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Opinião

Francisco Mota Ferreira

A ti, que estás a começar

20 de março de 2023

Nos últimos meses, tenho tido o gosto de falar com vários consultores que se iniciaram há relativamente pouco tempo no ramo imobiliário. E, muito embora já não me dedique ao mercado residencial puro e duro há muito, confesso-vos que gosto imenso de conversar com quem, normalmente, apelidamos de rookies.

Por um lado, para desmontar aquele pensamento tonto que alguns acabam por ter, de que o imobiliário é o fim da linha da sua carreira profissional, quase como se estivessem a viver o inferno de Dante e fossem forçados a deixar aqui toda a sua esperança. Correndo o risco de ser chamado de ingénuo, quero dizer-vos que acredito (mesmo!) que o consultor que se iniciou há pouco tempo é, pelo menos, merecedor do nosso respeito, apoio e admiração. E, nas conversas que vou mantendo com estes, esforço-me por explicar o porquê. Partilho aqui convosco.

Em primeiro lugar, é merecedor do nosso respeito porque muitos de nós rapidamente nos esquecemos como foi chegar aqui, o que tivemos de lutar para vencer e o que pensávamos sobre a profissão e o sector. Por isso, antes de julgarmos ou criticarmos quem quer que seja, pensemos, ao invés disso, o que nós, que já temos experiência no ramo, podemos fazer por esta pessoa, para que a experiência do arranque possa ser a melhor possível. Tenho a certeza que muitos dos consultores gostavam de ter tido uma mentoria mais eficaz, que os tivesse genuinamente ajudado e explicado que alguns erros de rookie podem bem ser evitados.

Mas aquele que se inicia nestas lides é igualmente merecedor do nosso apoio porque, cada vez mais, acredito que é importante existir sangue novo no imobiliário. E, de preferência, que as marcas e as agências sejam cada vez mais frequentadas por pessoas diferentes, abertas e disponíveis, que sejam sérias e que deem uma lufada de ar fresco a um sector que, por vezes, parece bafiento, mafioso e dominado por pessoas cujo objectivo maior parece ser apenas o de enganar tudo e todos para conseguir o melhor negócio ou a melhor comissão.

Por último (embora muito mais se pudesse ainda dizer), dizer-vos que, quem aqui chega de novo, é igualmente merecedor da nossa admiração. Uma admiração que, confesso, no meu caso, é cada vez maior, quando vejo que estas pessoas têm todo um passado profissional diferente e que, por circunstâncias de vida diversas acabaram por vir aqui parar. São, por norma, pessoas resilientes, que não baixam os braços perante as adversidades e conseguem transformar dificuldades em oportunidades. E, os que não desistem, acabam por ser também, na sua maioria, grandes consultores que descobrem uma nova vida e uma nova vocação, com foco nos clientes que se comprometeram ajudar.

É naturalmente a todos os que iniciaram este novo desafio que dedico estas linhas. Boa sorte e sejam felizes!

Francisco Mota Ferreira

Trabalha com Fundos de Private Equity e Investidores e escreve semanalmente no Diário Imobiliário sobre o sector. Os seus artigos deram origem aos livros “O Mundo Imobiliário” (2021) e “Sobreviver no Imobiliário” (2022) (Editora Caleidoscópio)