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Sede do BCE em Frankfurt Alemanha - Foto de Kiefer Wikimedia

Haverá um corte na taxa de juro por parte do BCE na próxima semana?

31 de maio de 2024

Tudo indica que o primeiro corte vai mesmo acontecer na Zona Euro antes de nos EUA. Os mercados monetários estão a prever uma probabilidade de quase 95% de o BCE cortar as taxas em 25 pontos base na reunião de 6 de Junho.

De acordo com uma análise da XTB, as declarações dos responsáveis do BCE apontam para a necessidade do corte e não evidenciam os próximos passos a adoptar no que toca à política monetária. No entanto, como o corte parece ser um negócio fechado, a atenção dos mercados internacionais estará voltada para o que vem a seguir. O mercado monetário vê uma grande probabilidade de o BCE efetuar mais dois cortes este ano, sendo as reuniões de setembro e dezembro as datas prováveis. No entanto, Philip Lane alertou que a tendência de desinflação pode não ser tão suave durante o resto de 2024 e que o BCE deve ter cuidado com o excesso de flexibilização (reduzir demasiado rápido as taxas de juro). O novo conjunto de projeções do BCE na reunião da próxima semana pode ajudar os mercados e os economistas a perceberem qual vai ser o rumo da inflação e das taxas de juro.

No discurso do economista-chefe do BCE, Philip Lane, foram abordados vários pontos importantes sobre a política monetária e as expectativas económicas. Lane destacou que o impacto do aperto monetário sobre a inflação é actualmente mais forte e que se espera uma repercussão substancial num futuro próximo. Além disso, o indicador salarial do BCE mostra que as pressões salariais globais estabilizaram desde 2023, enquanto a amplitude da dinâmica da inflação interna está a diminuir.

Lane também realçou que as taxas de juro precisam de ser calibradas de acordo com o impacto esperado na inflação e alertou que manter taxas excessivamente restritivas por um período prolongado pode levar a inflação a níveis abaixo do objetivo a médio prazo, o que exigiria medidas corretivas - possivelmente até podiam levar as taxas a ficar abaixo da taxa neutra. No entanto, mesmo que a inflação não diminua suavemente durante o resto de 2024, é esperado um novo processo de desinflação em 2025, que será compatível com a recuperação económica.

O economista-chefe do BCE advertiu que uma flexibilização rápida demais das taxas não seria compatível com o retorno sustentável da inflação ao objetivo, caso a inflação se mostre mais persistente do que o previsto. Os efeitos das subidas de taxas anteriores ainda estão a ser sentidas, o que torna a situação mais complexa.

A mensagem geral sobre os salários é irregular, com alguma desaceleração, embora lenta. Nos próximos meses, espera-se que a inflação oscile em torno do nível atual, com outra fase de desinflação levando de volta ao objetivo no final do próximo ano. Lane sugeriu que uma redução das taxas em Junho será adequada se as perspectivas de inflação se mantiverem estáveis.

Villeroy do BCE afirmou que as actuais expectativas do mercado para a taxa terminal do BCE não são razoáveis

No discurso do membro do BCE, François Villeroy de Galhau, foram abordadas várias questões cruciais sobre as taxas de juro e a política monetária. Villeroy afirmou que as actuais expectativas do mercado para a taxa terminal do BCE não são razoáveis. O mesmo enfatizou que, embora o BCE não deva comprometer-se imediatamente com uma acção específica em Julho, é essencial manter a liberdade quanto ao calendário e ao ritmo das decisões em relação às taxas de juro.

Villeroy mencionou que, salvo alguma surpresa, a descida das taxas em Junho é praticamente certa. Ele destacou que, na sua visão, a inflação dos serviços é mais importante do que a dos salários ou as margens de lucro. Com uma taxa de juro da facilidade permanente de depósito de 4%, Villeroy acredita que há uma margem significativa para cortes nas taxas.

No discurso do membro do BCE, Olli Rehn, foram destacadas importantes considerações sobre a política monetária e a inflação. Rehn afirmou que a inflação está a convergir de forma sustentada para o objectivo de 2%, o que sugere que chegou o momento de flexibilizar a orientação da política monetária e começar a reduzir as taxas em Junho.

No entanto, Rehn realçou que essa decisão pressupõe que a tendência desinflacionista continuará e que não haverá novos contratempos na situação geopolítica ou nos preços da energia e enfatizou ainda que o BCE não está a comprometer-se previamente com qualquer trajetória específica de taxas, mantendo assim a flexibilidade nas futuras decisões de política monetária.