
Vicente Alencar, Cofundador e CTO da Plaza
Segurança de dados na era da IA: Como proteger informações sensíveis no mercado imobiliário
Com a inteligência artificial (IA), revolucionando o mercado imobiliário, ferramentas com chatbots e modelos preditivos têm transformado o atendimento ao cliente e a gestão de imóveis. No entanto, ao mesmo tempo que essas inovações impulsionam a eficiência do setor, elas também trazem um alerta importante: como proteger os dados sensíveis gerados e armazenados por essas soluções?
Embora muitas informações no setor imobiliário sejam públicas - como endereços e descrições de imóveis -, dados como contatos de proprietários, registros financeiros e contratos de aquisição ou locação demandam atenção redobrada. Um exemplo notório foi o incidente emblemático da First American Financial Corp em 2019, quando uma falha expôs mais de 885 milhões de documentos nos Estados Unidos. Essa fenda evidenciou como problemas básicos, como a ausência de autenticação adequada, podem gerar grandes prejuízos financeiros e reputacionais.
Fato é que a IA generativa, além de facilitar a automação e a personalização de serviços, também introduz riscos. Exemplos incluem o prompt injection e sua utilização em golpes de engenharia social, que podem comprometer a segurança e a confiança entre imobiliárias e seus clientes. Mas, curiosamente, a mesma tecnologia que cria desafios pode ser uma grande aliada na proteção de dados.
IA é aliada e não inimiga
Soluções baseadas em IA permitem identificar comportamentos suspeitos e analisar grandes volumes de dados em tempo real, detectando ameaças de maneira mais rápida e eficiente. Sistemas modernos conseguem reconhecer padrões de uso e, ao identificar anomalias, bloqueiam acessos indevidos automaticamente. Isso não apenas protege os dados, mas também fortalece a relação de confiança entre imobiliárias e seus clientes.
Ainda sim, nenhuma tecnologia substitui a implementação de boas práticas. Medidas como controle de acesso, que limita o uso de informações a pessoas autorizadas, são essenciais. O treinamento contínuo de equipes para evitar golpes de phishing e engenharia social também é uma etapa indispensável. Além disso, manter sistemas atualizados com correções de segurança e configurar privacidade em níveis personalizados são práticas que devem fazer parte da rotina de qualquer imobiliária.
Mais do que se preocupar, o setor imobiliário precisa olhar a IA generativa como uma oportunidade para modernizar processos e reforçar a segurança. Ao adotar práticas preventivas e investir na tecnologia no formato correto, as imobiliárias têm a chance de, simultaneamente, receber ganhos estratégicos no relacionamento com o cliente e assegurar a proteção de seus dados.
Para que isso aconteça, a segurança da informação precisa ser vista como algo além de uma responsabilidade técnica, mas também estratégica. Estar preparado para os desafios e oportunidades inerentes a IA generativa é o caminho para fortalecer a confiança dos clientes e assegurar o crescimento sustentável do setor imobiliário dentro de um mundo cada vez mais conectado. Com um trabalho bem feito e bem planeado, a chance é muito maior das imobiliárias olharem essa nova tecnologia como um diferencial importante, e não como um risco.
Vicente Alencar
Cofundador e CTO da Plaza
É formado em Engenharia de Computação pelo ITA e tem experiência em empresas como Microsoft, Jusbrasil, Nextel e Rappi, onde liderou projetos de machine learning e analytics com grande impacto. Atualmente, lidera o desenvolvimento de soluções de IA para o mercado imobiliário.
*Texto escrito com novo Acordo Ortográfico