trabalho de conservação, restauro e enriquecimento da Igreja, fundada em 1742 por iniciativa do Patriarca D. Tomás de Almeida, salientando em particular "a espectacularidade e requinte estético do projecto de pintura" de Michael Biberstein, que cobre a totalidade da abóbada da Igreja.
"Trata-se de uma das mais notáveis intervenções da arte contemporânea numa arquitectura clássica, concretizada depois da morte do pintor", com o acompanhamento do artista Julião Sarmento e do curador Delfim Sardo.
Os argumentos do Júri
O júri, presidido por António Lamas, antigo responsável pelo Instituto Português do Património Cultural, integrava os historiadores de arte Raquel Henriques da Silva e Santiago Macias, o arquitecto Gonçalo Byrne, e os professores e investigadores Luís Paulo Ribeiro e Rui Vieira Nery.
"A pluridisciplinaridade e elevadíssimo nível de qualificação da equipa [coordenada pelo padre Pereira de Almeida e pelo arquitecto João Appleton] que tem procedido aos trabalhos, potenciando saberes da engenharia, da conservação e restauro, da história da arte, do design de equipamentos e da arte contemporânea", foi igualmente destacada pelo júri para atribuir o galardão.
Outro aspecto que serviu de sustentação à escolha entre os candidatos, foi a metodologia de intervenção “em faseamentos sucessivos que, em 2020, se concentram na valorização do altar inicial da Igreja e na criação de novo mobiliário litúrgico”.
Boavista 69 ganha Menção Honrosa
O júri decidiu ainda atribuir uma menção honrosa ao projecto de reconversão e reabilitação do Prédio na Rua da Boavista, 69, também em Lisboa.
A decisão, de acordo com o júri, justifica-se pela "qualidade do projecto de reconversão e reabilitação de um prédio que será de fundação fino-setecentista, e pelo empenho dos arquitectos Filipa Pedro e Paulo Pedro na recuperação e recriação de diversos elementos construtivos e decorativos do edifício inicial ou das sucessivas fases da sua historicidade".
O Prémio Vilalva foi instituído em 2007, no seguimento da aquisição, à Fundação Eugénio de Almeida, do remanescente do Parque de Santa Gertrudes, que permitiu, quase 50 anos depois, reunificar o parque, recorda a Gulbenkian.
As obras para esta reunificação estão em curso, estando a reabertura do parque, no seu todo, prevista para no primeiro trimestre de 2022, segundo o calendário divulgado pela fundação.
Nessa altura, os espaços exteriores estarão renovados, com novos acessos, e com a definição de um novo circuito de atravessamento do antigo edifício da Colecção Moderna.
Esta intervenção parte do projecto vencedor do concurso de ideias lançado em 2019, assinado pelo arquitecto japonês Kengo Kuma, em associação com o arquiteto paisagista Vladimir Djurovic.
O Prémio Maria Tereza e Vasco Vilalva distinguiu, nos dois últimos anos, os projectos de reabilitação do edifício da Cerâmica Antiga de Coimbra (2019) e a recuperação dos jardins históricos do Santuário de Nossa Senhora das Preces, em Vale de Macieira (2018), afectados pelo incêndio de outubro de 2017.
Também premiou o restauro da Torre dos Clérigos, no Porto, e os projectos museológicos do Museu do Caramulo e do Museu Diocesano de Santarém, entre uma dúzia de distinguidos.
O projeto de requalificação e de musealização do conjunto escultórico do século XIX “Arcano Místico de Madre Margarida do Apocalipse”, nos Açores, a reabilitação de um prédio pombalino, na Baixa de Lisboa (Baixa-House), e o restauro da Igreja do Sacramento, também na capital, foram outros premiados em edições anteriores.
O tratamento e divulgação da Biblioteca da Casa de Sabugosa e São Lourenço (2007), o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (2008) e a recuperação e valorização das ruínas romanas da Cidade de Ammaia (2009), em Marvão, "um monumento nacional esquecido, promovido pela Fundação Cidade de Ammaia", foram os vencedores das primeiras três edições do prémio.