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Poupar é uma miragem para quase 50% dos portugueses

Ilustração de Cenário da história em Freepik

Poupar é uma miragem para quase 50% dos portugueses

19 de maio de 2025

45% dos portugueses admite não poupar de forma de regular e apenas 53% dos inquiridos afirma que paga sempre os seus créditos atempadamente;

Quase metade das famílias não fala (ou fala pouco) sobre dinheiro;

Os portugueses continuam a preferir uma abordagem conservadora no que diz respeito à poupança e ao investimento, com os depósitos a prazo a serem a principal forma de aplicar dinheiro (29%), seguida pelos Certificados de Aforro (15%);

A maioria dos pais afirma dar dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas poucos envolvem os menores na gestão do seu próprio dinheiro. Aos filhos com mais de 10 anos, entre 58% e 59% limitam-se a dar dinheiro quando solicitado.

Estas algumas das conclusões retiradas do 1.º Barómetro Hábitos Financeiros dos Portugueses elaborado pelo Doutor Finanças, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa. Este barómetro inédito pretende avaliar o grau de literacia e os comportamentos financeiros da população em Portugal, com o objectivo de monitorizar tendências e apoiar estratégias de educação financeira.

Os dados revelam que quase metade dos inquiridos (45%) não poupa de forma regular. E entre os que poupam, perto de metade poupa entre 5 e 20%. Só 32% afirmam reservar parte do rendimento logo no início do mês. Já 21% admitem não ter qualquer hábito de poupança, sendo esta falta de regularidade mais comum entre as faixas etárias mais velhas.


Apenas 54% dos casais tem conta bancária conjunta

A forma como as famílias abordam o dinheiro também esteve em foco neste estudo, que conclui que mais de um terço (35%) fala muito esporadicamente ou nunca sobre dinheiro em família — sendo esta realidade mais comum nos agregados familiares com idade mais avançada. Apesar de a maioria dos inquiridos dizer que gere as suas próprias contas bancárias, mais de metade dos casais (57%) tem conta própria e apenas 54% tem conta conjunta, o que significa que há casais com várias contas bancárias.


Segurança lidera critérios de investimento

No que diz respeito à poupança e ao investimento, o estudo mostra que os depósitos a prazo continuam a ser a principal forma de aplicar dinheiro (29%), seguida pelos Certificados de Aforro (15%). Apenas 4% recorre a activos digitais como forma de investimento. A banca tradicional continua a dominar: 58% dos investidores utilizam-na, 48% de forma exclusiva. As mulheres tendem a optar mais por este canal do que os homens. A segurança é o critério mais valorizado na escolha de um produto financeiro (42%), seguida pela rentabilidade esperada (22%).

No universo dos inquiridos, 27% possui crédito habitação e pouco mais de metade (53%) indica que paga sempre os seus créditos. Destaca-se ainda uma elevada taxa de não resposta a esta questão (42%) que é transversal a todos os níveis de rendimento.


Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças


Literacia financeira dos filhos é pouco incentivada

A literacia e autonomia financeira dos filhos também foi alvo de análise. A maioria dos pais afirma dar dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas poucos envolvem os menores na gestão do seu próprio dinheiro: entre os maiores de 10 anos, cerca de 60% limitam-se a dar dinheiro apenas quando solicitado, apenas 30 a 40% dos jovens a partir dos 10 anos recebe semanada ou mesada. A principal forma de os mais novos guardarem ou gerirem o dinheiro é o tradicional "mealheiro" (51%), seguido das contas de depósito a prazo (39%). Apenas 3% recorrem a produtos financeiros mais estruturados.

"Os resultados deste Barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais. A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias. Este estudo permite-nos compreender onde estão os bloqueios e onde devemos actuar", afirma Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças.

O inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de Abril de 2025, através de um iquestionário com 700 respostas válidas de pessoas residentes em Portugal, com idades entre os 18 e os 65 anos, assegurando representatividade nacional em termos de género, idade, região e escalão socioeconómico. O universo-alvo é composto por indivíduos com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram seleccionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Para garantir a representatividade da amostra, esta foi ponderada por sexo, idade, escolaridade e residência. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%.