2021 foi um ano de perda de imóveis disponíveis para venda e para arrendamento
A Reatia, plataforma de inteligência artificial e big data para o imobiliário, aponta para a queda no número de imóveis disponíveis para negócios de compra e arrendamento em 2021.
Lisboa e Porto com menos 17,5% e 16,9% de apartamentos para arrendar, desde o início de 2021, e preços médios de arrendamento dispararam 8.8% nas duas cidades.
Segundo a plataforma de inteligência artificial para o imobiliário, o ano de 2021 foi um ano de perda de imóveis disponíveis para venda e para arrendamento.
Para Hugo Venâncio, CEO da Reatia, “o ajuste do mercado imobiliário tem que ver com a normalização da oferta e da procura numa fase em que a pandemia ainda tem algumas implicações nos negócios do sector. No primeiro trimestre de 2021, havia menos casas disponíveis para arrendamento porque estas demoravam mais tempo a ser arrendadas e os proprietários optaram por outro negócio, bem como a retoma a conta gotas dos arrendamentos de curta duração e alojamento local, que viram quebras na faturação a rondar os 70%”.
Comprar casa: menos oportunidades e maior investimento
No que diz respeito à comprar casa, o relatório aponta que todos os distritos, com a excepção do Porto e Vila Real, viram o stock de apartamentos disponíveis para venda em queda, durante o ano que passou. Lisboa, por exemplo, começou o ano com quase 36 mil apartamentos disponíveis e acabou com cerca de 33 mil. Évora é o distrito onde é mais notória a queda de stocks, mas também um dos distritos com menor oferta - passa de 368 apartamentos disponíveis a 241, menos 34,5% dos apartamentos disponíveis do que no início do ano.
Dos 18 distritos de Portugal Continental, todos registaram uma subida do preço médio por m2 na aquisição de apartamentos usados, com exceção de Guarda e Aveiro, onde os preços diminuíram. Lisboa lidera a lista com uma variação de 74% do preço médio por m2: comparando o início com o fim do ano, o metro quadrado ficou 1223 euros mais caro, depois de registar o valor mais alto no 3º trimestre.
Também o arrendamento está mais caro
O mercado do arrendamento sofreu oscilações com a variação do stock de apartamentos disponíveis, ainda que menos notório que no negócio da compra e venda. É importante salientar as disparidades entre regiões com maior e menor população, sendo as últimas as que apresentam maior percentagem de apartamentos disponíveis para arrendamento, porque apresentam também uma procura menor. Já Lisboa e Porto apresentaram uma queda, com menos 17,5% e 16,9% de apartamentos disponíveis para arrendar quando comparamos o início e o fim de 2021, dificultando a tarefa de arrendamento.
Segundo dados do INE, o ponto de viragem ocorreu entre abril e junho de 2021, período em que o mercado de arrendamento começou a apresentar melhorias face a 2020, mas segundo a análise o cenário dos preços repete-se - está cada vez mais caro arrendar casa em Portugal.
Em Bragança e em Beja, por exemplo, o preço médio por metro quadrado duplicou face ao início de 2021. E em Lisboa e no Porto, o preço ficou 8.8% mais caro. O preço médio de arrendamento mensal para um apartamento T2, por exemplo, fixou-se nos 869€ no Porto e nos 1092€ em Lisboa, no último trimestre do ano.
Já em Braga, Viseu, Guarda, Coimbra, Leiria e Santarém o preço médio por metro quadrado manteve-se estável ao longo de 2021.
“Acredito que uma realidade pré-pandemia só será possível no final de 2022, altura em que a situação pandémica dará tréguas e quer inquilinos, quer proprietários, se voltarão a alinhar nas expectativas. Segundo a consultora CBRE, o mercado residencial bateu recordes em 2021, estimando-se que tenham sido vendidas cerca de 200 mil habitações, mais 16% que em 2020 e mais 10% que em 2019, o que pode justificar a queda nos stocks ao longo de 2021 e o aumento dos preços de venda, para ajustar à procura”, remata Hugo Venâncio.