Portugal posiciona-se no primeiro lugar entre as melhores ofertas de imobiliário de luxo a nível europeu
As razões que impulsionaram a elevada procura por casas em resorts a partir de 2021 e em 2022 continuam válidas e até mais fortes. Pedro Fontainhas, director executivo da Associação Portuguesa do Turismo Residencial e Resorts revela ao Diário Imobiliário que o Verão e o resto deste ano continuarão com uma procura sólida por este tipo de produto.
Apesar de algumas 'nuvens' de incertezas devido ao aumento de custos dos materiais de construção, do aumento da inflação, das taxas de juro, como analisa actualmente o mercado dos resorts e turismo residencial?
O mercado do turismo residencial e resorts tem dado sinais de uma evolução muito positiva com a procura a exceder as expectativas.
As estatísticas indicam que os preços das casas continuam a aumentar nos resorts, assim como o número de transacções, é um cenário para manter?
As casas não têm aumentado apenas nos resorts, nem apenas em Portugal. A subida de preços é generalizada e reflecte a conjuntura tanto do lado da oferta como da procura. Existe espaço competitivo para um certo aumento de preços provocado pelo acréscimo dos custos de construção e pelo acréscimo da procura de produtos de qualidade com características diferenciadoras.
Com a dinâmica actual do lado da procura, é previsível que o número de transacções continue a aumentar. Pelo menos enquanto for possível encontrar materiais e mão-de-obra disponíveis e prazos burocráticos suficientemente céleres.
Quais as maiores dificuldades que hoje o mercado do turismo residencial atravessa? A escassez de oferta para a procura existente?
O contexto económico continua propício ao investimento em propriedade real, se já não tanto pela pandemia, então pela guerra, pela inflação, pelos custos da energia e dos materiais de construção e pela fraca remuneração das aplicações financeiras.
Mas este contexto também pode afectar a oferta num futuro mais ou menos próximo. O sector da construção já enfrenta, entre outros desafios, custos significativamente acrescidos de materiais importados como os energéticos e os metalúrgicos. É possível que, a persistirem e agravarem-se, as dificuldades na construção venham a provocar um aumento dos preços e uma redução do número de transacções efectuadas.
Temos também preocupações que são passíveis de intervenção política como apostar na competitividade fiscal de Portugal e na diminuição dos prazos burocráticos de licenciamento. E preocupa-nos a orientação do Plano de Recuperação e Resiliência que, para além de genericamente ignorar o turismo residencial, poderá ter o efeito de absorver para obras públicas uma boa parte da mão de obra disponível.
Na vertente da exploração turística, enfrentamos a dificuldade de contratar pessoas qualificadas para as necessidades que se apresentam.
O imobiliário de luxo continua em alta?
O imobiliário de luxo continua e dá sinais de vir a continuar em alta no nosso país. Dirigimo-nos a um segmento Premium, de elevado poder de compra, cujo impacto a cinco anos na economia, de acordo com um estudo da APR, é superior a seis vezes o investimento inicial. É uma captação de investimento estável, não sazonal, que atrai mais investimento e que gera empregos e riqueza em diversos sectores.
Neste segmento, Portugal posiciona-se claramente no primeiro lugar entre as melhores ofertas a nível europeu. À nossa localização geográfica, clima, hospitalidade, gastronomia, infraestruturas, diversidade natural – entre dezenas de outros trunfos irrepetíveis – junta-se uma oferta de produto residencial em resorts de classe mundial e repetidamente premiada dos pontos de vista arquitectónico, engenharia e sustentabilidade ambiental.
Como vê o futuro do mercado do turismo residencial em Portugal?
As razões que impulsionaram a elevada procura por casas em resorts a partir de 2021 e em 2022 continuam válidas e até mais fortes. Essas razões estão relacionadas com os novos requisitos habitacionais criados pela pandemia, requisitos esses que se tornam cada vez mais viáveis à medida que as empresas e as pessoas adoptam horários mais flexíveis e uma maior mobilidade laboral. Estas novidades transformaram o racional da compra de imobiliário num resort. No paradigma tradicional, a casa destinar-se-ia a fins-de-semana, férias ou seria um investimento com vista a um rendimento; uma segunda casa, um sítio para ir viver após a reforma. Mas seria também um empate de capital, um segundo crédito, uma despesa a somar à da residência permanente. Ao tornar-se possível e desejável aí habitar, o raciocínio passa a ser o de antecipar para hoje um estilo de vida antes idealizado para daqui a muito tempo. Por isso, acreditamos que o Verão e o resto deste ano continuarão com uma procura sólida por este tipo de produto, e vemos o futuro do mercado do turismo residencial em Portugal com optimismo.