Trabalho no escritório volta em força às preferências das empresas
A proporção de empresas que reportam uma utilização média dos edifícios entre 41-80% aumentou para 61%, contra 48% em 2023, revela estudo da CBRE.
Por outro lado, a proporção de empresas que reportam uma utilização abaixo dos 41% caiu, com apenas um terço das empresas a reportar uma utilização de 40% ou menos, em comparação com quase metade das empresas que selecionaram este escalão no report do ano passado.
As maiores empresas (aquelas com 5.000 funcionários ou mais) estão a obter maior sucesso na taxa de regresso ao escritório, com quase dois terços deste grupo a reportar uma utilização de 41% ou mais, resultado tanto da dinâmica natural e dos esforços de implementação de políticas de presença bem como do aumento da sua atividade.
De acordo com o estudo da consultora, a proporção de colaboradores que vão ao escritório três ou mais dias por semana aumentou para 43%, em comparação com 37% em 2023, reflectindo o aumento da utilização média, no entanto as aspirações das lideranças das empresas desejariam que este valor se situasse nos 54%.
Embora operem com níveis de utilização mais baixos, as empresas mais pequenas estão também a registar uma melhoria na taxa de frequência no escritório. De acordo com o estudo da CBRE, as empresas com menos de 5.000 colaboradores registaram um aumento de 18% no grupo que visita o escritório em média quatro a cinco dias por semana.
A pesquisa da CBRE constatou que mais de três quartos (76%) das empresas possuem algum tipo de política de utilização do escritório / modelo de trabalho em vigor, embora apenas 40% afirmem que a política é verdadeiramente obrigatória. Outros 17% dos entrevistados afirmaram que as decisões de comparecimento ao escritório são tomadas dentro de cada equipa, indicando que não existe uma abordagem "one size fits all", o que invalida medir níveis de sucesso pelo facto de não existir uma norma.
"O estudo diz-nos que os escritórios estão a regressar à sua vitalidade e, embora muitos considerem os atuais níveis de utilização estáveis, 30% das empresas espera ainda registar aumentos. Vale a pensa ressalvar que em 2023, a maioria [mais de 60 % dos inquiridos] afirmava esperar manter as presenças no escritório, tendo-se na realidade confirmado o aumento das mesmas. Isto demonstra de forma clara uma tendência de regresso ao escritório, superando inclusive as expectativas dos gestores", refere André Almada, Diretor de Escritórios da CBRE Portugal.
O estudo demonstra porém a consolidação do trabalho híbrido de forma inegável. Foi detetada a tendência de aumento da medição e acompanhamento de presenças físicas no escritório. Em 2023, 60% das empresas afirmavam acompanhar e medir as presenças e este ano 83% das empresas afirma esta prática. Sobre este ponto, entende-se que combinar as expectativas dos empregadores com as dos seus colaboradores permanece um desafio a longo prazo.
Apesar da maior dinâmica e dos níveis mais elevados de frequência nos escritórios, a CBRE espera ainda uma maior consolidação.
O estudo constata ainda que 57% das empresas inquiridas planeia diminuir a sua pegada imobiliária nos próximos três anos, o que advém do facto das empresas de maior dimensão terem, mesmo que de forma residual, espaço excedente e por consequência a possibilidade de reduzir custos imobiliários.
No entanto, a consolidação ou redução da pegada imobiliária não é universal. Várias empresas (17%) planeiam manter o tamanho atual do seu portfólio imobiliário e, de acordo com o estudo da CBRE, outras 24% afirmaram que planeiam expandir, com quase três quartos deste grupo apontando o crescimento do negócio como o principal driver para a procura de novos espaços e aumento do portefólio.
A maior parte das empresas que procura reduzir sua pegada planeia fazê-lo no momento de fim dos respetivos contratos de arrendamento. No entanto, 58% dos inquiridos afirmaram que irão renovar os contratos de arrendamento existentes sempre que estes continuem a ser adequados às suas necessidades. Adicionalmente, esta renovação é provável no atual contexto em que os proprietários mostram cada vez mais vontade de negociar e oferecer mais flexibilidade, indo ao encontro das expectativas dos ocupantes.
"O escritório pode apresentar-se como um showroom da marca, um ponto forte na batalha pelo talento, uma ferramenta para otimizar a produtividade e uma plataforma para reforçar a cultura e a colaboração" reforça André Almada.
*O "CBRE's 2024 European Office Occupier Sentiment Survey" inquiriu mais de 120 empresas sobre diversos tópicos, incluindo o futuro dos espaços de trabalho