Viseu: Mata do Fontelo vai ser classificada monumento nacional
A Mata do Fontelo, em Viseu, vai ser classificada como monumento nacional, ficando sob a tutela especial do Estado prevista na Lei de Bases do Património Cultural, anunciou a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.
“Cada lugar, cada região, tem os seus tesouros, por vezes pouco valorizados”, afirmou Dalila Rodrigues, ao discursar na cerimónia dos 20 anos da reabertura ao público do Museu Nacional Grão Vasco, do qual foi directora entre 2001 e 2004.
Com uma história patrimonial secular e considerada uma “jóia da arquitectura paisagista do Renascimento”, a Mata do Fontelo tem edificado, capelas e um paço (que, durante muitos séculos, foi residência do bispo de Viseu).
A ministra disse que, “considerando a política e as preocupações do Governo em matéria de proteção e valorização do património cultural imóvel, deve ser adequadamente reconhecido o interesse histórico-cultural e artístico do Fontelo, através da sua classificação como monumento nacional”.
Lembrando que já há estudos realizados pela Escola Superior de Educação de Viseu e um projecto multidisciplinar ao qual esteve ligada, Dalila Rodrigues garantiu que serão retomadas “as investigações realizadas nas várias áreas e nos vários domínios” deste lugar da cidade que é muito procurado por quem gosta de natureza e desporto.
O objectivo é “estudar, reabilitar, preservando todas as suas características histórico-culturais à luz desta classificação”, com recursos já assumidos pelo presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas.
Segundo Fernando Ruas, era objectivo da autarquia “reaproveitar os jardins renascentistas que são do tempo de Francisco da Cremona”, o arquitecto italiano que acompanhou o bispo D. Miguel da Silva de Roma para Viseu.
“Têm sido ocupados com viveiros municipais. Estiveram lá as camélias que estão agora no mercado [02 de Maio] e, portanto, é a única possibilidade de recuperar aqueles jardins renascentistas”, frisou.
O autarca social-democrata avançou que gostaria de fazer coincidir a recuperação dos jardins renascentistas com a recuperação do edifício do antigo Paço Episcopal, actual Solar do Vinho do Dão.
“Nós íamos recuperar o Solar do Dão mesmo que não houvesse esta classificação, mas agora vamos ter essa possibilidade e, se calhar, a recuperação já pode ser feita em conjunto”, acrescentou.
Em 2020, o parque teve obras de reabilitação, com limpeza dos trilhos e avaliadas e identificadas pelos especialistas envolvidos as árvores com necessidade de corte.
Além deste trabalho, foram numeradas e georreferenciadas perto de 7500 árvores. Este trabalho resultou na identificação de 37 espécies diferentes em toda a área da Mata.
A Mata abrange uma grande zona verde, ocupando uma vasta área a nascente da cidade que fazia parte da quinta do antigo Paço Episcopal, enriquecida e ampliada por iniciativa do bispo D. Miguel da Silva em meados do século XVI. Com uma área arborizada superior a 10 hectares a mata do Fontelo é o maior espaço verde público da cidade. Está dotada de um conjunto de equipamentos desportivos e de lazer – parque infantil, circuito de manutenção, estádio municipal, polidesportivo, courts de ténis, 5 campos de futebol e piscinas municipais.
Lusa/DI - Fotos CM de Viseu e Turismo do Centro