Transações de habitações diminuíram 5,3% mas aumentaram 2,4% em valor
Em 2020, a construção e habitação foram dos sectores mais resilientes. O INE divulga hoje que as transações de habitações diminuíram 5,3% em número, pela primeira vez desde 2012 mas aumentaram 2,4% em valor. O valor das habitações transacionadas fixou-se nos 26,2 mil milhões de euros em 2020.
De acordo com os resultados apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística - INE foram licenciados 23 068 edifícios e 33 065 fogos em Portugal, respectivamente -4,3% e -4,1% que em 2019 (+5,5% e +15,0%, em 2019 face a 2018, pela mesma ordem).
Estima-se que em 2020 tenham sido concluídos 14 580 edifícios e 19 900 fogos, representando crescimentos de 3,8% e 18,8%, respectivamente (+3,8% e +24,4%, em 2019).
Em 2020, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1 188 euros/m2 . O preço mediano da habitação manteve-se acima do valor nacional nas regiões do Algarve (1 771 euros/m2 ), Área Metropolitana de Lisboa (1 630 euros/m2 ), Região Autónoma da Madeira (1 322 euros/m2 ) e Área Metropolitana do Porto (1 240 euros/m2 ).
A renda mediana dos 79 878 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares em Portugal atingiu 5,61 euros/m2 , aumentando 5,5% face ao período homólogo. Verificou-se igualmente um aumento de 9,7% no número de novos contratos celebrados relativamente ao ano anterior.
Os edifícios licenciados para construção nova foram novamente predominantes em 2020, representando 72,7% do total de edifícios licenciados (70,6% em 2019). Os edifícios de construções novas para habitação familiar totalizaram 13 101 edifícios, observando-se um crescimento de 0,6% face a 2019. No total dos edifícios licenciados, 56,8% corresponderam a edifícios em construções novas para habitação familiar, com um aumento de 2,8 p.p. face à proporção verificada no ano anterior (54,0% em 2019).
Também as obras concluídas em construções novas continuaram a ser predominantes, representando 79,2% do total de obras concluídas em 2020 (74,7% em 2019). As obras concluídas em construções novas para habitação familiar corresponderam a 57,5% dos edifícios concluídos, correspondendo a um acréscimo de 3,5% face ao ano anterior.
No ano anterior foram ainda licenciados 4 747 edifícios para obras de reabilitação (obras de alteração, ampliação e reconstrução de edifícios), observando-se um decréscimo de 11,9% face ao ano anterior (+1,9% no ano precedente; 5 387 edifícios). No que diz respeito às obras concluídas, verificou-se um decréscimo de 14,7% no total das obras de reabilitação, totalizando 3 031 edifícios concluídos (+18,1% em 2019, correspondendo a 3 555 edifícios concluídos). Em contraste com o decréscimo verificado nas obras concluídas para reabilitação, verificou-se um aumento nas obras concluídas em construções novas, estimando-se que tenham sido concluídos 11 549 edifícios no ano de 2020, +10,1% (+15,7% em 2019; 10 488 edifícios).
No período analisado foram licenciados 33 065 fogos no país. Este valor traduz-se numa diminuição de 4,1% em relação ao ano anterior (+15,0% em 2019; 34 475 fogos). O número de fogos de construções novas para habitação familiar foi 25 083 e representa um crescimento de 0,7% face ao ano precedente (+15,4% em 2019; 24 905 fogos). Os fogos concluídos em 2020 foram estimados em 19 900 fogos no país, representando um acréscimo de 18,8% face ao ano anterior (+24,4% em 2019; 16 754 fogos). Nas construções novas para habitação familiar o número de fogos terá totalizado 16 710, com um crescimento de 27,6% face ao ano transato (+25,2% em 2019; 13 092 fogos).
Obras em 18 meses
Espera-se que as obras licenciadas em 2020 demorem, em termos médios globais, cerca de 18 meses a serem concluídas. A região Norte apresenta o maior prazo de execução previsto (22 meses), seguida da região Centro (18 meses). Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, prevê-se que, em termos médios, as obras que foram licenciadas em 2020 venham a concluir-se em 11 e 10 meses, respetivamente.
