CasaYes pretende ser o portal da mediação imobiliária e estará ‘online’ até ao fim do ano
A Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) prepara o lançamento do seu novo portal “CasaYes”. Ouvimos o seu presidente, Paulo Caiado, que aborda nesta entrevista este e outros temas importantes para os profissionais do sector.
Para quando o novo “CasaYes?
A APEMIP está em condições de anunciar que ainda este ano vai ter um portal imobiliário, o “CasaYes”. Trata-se de uma plataforma totalmente nova direccionada para o sector imobiliário para a qual só serão exportados imóveis de empresas imobiliárias, empresas de mediação imobiliária. O portal é livre à consulta de qualquer particular – e quantos mais, melhor, assim o desejamos… -, mas só as empresas de mediação poderão fazer a exportação de soluções para o seu interior.
Um projecto ambicioso, dada uma concorrência já consolidada…
É um projecto de particular relevância porque é complexo; porque a competividade é muito grande. Actualmente há soluções muito ágeis e com grande expressão no âmbito dos portais imobiliários, havendo dois ou três portais com grande expressão e mediatização.
A APEMIP, ao ter o seu portal imobiliário, tinha que assegurar as condições para que este pudesse ser competitivo face àquilo que são as actuais soluções.
Estamos a falar de questões tecnológicas associadas à criação do portal?
Uma das questões que constatámos, e que fomos percebendo, é que a parte tecnológica não é a mais relevante.
Obviamente que o Portal CasaYes terá, em termos de solução tecnológica, todas as funcionalidades que hoje os portais idênticos têm, mas queríamos mais do que isso.
A questão a que damos mais atenção é a do suporte comercial, da interacção constante com as empresas do marketing, do necessário investimento no marketing. Foi um processo longo reunirmos um parceiro que pudesse agregar a componente tecnológica, a parte comercial e a parte do marketing para que a APEMIP possa, finalmente, ter um portal competitivo com as actuais soluções exigidas pelo mercado.
O principal desafio para o portal será o dar-se a conhecer, o colocar na cabeça das pessoas de que a forma mais ágil para consultarem a informação relativa a uma aquisição é no CasaYes. Portanto, a estrutura de marketing e a estrutura comercial irão representar a principal alocação de recursos que vamos ter.
Um portal actual e que possa ser evolutivo…
Sim. Amanhã não sabemos quem estará à frente dos destinos da APEMIP e aquilo que pretendemos é que este portal seja uma plataforma que assegure a sua continuidade enquanto "ferramenta" do sector. Minimizando a dependência que a mediação imobiliária tem de outro tipo de plataformas. O CasaYes tem que se assumir e ganhar relevo para que possa ser conotado como “o portal da mediação imobiliária”.
Os associados da APEMIP têm privilégios acrescidos?
Obviamente que privilegiamos em termos de preço aqueles que são associados da APEMIP, que terão condições diferenciadas para poderem divulgar os seus imóveis.
É ainda nossa intenção que o portal CasaYes seja uma figura jurídica autónoma controlada pela APEMIP mas permitindo que os associados da associação possam ter uma participação importante no sucesso e na valorização desta ferramenta tão necessária à nossa actividade.
O portal arranca já com um base de imóveis relevante?
Sim, vai iniciar com uma quantidade de imóveis significativa, isso era necessário. Para isso, foi muito importante o envolvimento e o entusiasmo das principais redes imobiliárias que estão a operar em Portugal.
"Ele vai ter funcionalidades que permitem que as empresas que nele estão presentes possam partilhar negócios imobiliários"
O que traz o portal ainda de diferente para os profissionais?
Para que os clientes possam encontrar neste portal uma plataforma que agiliza o modo como os negócios possam ser concretizados e esses serão factores diferenciadores muito significativos.
Cada vez mais, as empresas têm de ter a capacidade de cooperar, porque quando um cliente se dirige a uma imobiliária aquilo que ele pretende é encontrar uma solução independentemente onde está a casa.
As empresas têm de ter a capacidade para cooperar entre si e o portal CasaYes vai posicionar-se para poder agilizar a partilha de negócios entre as empresas que nele estão presentes. O que não significa que tenham de existir acordos prévios sobre como essas partilhas são efectuadas. Significa sim que ele está lá para agilizar e determinar o modo como deverão ser concretizadas. Como vão existir…?, serão as empresas que pontualmente estabelecerão entre si um modo como o irão processar.
Não poderá ser de outro modo. Frequentemente é quase esquecido o facto de as empresas de mediação imobiliária estarem sujeitas ao regime de livre concorrência e como tal interditadas a quaisquer tipos de acordos abrangentes e prévios que firam as regras de livre concorrência.
Como tem sido a adesão das redes e como encaram este projecto?
As redes vêem o projecto com grande entusiasmo. Tendo alguma representatividade no actual panorama do sector, a sua colaboração é relevante e importante para o êxito do projecto. No entanto, o CasaYes é um projecto para o sector, em termos gerais.
