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Entrevistas

Tomas Suter, Founding Member & Partner Mexto Property Investment

Mercado imobiliário português deve criar condições para que 2023 não seja um ano de quebra de preços

26 de dezembro de 2022

Todas as medidas que visam apoiar os consumidores a suportar o aumento das taxas de juro serão importantes, admite Tomas Suter, Founding Member & Partner Mexto Property Investment, quer do ponto de vista dos portugueses que já possuem uma habitação, com recurso ao crédito à habitação com indexantes à taxa de juro euribor com juros variáveis, quer para os portugueses que pretendem adquirir novas casas.

O responsável afirma que a inflação continua a ser um dos maiores desafios com que o negócio da promoção imobiliária se depara. Esta problemática cria condições para que os intervenientes no processo da promoção imobiliária realizem ajustamentos e solicitem alterações a acordos realizados anteriormente, e, com isso, a existência de mais e novos produtos no mercado fica condicionada, o que consequentemente resultará no aumento dos preços.

Que balanço faz do mercado imobiliário de 2022?

Os dados que temos relativos a 2022 apontam para um ano melhor relativamente a 2021. Os preços do imobiliário mantiverem uma tendência de subida do preço do imobiliário, o que foi um reflexo de vários factores, entre os quais se destacam a falta de oferta de produto, o custo das matérias-primas e a procura, crescente, pelo mercado português de investidores nacionais e estrangeiros.

No entanto, o impacto da subida dos índices, associado às taxas de juro do crédito à habitação traz alguma preocupação ao mercado imobiliário, sobretudo àquele que tem como mercado-alvo a classe média. Durante o Verão de 2022, ocorreram já três aumentos das taxas de juro que visam fazer frente à crescente inflação dos preços quer na Europa, quer nos EU, o que poderá continuar a causar efeitos negativos nas empresas, famílias e Estados que necessitarão de mais liquidez para cumprir com as suas responsabilidades.

No mercado imobiliário de luxo, a performance manteve-se estável, com uma contínua procura estrangeira e com famílias a mudarem-se para os nossos centros urbanos.

O trabalho remoto que hoje muitas pessoas podem exercer, ajuda a que outras geografias sejam procuradas, como é o caso de Portugal que oferece infraestruturas, cultura, clima, segurança, entre outros fatores, que contribuem para uma qualidade de vida cada vez mais escassa no mundo.

No que se refere à Mexto, 2022 tem sido um bom ano, em que sentimos o mercado muito activo. Exemplos desta dinâmicos, são o Maison Eduardo Coelho, totalmente vendido, o projecto O’Living New Urban Residences que conta com mais de 50% das frações vendidas (trata-se de um projecto com 84 apartamentos direccionados para os portugueses), e o projecto Rodrigo da Fonseca Prime Residences, apenas com últimas unidades disponíveis.

Por outro lado, a aquisição de activos que a Mexto realizou ao longo de 2022 é também um sinal de que na Mexto, acreditamos que o mercado imobiliário manterá uma dinâmica de crescimento e Portugal continuará a ser um destino para muitos estrangeiros que procuram as características que o país oferece.

Quais os desafios que mais afectaram o mercado?

Este foi um ano que começou de forma inesperada. Quando todos pensávamos que o cenário de pandemia estava prestes a terminar, deparámo-nos com uma realidade na Europa da qual já muitos se tinham esquecido. A guerra na Ucrânia alertou tudo e todos para um risco difícil de ser gerido, e trouxe muita incerteza. Durante os dois primeiros meses de guerra, a gestão das empresas foi feita quase dia a dia, considerando inúmeros cenários. Naturalmente, a gestão da vida das pessoas também foi reconsiderada e a incerteza também as levou a equacionar decisões que estariam programadas para este ano. Uma das consequências deste cenário que agravou o sector e que é desafiante, é a inflação. A inflação continua a ser um dos maiores desafios com que o negócio da promoção imobiliária se depara. Esta problemática cria condições para que os intervenientes no processo da promoção imobiliária realizem ajustamentos e solicitem alterações a acordos realizados anteriormente, e, com isso, a existência de mais e novos produtos no mercado fica condicionada, o que consequentemente resultará no aumento dos preços.

O que se pode esperar para 2023?

A inflação é um dos temas centrais numa perspectiva para 2023. Este fenómeno, que sentimos no aumento dos preços, causado essencialmente pela grande subida dos preços da energia (transição energética e guerra na Ucrânia), e consequentemente pela subida dos preços de produtos e serviços, os apoios disponibilizados nas economias durante a pandemia e a crise sentida pela ruptura nas cadeias de abastecimento na China, obrigam-nos a todos a adaptarmo-nos uma vez mais. No próximo ano é expectável que o aumento das taxas de juro condicione a aquisição de novas casas visto que o processo de decisão poderá ficar adiado.

Todas as medidas que visam apoiar os consumidores a suportar o aumento das taxas de juro serão importantes, quer do ponto de vista dos portugueses que já possuem uma habitação, com recurso ao crédito à habitação com indexantes à taxa de juro euribor com juros variáveis, quer para os portugueses que pretendem adquirir novas casas. O mercado imobiliário português deve criar condições para que o ano de 2023 não seja um ano de quebra de preços. Na Mexto, continuaremos a desenvolver projectos onde o foco está em criar empreendimentos de elevada qualidade, projectos que tratamos como uma obra de arte, respeitando o passado e combinando o mesmo com o presente e o futuro, resultando projectos que cumprem com os mais altos padrões dos nossos clientes.