Em termos de prazos de execução efectivos, as obras concluídas em 2020 demoraram cerca de 19 meses a serem executadas em Portugal. Na região Norte, o prazo efectivo de execução das obras concluídas foi mais longo (23 meses), seguida pela região Centro que apresentou um prazo médio de 19 meses. Na Região Autónoma dos Açores registou-se a mais curta duração para conclusão de obras (14 meses).
Estimativas do parque habitacional
Em 2020, estima-se que o parque habitacional português corresponda a 3 619 739 edifícios e 5 983 402 alojamentos, o que se traduz em acréscimos de 0,23% e 0,28 %, respetivamente, face a 2019 e a um aumento absoluto de 8 417 edifícios e 16 866 alojamentos.
Transações de habitação
O valor das habitações transacionadas fixou-se nos 26,2 mil milhões de euros em 2020, traduzindo-se num aumento de 2,4% face ao ano anterior. Por categorias, 20,8 mil milhões de euros corresponderam a vendas de habitações existentes (+0,7% relativamente a 2019) e 5,4 mil milhões de euros a habitações novas (+9,3% relativamente a 2019). Entre 2014 e 2020, o valor das habitações transacionadas registou um crescimento médio anual de 18,3%, 5,7 p.p. acima do observado no número de transações, 12,6%.
As transações de habitações existentes totalizaram 145 181 unidades, menos 6,2% que em 2019. Relativamente às habitações novas, registaram-se 26 619 transações, sensivelmente o mesmo número do ano anterior (-0,1% por comparação com 2019). Pela primeira vez, na série disponível, os alojamentos novos evidenciaram um maior dinamismo no mercado relativamente aos alojamentos existentes, o que em 2020 se traduziu numa redução do número de transações comparativamente menos expressiva.
Avaliação bancária
Em 2020, o número de avaliações bancárias efectuadas por peritos ao serviço das instituições bancárias no âmbito da concessão de crédito à habitação foi aproximadamente 99 000. Este registo representou uma redução, a primeira desde 2013, de 1,6% face a 2019 e uma taxa de variação de menor amplitude comparativamente à observada no número de transações de habitações (-5,3%).
Ainda em 2020, o peso relativo do número de avaliações face ao número de transações de alojamentos aumentou para 57,5%, invertendo a trajectória de redução registada nos dois anos anteriores. O valor mediano de avaliação bancária de habitação manteve, em 2020, uma dinâmica de crescimento, tendo apresentado uma taxa de variação de +7,7%.
Preços da habitação ao nível local
Em 2020, o preço mediano de alojamentos familiares em Portugal foi 1 188 euros/m2 , aumentando 9,9% relativamente ao ano anterior. O preço mediano da habitação manteve-se acima do valor nacional nas regiões do Algarve (1 771 €/m2 ), Área Metropolitana de Lisboa (1 630 euros/m2 ), Região Autónoma da Madeira (1 322 euros/m2 ) e Área Metropolitana do Porto (1 240 euros/m2 ). No período em análise, 46 municípios apresentaram um preço mediano superior ao valor nacional, localizados maioritariamente nas sub-regiões Algarve (14 em 16 municípios) e Área Metropolitana de Lisboa (15 em 18). O município de Lisboa (3 377 euros/m2 ) registou o preço mais elevado do país. Verificaram-se também valores superiores a 2 000 euros/m2 em Cascais (2 787 euros/m2 ), Oeiras (2 353 euros/m2 ), Loulé (2 286 euros/m2), Porto (2 142 euros/m2 ), Albufeira (2 026 euros/m2 ) e Lagos (2 016 euros/m2 ), mais três municípios que no ano anterior.
Rendas de habitação
A renda mediana dos 79 878 novos contratos de arrendamento de alojamentos familiares em Portugal atingiu 5,61 euros/m2 , aumentando 5,5% face ao período homólogo. Também se verificou um aumento de 9,7% no número de novos contratos celebrados relativamente ao ano anterior.
O valor das rendas situou-se acima do valor nacional nas sub-regiões Área Metropolitana de Lisboa (8,57 euros/m2 ), Algarve (6,63 euros/m2 ), Área Metropolitana do Porto (6,12 euros/m2 ) e Região Autónoma da Madeira (5,99 euros/m2). A Área Metropolitana de Lisboa concentrou cerca de um terço dos novos contratos de arrendamento (26 461). As áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto representaram, em conjunto, 50% do total de novos contratos do país e o Algarve 5,9%. O Baixo Alentejo apresentou o menor número de novos contratos de arrendamento (448).