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Entrevistas

David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate

Nunca se venderam tantos imóveis “em planta” como nos últimos anos

16 de agosto de 2022

Se nos anos 80 e 90 era a prática corrente venderem-se casas em planta, actualmente essa prática está de regresso. Isto porque se verifica escassez na oferta, ou melhor, segundo David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate, a oferta disponível não corresponde aos critérios e condições de procura pelos compradores.

Numa altura em que o mercado imobiliário continua com grande dinamismo, a Home Tailors Real Estate, uma empresa 100% nacional, de angariação e mediação imobiliária que em termos de volume bruto de vendas de imóveis, atingiu em 2021 aproximadamente 78 milhões de euros, tem um plano ambicioso de expansão para 2022/2023 através do franchising. O investimento estimado para este plano de expansão, entre investimento na promoção de marca e investimento nas unidades franchisadas, é de 4.5 milhões de euros.

Num ano em que completa o quinto aniversário, David Carapinha, CEO & Founder da Home Tailors Real Estate, revela que pretende passar das actuais cinco lojas para 30 através do regime de franchising. Passar dos 7 milhões para 30 milhões de facturação e passar dos actuais 100 para 1000 colaboradores.

Apesar de algumas 'nuvens' de incertezas devido ao aumento de custos dos materiais de construção, do aumento da inflacção, das taxas de juro, como analisa o mercado imobiliário actual?

Vivemos actualmente uma situação de mercado de “procura”, ou seja, a procura excede em muito a oferta disponível. Isto não significa que existe falta de imóveis para venda no mercado, mas sim que a oferta disponível não corresponde totalmente aos critérios e condições de procura pelos compradores. Seja por uma questão de preço, tipologia ou localização.

O número de transacções imobiliárias não reduziu na verdade. Existe sim um maior tempo de decisão, uma maior ponderação entre a visita e o fecho de negócio.

No que diz respeito ao aumento do custo dos materiais, traduzindo-se num preço de venda mais elevado nos imóveis de nova construção, resultou numa oportunidade para a venda de imóveis usados, que se torna assim mais competitiva.

As estatísticas indicam que os preços das casas continuam a aumentar, assim como o número de transações, é um cenário para manter?

O número de transacções continua efectivamente a aumentar, embora a um ritmo mais lento que em anos anteriores. O perfil de procura não se alterou totalmente, com uma grande incidência no centro das grandes cidades, mas com a tendência do período pandémico a não ser alterada. Esse “centro da cidade” tem agora uma visão mais alargada, permitindo uma grande dinâmica nas vendas nos Concelhos periféricos aos grandes centros urbanos como Lisboa e Porto.

Os preços das casas continuam uma trajectória de crescimento, principalmente no que diz respeito à nova construção.

Também o mercado de investimento ganhou um novo folego, com os promotores e investidores a olhar para outras localizações e novos modelos de negócio.

Quais as maiores dificuldades que hoje o mercado atravessa? A escassez de oferta para a procura existente?

Quem desenvolve a sua actividade no sector imobiliário há vários anos, está já preparado para acompanhar as variações a que o mercado está sujeito, vendo-as como oportunidades.

Existe efectivamente uma escassez numa oferta que corresponda aos critérios de procura, o que resulta numa valorização e subida do preço dos imóveis.

Os promotores e investidores adaptam-se às necessidades de mercado e procuram desenvolver projectos que venham colmatar essas faltas. Nunca se venderam tantos imóveis “em planta” como nos últimos anos.

Surge também o desafio de mostrar aos compradores estrangeiros um Portugal que vai para além de Lisboa, Porto e Algarve. Que podem fazer investimentos seguros nessas regiões, mas que, quando não tem capacidade de investimento nestes locais, não têm de procurar soluções noutros países. Vejamos o panorama actual como uma oportunidade e não como uma dificuldade.

Que diferenças entre o mercado imobiliário nas grandes cidades e as periferias e o interior?

Nas grandes cidades vendemos a centralidade, o fácil acesso a serviços e ligações rápidas a todo o país. Os bairros históricos voltam a estar na equação, após um período de menor procura pelas restrições ao alojamento local e às limitações naturalmente impostas pela pandemia do COVID. No que diz respeito às famílias, as grandes cidades não conseguem acompanhar em oferta as necessidades da procura, seja em preço, área ou tipologia.

E este foi um factor de vantagem para os Concelhos periféricos às grandes cidades. A nova construção proliferou, colmatou as necessidades das famílias, conseguiu atrair investimento de compradores estrangeiros. Pelo preço (que acompanhou também a tendência de aumento), tipologias maiores e pela resposta em infraestruturas e serviços, que foi acompanhando estes fluxos.

No que diz respeito ao interior, o desafio maior está nessas mesmas infraestruturas e serviços. Podemos encontrar habitação com maior dimensão, espaço exterior e a um valor de metro quadrado inferior, o que é muito atrativo. A região interior pode ser muito atrativa para investimento em turismo de habitação, com rentabilidades altas. Será também uma excelente alternativa para os “novos” Golden Visa, mais um motor para atrair investimento de estrangeiros em Portugal. Faltará dar a resposta necessária em transportes, ligações, serviços e habitação e naturalmente, emprego, para que as famílias portuguesas vejam o interior como uma hipótese para “instalar” as suas vidas.

O imobiliário de luxo continua em alta?

A compra de imobiliário de luxo continua a crescer. É um segmento onde, embora falta alguma oferta, a capacidade de investimento não reduziu. Agora não só focada em Lisboa, Porto e Algarve (onde continua a ser maior a procura), mas numa crescente procura ao longo de toda a costa portuguesa e com um maior interesse nas propriedades rurais.

Esta procura, tem uma grande quota de compradores estrangeiros, essencialmente de nacionalidade norte americana e brasileira.

O fim do programa dos Vistos Gold na região costeira trouxe consequências reais para o investimento estrangeiro?

A alteração no programa de Golden Visa levou a uma necessária alteração da oferta, com o tempo necessário para que essa adequação se desenvolva. Existe uma real redução no número de vistos gold emitidos, mas não por uma menor procura ou interesse no nosso país.

Os investidores na construção e promotores adaptaram-se e os projectos começam a surgir. Nas grandes cidades ou na região costeira, em espaços voltados para comercio ou turismo. Mas começam a nascer também projectos no interior, que a seu tempo darão cartas.

Como vê o futuro do mercado imobiliário?

O continuo alargamento das grandes cidades será uma tendência no que diz respeito à procura. Será cada vez mais comum viver a 1 hora do local de trabalho, trocando a centralidade por mais espaço e melhor qualidade de vida.

No que diz respeito ao mercado de luxo, acredito que continuará a tendência de aumento da procura nas regiões periféricas.

Fale-nos do plano de expansão da Home Tailors para 2022 e 2023.

O plano de expansão da Home Tailors enquanto rede imobiliária está em curso. Este é o quinto ano da marca e foi o momento certo para este crescimento. Apresentamos um modelo de negócio fluido, que cresceu imenso durante a pandemia e continua este ano essa tendência de crescimento. A nossa aposta na comunicação da marca continua forte foi, inclusive, fortalecida. Temos agora anúncios em televisão, aliados à nossa estratégia de presença no online e nos media tradicionais.

O nosso projecto passa por atingir as 15 agências em funcionamento em 2022, crescendo para as 30 até ao final de 2023. É um plano bem estruturado, de abertura gradual, que permite aos nossos franchisados ter, em média, um retorno do investimento inicial em quatro meses.

Com este plano de expansão teremos presença com agências abertas ao público em todo o território continental e ilhas.