As redes imobiliárias, todas somadas, representam cerca de 15% do total daquilo que é o sector empresarial da mediação imobiliária
Qual a relevância das redes?
As principais redes imobiliárias têm tido uma importância muito grande para o sector. Muitas delas, por serem oriundas de outros países, de outros mercados, com diferentes níveis de maturidade, trouxeram novas soluções, novas práticas e contribuíram de algum modo para incrementar a competitividade ao sector.
No entanto, considero importante para quem quer ter uma perspectiva real do que é o sector entender o seguinte. As empresas que integram as chamadas redes imobiliárias, as mais relevantes, todas juntas, congregam não mais de cerca de 1.000 empresas de mediação. Em Portugal, neste momento, estão atribuídas mais de 8.300 licenças AMI e estima-se que com actividade, ou seja, empresas que regularmente, neste caso, mensalmente, reportam pelo menos uma transacção imobiliária, existem cerca de 6.500 empresas. Significa, portanto, que as redes imobiliárias, todas somadas, representam cerca de 15% do total daquilo que é o sector empresarial da mediação imobiliária.
Mas não será o CasaYes mais um portal a juntar a tantos outros…?
A nossa perspectiva é que consigamos conquistar o lugar de ser o mais relevante; e ser o mais relevante porque aquilo que temos assistido nos últimos anos é que, cada vez mais, as pessoas confiam na mediação imobiliária no momento de venderem ou comprarem um imóvel. Há cada vez mais pessoas a recorrerem à mediação imobiliária.
Conseguindo nós ter um portal imobiliário que agrega a generalidade da mediação imobiliária, acreditamos que seremos muito competitivos e encarados com grande interesse pelos clientes em geral, o que fará com que a CasaYes seja um portal de facto diferente daquilo que até aqui temos conhecido.
Com a profusão do ‘online’, a mediação imobiliária pode dar a noção de uma actividade distante, mas não é assim, pois não?
Não. A APEMIP acredita que o factor humano, a proximidade humana e o relacionamento humano não serão dispensáveis nos próximos anos. A actividade será caracterizada principalmente por esta proximidade entre pessoas. No entanto, temos simultaneamente de ter a capacidade de incorporar as melhores soluções tecnológicas como forma de poder potenciar o nosso negócio e em circunstância alguma nos distanciarmos daquilo que são as novas tendências de consumo, aquilo que são as gerações ‘millennials’. Aquilo que a associação quer é, cada vez mais, estar próximo dos seus associados neste caminho de progressão, de evolução e de preservação e valorização do conhecimento, da notoriedade e do prestígio do sector.
A profissionalização e implementação de um código de ética bem como um manual de boas práticas, são indispensáveis para o futuro do sector e para a confiança dos portugueses
Qual a importância do lançamento do portal para a APEMIP?
A APEMIP não pode ser e não quer ser uma associação que tem associados porque tem um seguro de responsabilidade civil interessante. A APEMIP quer ter os seus associados e as empresas a ela associadas porque consegue defender o interesse comercial e cooperativo das empresas de mediação e porque acreditamos que a profissionalização e implementação de um código de ética bem como um manual de boas práticas, são indispensáveis para o futuro do sector e para a confiança dos portugueses.
A Formação tem sido também “uma frente de batalha” desta direcção…
A mediação não são só as redes imobiliárias. As redes imobiliárias têm as suas estruturas autónomas de formação e de preparação das pessoas que integram essas redes. A realidade é que a esmagadora maioria do mercado não tem este tipo de estrutura e, portanto, a APEMIP procura posicionar-se como uma entidade capaz de levar os seus associados a um nível de conhecimentos de preparação necessária à sua competitividade. Necessário à sua diferenciação de serviços e de valores para os seus clientes. Portanto, é uma grande missão que neste momento temos em mãos.
Um ano depois da nova direcção assumir os destinos da APEMIP que balanço faz, num momento em que o mercado vive tempos de incertezas?
O mercado é caracterizado por permanente heterogeneidade, permanente dinâmica, evolução, permanentes de soluções. Pugnamos por um papel mais interventivo das entidades reguladoras, no sentido de trazerem maior exigência, e a tão desejada regulação à actividade.
Como tem sido este novo caminho da associação?
Aquilo que mudou significativamente na APEMIP não foi a mudança de presidente, aquilo que mudou de mais significativo na associação foram os caminhos assumidos pela sua direcção. Direcção que é constituída por diferentes pessoas, com diferentes experiências, ligadas a diferentes modelos de negócio, com diferentes opiniões, com diferentes ideias. E é essa amplitude que nos tem permitido inverter o percurso, fazendo com que tenhamos cada vez mais associados, fazendo com que os resultados da associação sejam cada vez mais relevantes. Isso deveu-se a esta perspectiva colectiva e não ao trabalho de uma pessoa.