"Prazo longo dos processos de licenciamento continua a ser factor de instabilidade"
Com quase 40 anos de actividade no mercado nacional (e internacional), a Engexpor é um nome de referência no mercado imobiliário. Miguel Alegria, CEO da empresa faz para o DI o balanço de 2022 e perpectiva os desafios que se avizinham para 2023.
Que balanço faz do mercado imobiliário e construção de 2022?
Para a Engexpor, o balanço de 2022 do mercado imobiliário e da construção é bastante positivo, tendo-se notado um incremento da actividade comparativamente com o ano anterior. O dinamismo do mercado influenciou positivamente a actividade da Engexpor, com crescimentos a assinalar a nível da gestão de projecto e gestão da construção em praticamente todos os sectores, com especial incidência na área de hotelaria e residencial. No sector industrial, a empresa esteve igualmente muito activa, embora o crescimento nesta área esteja ainda condicionado pelo número limitado de projectos desenvolvidos, apesar de Portugal ser um destino cada vez mais atractivo para a construção de unidades industriais e parques logísticos.
Na área de consultoria, em particular na actividade de Tecnhical Due Diligence, 2022 foi também um ano extremamente positivo, que poderia ter sido ainda melhor, não fosse a redução do número de transacções de investimento imobiliário a que se assistiu no quarto trimestre.
Quais os desafios que mais afetaram o mercado?
O prazo excessivamente longo dos processos de licenciamento continua a ser dos principais desafios no mercado imobiliário português. Não é propriamente uma questão nova, pelo contrário, é uma constante que continua a impactar o desenvolvimento global dos projectos e a rentabilidade dos investidores. Além disso, é um factor de instabilidade, que gera incerteza e insegurança nos investidores, em particular os internacionais que não estão habituados a estes prazos.
Outro dos desafios a destacar foi o grande aumento dos custos de construção, motivado pela inflação e consequente subida do preço das matérias-primas, bem como pela escassez de mão-de-obra, o que colocou alguns constrangimentos na construção de novos projectos. Esta subida generalizada dos preços — que atingiu toda a cadeia do sector, desde promotores a empreiteiros — não teve impactos significativos na actividade do mercado, mas causou alguma apreensão nos investidores, uma maior preocupação com o controlo dos custos e com a projecção de valores em novos investimentos, além de ter impulsionado a procura de soluções que possam mitigar o risco dos investidores.
O que se pode esperar para 2023?
Temos notado algum abrandamento na subida dos custos de construção, sendo previsível alguma estabilização destes valores ao longo de 2023. Este é um factor positivo para o imobiliário e ficará, essencialmente, a dever-se à desaceleração do aumento dos preços das matérias-primas.
Quanto aos níveis de actividade, estimamos continuar a crescer na área de gestão de projecto e gestão da construção, a avaliar pelos projectos que temos em carteira e em perspectiva. De igual modo, prevemos manter um bom desempenho na área de Technical Advisory Services, sobretudo na atividade de Tecnhical and Environmental Due Diligence, ainda que seja uma área muito dependente do volume de transações de investimento no imobiliário e, consequentemente, da situação económica internacional.