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Novo Banco está a negociar cerca de 5.500 créditos à habitação

10 de março de 2023

O Novo Banco está a renegociar cerca de 5.500 créditos à habitação, num universo próximo dos 175.000, segundo o presidente do banco, Mark Bourke, que considerou que “não representa um aumento absurdo” face ao habitual.

“Em relação ao crédito à habitação, temos cerca de 5.500 contratos a serem renegociados, o que em si não representa um número anormalmente alto num caderno com 175.000 contratos”, disse Bourke em entrevista à Lusa após a apresentação dos resultados em que anunciou lucros de 560,8 milhões de euros.

Na opinião do presidente do conselho executivo da instituição, se se analisar a taxa de contratos em renegociação, esta está em cerca do dobro de um período normal, o que “não representa um aumento absurdo”.

Para o responsável do Novo Banco, as atuais taxas de juro, que têm aumentado regularmente desde 2021, estão num território de “normalização”.

“Do ponto de vista geral, de modo abrangente, o território em que estamos é da normalização das taxas de juro, e se ficar nestes níveis, então isso seria um resultado muito razoável”, defendeu.

Por outro lado, se aumentar de forma significativa, então poder-se-ão ver consequências em todos os bancos na Europa.

Bourke fez um balanço positivo da actividade recente do Novo Banco, assinalando que a instituição se tem mostrado lucrativa nos últimos oito trimestres.

“Agora estamos saudáveis, estamos sustentáveis, e podemos competir e fortalecer num terreno equilibrado”, congratulou-se o presidente do conselho executivo, que assumiu funções em meados do ano passado, em substituição de António Ramalho.

“Pela primeira vez, somos um banco normal e totalmente capitalizado. Temos sido lucrativos desde há um tempo para cá”, vincou.

Para o futuro, o presidente do banco estima que, com o fim do período de reestruturação, em Dezembro de 2022, o Novo Banco passe a ser “mestre do seu destino enquanto banco”.

“Podemos investir em portefólios, podemos expandir os nossos negócios, podemos controlar o nosso capital como entendermos”, disse, sublinhando que era algo que a administração sabia que iria acontecer, mas que julgava que “iria demorar muito mais tempo”.

A carteira de títulos do Novo Banco, que constitui a principal fonte de activos elegíveis para operações de financiamento junto do Banco Central Europeu (BCE), representava 10.864 milhões de euros no final de 2022, mais 3,8% em termos homólogos.

Deste total, a dívida pública portuguesa na carteira de títulos do Novo Banco representava 9,16%, contra 29,19% no final de 2021.

Esta quebra relativa de 67,5% face a 2021, para 995 milhões de euros, foi algo que o presidente do banco considerou ser uma manobra para alcançar um portefólio diversificado.

“Se recuarmos 10 anos, a maioria tinha enormes participações em dívida soberana, pelo que o sistema bancário enfrentava esta ligação que causou alguns problemas”, constatou Mark Bourke.

“Precisamos de ter um portefólio diversificado. Isso não significa que não participemos, deixemos de comprar ou ser um agente da dívida pública portuguesa”, garantiu.

Questionado sobre a diminuição do número de agências do Novo Banco em Portugal, Bourke remeteu para o foco “que está sempre nos custos”, algo que, defendeu, “ser necessário se se quer ser sustentável a longo prazo”.

“Mas agora completamos o nosso programa de reestruturação. Reduzimos em cerca de 4.000 [o número de trabalhadores], mas agora creio que é algo relativamente estável”, afiançou o gestor.

No final de 2022, o Novo Banco tinha 4.090 colaboradores, menos 103 do que os 4.193 que tinha em final de 2021. Já o número de balcões era de 292 em Dezembro passado, menos 19 do que em Dezembro de 2021.

Em 2022, o Novo Banco vendeu o seu edifício-sede em Lisboa, tendo dito Mark Bourke que o objetivo é os serviços centrais irem para o Tagus Park, em Oeiras, em meados de 2024.

O Novo Banco foi criado em Agosto de 2014, aquando da resolução do Banco Espírito Santo (BES), tendo desde então já reduzido milhares de trabalhadores.

LUSA/DI