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Turismo não destruiu o centro das cidades

24 de outubro de 2024

Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, afirmou hoje na sua intervenção no 49º congresso da APAVT, que o turismo não afastou as pessoas dos centros das cidades, nem apagou a genuinidade nem as tradições dos bairros históricos. Simplesmente, antes do turismo não havia pessoas a viver no centro das cidades.

Durante a abertura do congresso, que se realiza este ano na cidade espanhola de Huelva, Andaluzia, o responsável admitiu que o sector tem sido atacado por razões injustas, nomeadamente sobre o impacto do turismo nas cidades. Defendeu que o turismo não destruiu as cidades e não afastou as populações locais. "Antes do turismo não havia pessoas a viver no centro das cidades. Ninguém queria viver em zonas degradadas, sujas e perigosas. O incêndio do Chiado propagou-se inicialmente como se propagou, sendo essa a razão porque acabou por ser um desastre da dimensão que se conhece, simplesmente porque não havia moradores na baixa de Lisboa! Foi o Turismo que recuperou as cidades, colocando residentes no seu centro", lembrou o presidente da APAVT.

Na sua opinião, o Turismo não apagou a genuinidade nem as tradições dos bairros históricos das cidades: "A memória dos contestatários é curta, os bairros históricos não eram típicos, nem genuínos, eram pobres, e a pobreza não deve ser a montra para a qual os ricos vão passear duas vezes ao ano, nos dias dos Santos Populares".


Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo

E acrescentou: "Eu sei que há quem se enerve por existirem filas à porta da Brasileira, da Benard, ou do Majestic, e defenda com isso que a cidade ficou descaracterizada. Não é verdade. A Brasileira, a Benard e o Majestic são exactamente os mesmos, o que agora é diferente é que não cabem lá apenas alguns privilegiados, agora entram lá todos!".

Também o tema das lojas históricas foram abordadas por Pedro da Costa Ferreira. O responsável afirmou que o turismo não acabou com as lojas históricas. "O que aconteceu foi que os padrões e o comportamento do consumidor se alteraram e apareceram as grandes superfícies comerciais que, já agora, empregam mais gente, pagam melhor e são responsáveis por importantes crescimentos económicos a montante, para além de melhorarem a experiência do consumidor e baixarem os preços dos bens. O que aconteceu foi precisamente o contrário, algumas lojas históricas mantêm-se abertas, porque vendem aos turistas", salientou.

O património histórico foi outro factor que mereceu destaque no discurso do presidente da APAVT, referindo que o Turismo não desvirtuou os monumentos históricos, que estavam degradados e afastados dos seus verdadeiros donos, que são as pessoas! "O Turismo recuperou os monumentos e abriu as suas portas às pessoas, lutando contra um grupo culturalmente caduco, disfarçado de elite, que continua a querer impedir que as pessoas disfrutem livremente do património que é de todos! O Turismo preserva a história e propaga a cultura. Olhem para a Madeira e percebam como o Turismo pode ser alicerçado, precisamente apostando também na cultura", salientou.

De referir que o tema do congresso, “Cidade APAVT”, não se refere apenas a uma cidade que nos acolhe. Para a associação, refere-se, fundamentalmente, "à existência de uma comunidade onde todos nós nos inserimos, a comunidade do Turismo".

https://www.diarioimobiliario.pt/Arranca-em-Huelva-o-49o-congresso-da-Associacao-Portuguesa-de-Empresas-de-Agencias-de-Viagens-e-Turismo

*O Diário Imobiliário viajou a convite da APAVT