Rácio de malparado da banca portuguesa recua para 3,6% no 1.º trimestre
O rácio de crédito malparado da banca portuguesa diminuiu para 3,6% no primeiro trimestre deste ano, menos 0,1 pontos percentuais do que no final de 2021 e um ponto percentual abaixo do trimestre homólogo, divulgou hoje o BdP.
De acordo com o último relatório do Banco de Portugal (BdP) sobre o sistema bancário português, relativo ao primeiro trimestre de 2022, o rácio de empréstimos não produtivos bruto (NPL) diminuiu 0,1 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 3,6%, reflectindo a diminuição dos NPL em 2,1%.
O rácio de NPL líquido de imparidades manteve-se em 1,7% (1,8% em Dezembro de 2021 e 2,0% em Março de 2021).
Os dados divulgados hoje pelo BdP apontam que o valor bruto do crédito malparado dos bancos portugueses recuou 254 milhões de euros entre dezembro de 2021 e março de 2022, situando-se nos 11.894 milhões de euros no final do primeiro trimestre deste ano.
Em termos homólogos, a diminuição do valor dos empréstimos não produtivos foi de 2.133 milhões de euros.
Líquidos de imparidades, os empréstimos não produtivos somaram 5.553 milhões de euros no final de março, abaixo dos 5.772 milhões de euros de Dezembro de 2021 e dos 6.242 milhões de euros homólogos.
Segundo o BdP, os rácios de NPL brutos das empresas (sociedades não financeiras - SNF) e dos particulares cifraram-se em 8,0% (-0,2 pontos percentuais) e 2,7% (-0,1 pontos percentuais), respectivamente. Para esta evolução contribuíram nas empresas, de forma idêntica, o aumento dos empréstimos produtivos e a redução dos NPL, enquanto nos particulares resultou maioritariamente da uma redução dos NPL.
O rácio de cobertura dos NPL por imparidades aumentou 0,8 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 53,3%, refletindo “uma diminuição dos NPL superior à das imparidades acumuladas”.
Nas empresas registou-se um aumento de 0,8 pontos percentuais, para 54,0%, enquanto nos particulares o rácio de cobertura aumentou 1,5 pontos percentuais para 52,6%, atingindo 34,1% (+1,4 pontos percentuais) e 65,8% (+0,9 pontos percentuais) nos segmentos de habitação e consumo e outros fins, respectivamente.
De acordo com o BdP, no primeiro trimestre de 2022, a rendibilidade do activo (ROA) da banca portuguesa (índice que representa a capacidade de gerar lucro com os activos detidos) aumentou 0,28 pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2021, para 0,69%. Já a rendibilidade do capital próprio (ROE) subiu 3,8 pontos percentuais, para 8,4%.
Segundo o BdP, esta evolução da rendibilidade “reflectiu a diminuição das provisões e imparidades e, em menor grau, o aumento da margem financeira”.
O custo do risco de crédito diminuiu 0,22 pontos percentuais face ao período homólogo, para 0,32%, e o rácio ‘cost-to-income’ desceu 0,6 pontos percentuais, situando-se em 52,0%, “refletindo um aumento do produto bancário que superou o dos custos operacionais”.
No primeiro trimestre de 2022, o activo total do sistema bancário português aumentou 1,2% face ao trimestre anterior, tendo os empréstimos a clientes e a exposição a títulos de dívida contribuído para este aumento em 0,41 e 0,34 pontos percentuais, respectivamente.
O rácio de transformação diminuiu 1,1 pontos percentuais, para 80,1%, em resultado de um aumento em 2,1% dos depósitos de clientes, atenuado pela subida de 0,7% dos empréstimos a clientes.
O peso do financiamento obtido junto de bancos centrais diminuiu 0,1 pontos percentuais, via efeito denominador, passando a representar 9,2% do activo.
No final de Março, o rácio de cobertura de liquidez (LCR) cifrou-se em 262%, aumentando 2,0 pontos percentuais face a dezembro de 2021 em resultado da diminuição das saídas de liquidez (6,4 pontos percentuais), contrabalançada pela redução dos activos de elevada liquidez (-4,4 pontos percentuais).
Ao nível da solvabilidade, no primeiro trimestre de 2022, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) diminuíram 0,5 pontos percentuais e 0,6 pontos percentuais, para 17,5% e 14,9%, respectivamente.
“Para esta evolução contribuiu a diminuição do capital CET 1, num quadro de manutenção da exposição total em risco”, explica o BdP.
O ponderador médio de risco diminuiu 0,4 pontos percentuais, para 43,5%, “em resultado do aumento do peso de componentes de menor risco”, e o rácio de alavancagem recuou 0,3 pontos percentuais face ao trimestre anterior, para 6,7%.
LUSA/DI