Insolvências em Portugal arrancam semestre a subir
Neste início do segundo semestre de 2023, as insolvências mantiveram uma tendência de crescimento em termos homólogos. De acordo com os dados da COSEC – Companhia de Seguro de Crédito, Julho registou novamente um aumento de 12% nas insolvências face ao mesmo mês de 2022.
Tal como se tem verificado desde o início do ano, são as micro e pequenas empresas – com um volume de negócios inferior a 500 mil euros – que continuam a registar o maior número de insolvências. Em termos geográficos, o Porto, seguido de Lisboa, são os distritos onde se registam o maior número de insolvências.
A evolução das insolvências em Portugal teve lugar numa altura em que a economia europeia continua a ser influenciada pelas elevadas taxas de inflação, que tem retirado poder de compra às famílias e diminuído as margens de firmas, em particular alguns setores de atividade. As perspectivas da Allianz Trade, accionista da COSEC, sugerem que Portugal termine o ano com uma subida das insolvências em torno dos 19% comparando com o ano passado.
Embora as estimativas do seguro de crédito para a economia portuguesa, apontem para um crescimento do produto interno bruto (PIB) na casa dos 2,5% em 2023, as perspectivas para economia da área do euro são cada vez mais desafiantes, não sendo de descartar um arrefecimento nos próximos meses. Um dos indicadores mais recentes, os números do índice dos gestores de compras (PMI na sigla em inglês), relativos a Julho, como recorda a Allianz Trade no estudo recente "US & Eurozone growth defying gravity", abrem a porta a um abrandamento neste arranque da segunda metade do ano.
Uma das principais economias do bloco da moeda única, a Alemanha, embora tenha escapado à recessão técnica no segundo trimestre, enfrenta perspetivas económicas pouco otimistas, de acordo com os especialistas da Allianz Trade. A França, igualmente uma das economias mais importantes da Zona Euro, e relevante destino também para as exportações, registou um crescimento do PIB de 0,5% no segundo trimestre, face ao primeiro trimestre, impulsionado pelo comércio. Ainda assim, e como recordam os especialistas da líder mundial em seguro de crédito, a procura de crédito por parte das empresas gaulesas indiciam um cenário algo difícil para o investimento das empresas.
"A Zona Euro continua a enfrentar um clima económico desafiante, que trará consequências para as empresas. Não é de descartar uma nova subida dos juros por parte do Banco Central Europeu em setembro; os preços continuam a subir, embora a um ritmo mais lento. Os principais mercados externos de Portugal estão assim a enfrentar dificuldades, o que prazo terá efeitos nos vários setores da economia portuguesa e, naturalmente, as empresas vai refletir ainda mais estes efeitos. Por isso, temos estado a assistir a uma subida homóloga das insolvências, uma tendência que deverá continuar a registar-se", afirma Vassili Christidis, CEO da COSEC.