
Foto de AOF em Wikimedia
Palácio dos Biscainhos passa para o Estado e reforça valorização patrimonial em Braga
O Palácio dos Biscainhos, em Braga, um dos mais emblemáticos exemplares da arquitectura residencial portuguesa, passou oficialmente para a posse do Estado, após aprovação, na quinta-feira, do acordo de permuta pelo Conselho de Ministros. A transferência da propriedade, até agora detida pela Comunidade Intermunicipal (CIM) do Cávado, marca um “momento determinante no processo de investimento e valorização nacional” do património, segundo a Museus e Monumentos de Portugal (MMP).
Em contrapartida, a CIM do Cávado recebe vários imóveis e terrenos, entre os quais o Campus de Vilar, o Recolhimento da Caridade e das Convertidas, e a Escola D. Luís de Castro. Este acordo põe fim a um processo negocial iniciado em 2017.
A MMP, entidade responsável pela gestão dos museus nacionais, sublinha que esta mudança permitirá reforçar o posicionamento do Palácio dos Biscainhos no panorama museológico nacional e internacional, ao criar condições para acelerar investimentos, garantir a preservação do património e potenciar a sua plena abertura ao público.
Por sua vez, a CIM destaca que a permuta regulariza a situação cadastral de vários edifícios e clarifica a tutela pública, permitindo a devolução de património à administração local e beneficiando a região do Cávado com uma gestão mais eficaz dos recursos e valorização do território.
Requalificado e reaberto ao público
O Museu dos Biscainhos reabriu ao público a 31 de Maio, após uma profunda intervenção de conservação e restauro financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), num investimento superior a um milhão de euros. A obra permitiu recuperar um dos mais significativos testemunhos do Barroco em Portugal.
Fundado no século XVII e profundamente transformado na primeira metade do século XVIII, o palácio foi convertido em museu em 1978. Desde 1949 está classificado como Imóvel de Interesse Público.
O edifício e os seus exuberantes jardins barrocos oferecem uma visão privilegiada sobre o quotidiano da nobreza setecentista, bem como de outros habitantes do palácio, como criados, capelães e até escravos. A exposição permanente permite um olhar contextualizado sobre colecções de artes decorativas (mobiliário, ourivesaria, cerâmica, têxteis), instrumentos musicais, meios de transporte, gravura, pintura, escultura e azulejaria, dos séculos XVII ao início do século XIX.
O Jardim dos Biscainhos, que integra o portefólio de Jardins Históricos de Portugal, com cerca de um hectare, é considerado um dos mais expressivos testemunhos do jardim barroco no país. Organizado em três patamares — Terreiro, Jardim Formal e Pomar/Horta —, constitui um refúgio de tranquilidade no centro histórico de Braga.