A importância da marca pessoal
Recentemente escrevi sobre a relevância de perdermos a vergonha no caminho que escolhemos quando abraçamos o mundo imobiliário e a importância de divulgarmos junto das pessoas que nos são mais próximas o que estamos a fazer. Porque, como muito de vós sabem, estes são os primeiros que nos irão ajudar a ter sucesso numa profissão que, no início, é, por norma, muito difícil. Hoje queria falar convosco de uma outra vertente que nos acompanha ao longo da vida e é igualmente importante valorizar para a consolidação do nosso sucesso: a nossa marca pessoal.
Num negócio onde, rapidamente, se enche a boca a dizer que o imobiliário é de pessoas para pessoas é, convenhamos, uma enorme ironia, haver algum desleixo ou descuido relativamente a estes dois factores: o Círculo de Influência e a nossa marca pessoal. Se, anteriormente, vos falei do primeiro, queria agora nestas linhas discorrer um pouco melhor sobre o segundo. E, para isso, vamos ter que falar do elefante na sala que, neste caso, é a forma como o sector é visto por quem não anda por cá.
Se, como dizia o filósofo e escritor espanhol Ortega Y Gasset, “eu sou eu e a minha circunstância”, então temos de considerar que, se existe uma percepção negativa de quem está de fora, esta se deve a nós, que andamos por aqui. E temos de pensar que, infelizmente, a imagem que as pessoas têm do imobiliário está nas ruas da amargura porque nós próprios a tornámos assim.
E, para não andar a bater no ceguinho, nem vou pelo esgotado (mas válido argumento) que há por aqui uma maltinha que não é séria, que está nisto para enganar e roubar o próximo e que dá uma péssima imagem do imobiliário.
Porque o cerne deste meu artigo é sobre a nossa marca pessoal, quero aqui partilhar convosco que há, infelizmente, profissionais que não cuidam da sua própria marca ou, achando que o fazem, acabam por colocar mais um prego na credibilidade deste sector.
Não quero aqui ser injusto ou recorrer a estereótipos, mas a Senhora minha Mãe sempre disse que quem quer ser respeitado tem de saber dar-se ao respeito. Neste pressuposto, expliquem-me como é que podemos ser levados a sério como um todo quando há consultores que fazem vídeos promocionais deles próprios que nos fazem corar de vergonha? Pelo ridículo, pela exposição, ou por qualquer outro motivo, expondo-se nas redes sociais e acabando por ser gozados pelos pares.
E isto está tudo tão ao contrário que os(as) visados(as) até acabam por agradecer a publicidade, como se, afinal, Oscar Wilde até tivesse razão, quando disse que “a única coisa pior do que falarem de nós é não falarem de nós”. O pressuposto definido pelo escritor irlandês era, naturalmente, que seria péssimo qualquer um de nós cair no esquecimento. Pelo que às vezes vemos nas redes sociais de alguns profissionais do imobiliário, tenho a certeza que era bem melhor cairmos no esquecimento. A nossa marca pessoal é algo que nos acompanha desde que nascemos. Convinha sermos os primeiros a valorizá-la.
Francisco Mota Ferreira
Trabalha com Fundos de Private Equity e Investidores e escreve semanalmente no Diário Imobiliário sobre o sector. Os seus artigos deram origem aos livros “O Mundo Imobiliário” (2021) e “Sobreviver no Imobiliário” (2022) (Editora Caleidoscópio)