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Habitação
Um em cada quatro universitários de Lisboa ponderou abandonar os estudos devido ao custo das rendas

Ilustração de brgfx em Freepik

Um em cada quatro universitários de Lisboa ponderou abandonar os estudos devido ao custo das rendas

6 de outubro de 2025

Um quarto dos estudantes do ensino superior em Lisboa já pensou desistir do curso por não conseguir suportar os custos do alojamento. A conclusão é de um inquérito da Federação Académica de Lisboa (FAL), que alerta para “um dos maiores factores de exclusão no Ensino Superior em Portugal”.

O estudo, realizado junto de 1.131 estudantes, traça um retrato “preocupante” sobre as condições de acesso à habitação estudantil e os seus impactos na continuidade dos percursos académicos.

“A habitação não é apenas um problema social, é também um problema de futuro para Portugal”, afirmou Pedro Neto Monteiro, presidente da FAL. “O país não pode permitir que jovens qualificados abandonem os seus estudos por falta de condições para viver na cidade onde estudam.”



Rendas elevadas e contratos informais

Segundo o inquérito, 25% dos estudantes já ponderou desistir devido ao custo das rendas, um encargo que a federação considera “insustentável para milhares de famílias”.

O estudo mostra ainda que 43% dos alunos deslocados vivem sem contrato de arrendamento — em 60% dos casos por recusa dos senhorios e em 26% porque o valor da renda aumentaria com a formalização do contrato.

A ausência de contrato, sublinha a FAL, “exclui automaticamente os estudantes de vários mecanismos de apoio”, uma vez que estes exigem comprovativos legais de arrendamento.


Falta de informação e apoios limitados

Entre os estudantes sem bolsa, 42% desconhecia a possibilidade de se candidatar ao complemento de alojamento, e apenas 12% o fez.

A federação considera estes números “um sinal de falha estrutural na comunicação e no apoio às necessidades reais dos estudantes”.

Para a FAL, os resultados do inquérito devem servir de alerta aos decisores políticos. “A crise habitacional está a condicionar a democratização do acesso ao Ensino Superior e a comprometer o papel da educação como elevador social”, alerta a estrutura estudantil.

Os estudantes defendem medidas estruturais, como o aumento do número de camas públicas, a simplificação dos apoios e uma maior fiscalização do mercado de arrendamento, para travar um fenómeno que, dizem, está “a aprofundar desigualdades e a hipotecar o futuro do país”.

DI/Lusa