BCE diz que inflação baixará em 2022 e que não haverá aumento das taxas de juro como nos EUA ou Reino Unido
A inflação agita o mercado e constitui uma ameaça para os rendimentos das famílias e, também, para as economias mais vulneráveis e dependentes, como é o caso da portuguesa. Daí ser aguardada com inusitada ansiedade a conferência da senhora Christine Lagarde, Presidente do BCE, no final da reunião do conselho da instituição, que teve lugar hoje e terminou há poucas horas.
Lagarde tentou acalmar os receios e começou a sua intervenção com ironia pouco habitual. Disse: "Hoje falámos apenas de três coisas: inflação, inflação e inflação", disse a Presidente do BCE.
A inflação tornou-se de facto o principal protagonista do actual contexto económico na zona euro e o mercado está particularmente nervoso com um aumento do índice de preços ser já superior ao que o BCE, e também as autiridades financeiras alemãs, consideram ser o seu objectivo de estabilidade de preços.
Lagarde afirmou que o BCE decidiu deixar a sua política monetária inalterada, apesar dessa pressão, que considerou conjuntural. Referiu que a zona euro está muito longe de ter atingido um ambiente de inflação que permita um aumento das taxas, ao contrário de outras economias como os EUA ou o Reino Unido.
IPC atingirá os tão desejados 1,5% epenas em 2023
Para um aumento das taxas de juro na zona euro, explicou, a inflação teria de atingir um nível de 2% num horizonte de médio prazo de forma duradoura, com a expectativa de aí permanecer durante pelo menos três anos, e a taxa subjacente teria também de apresentar um horizonte ascendente.
Nas suas previsões a médio prazo, o BCE mantém por enquanto que o IPC (Índice de Preços no Consumidor) na zona euro atingirá os 1,5% apenas em 2023, uma vez ultrapassada a actual retoma.
Na conferência de imprensa, Christine Lagarde disse que a inflação continuará a aumentar na zona euro nos próximos meses, mais do que o esperado pela instituição, mas abrandará no próximo ano. Em setembro, os preços na zona do euro subiram 3,4% e Lagarde espera que aumentem ainda mais no resto de 2021. Mas as actuais pressões ascendentes - energia, problemas de abastecimento devido à rápida recuperação económica e ao fim do corte do IVA na Alemanha (que provoca um maior aumento na comparação anual) - perderão peso em 2022. "Temos feito muita discussão e análise. E acreditamos que a nossa análise de que a inflação será transitória está correcta", defendeu Lagarde. Reconheceu, contudo, que a energia "é o principal risco" e assinalou que se continuar a subir "pode pôr um travão à recuperação".
Agências/DI