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Comité europeu diz que há riscos nos preços das casas mas medidas são “suficientes”

 

Comité europeu diz que há riscos nos preços das casas mas medidas são “suficientes”

14 de fevereiro de 2022

O Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS) considera que em Portugal existem riscos relacionados com a sobrevalorização dos preços das habitações e com o aumento da dívida dos lares, ressalvando que as medidas para evitar problemas são “suficientes”.

Num relatório divulgado através de um comunicado do Banco de Portugal (BdP), o CERS deu conta dos “resultados da avaliação transversal dos riscos e vulnerabilidades de médio prazo dos mercados imobiliários residenciais dos Estados-membros da União Europeia (UE), Islândia, Liechtenstein e Noruega, levada a cabo durante o ano de 2021”.

Em relação a Portugal, a entidade assinalou que os preços das casas “têm crescido significativamente” e que neste momento estima-se que estejam “sobreavaliados”.

“Enquanto uma parte desta dinâmica possa ser atribuída à existência de uma subavaliação prévia, as estimativas do BdP sugerem” que se registou uma sobreavaliação em 2018. Já o modelo do Banco Central Europeu (BCE) aponta para uma queda nesta sobreavaliação no final de 2020 e início de 2021.

O CERS alerta, no entanto, para que ambas as estimativas “estão sujeitas a uma elevada incerteza”, porque não têm em conta alguns fatores como a procura por parte de não residentes e o segmento relacionado com o turismo.

“Em 2020 e na primeira metade de 2021, o crescimento dos preços da habitação manteve-se elevado apesar da pandemia”, referiu a entidade, indicando que o crescimento médio dos preços foi de 8,6% em 2020, face a 9,3% em 2019 e destacando ainda que o número de transações estava já em níveis pré-pandemia no final de 2020.

De acordo com o CERS, as medidas implementadas desde 2018 reduziram o montante de novos empréstimos com poucos limites ao rácio entre o rendimento dos clientes e os montantes de prestações mensais, permitindo aliviar o estrangulamento dos lares.

Ainda assim, o CERS alertou para o endividamento das famílias portuguesas, que estava a descer até recentemente, mas que voltou a subir novamente, nomeadamente devido aos empréstimos à habitação, alertando para que os empréstimos a taxa variável, que representam uma percentagem elevada, são uma “fonte de risco”.

De acordo com o comité, os empréstimos à habitação em Portugal compõem um dos maiores ‘portfolios’ entre os bancos europeus, com 38% do total no primeiro trimestre do ano passado.

Na avaliação, o CERS considerou que as políticas atuais neste âmbito aplicadas em Portugal são “apropriadas e suficientes”.

No seu comunicado, o BdP recordou que “em 2019, o CERS dirigiu alertas a cinco países (Alemanha, França, Islândia, Noruega e República Checa) e recomendações a seis países (Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Luxemburgo, Países Baixos e Suécia)”, sendo que “as recomendações correspondem a medidas concretas que, na perspetiva do CERS, são consideradas necessárias no âmbito da política macroprudencial e de outras políticas, para fazer face aos riscos e vulnerabilidades identificados”.

Estas recomendações “foram endereçadas às autoridades dos países que, em 2016, já tinham recebido alertas relativos à acumulação de risco sistémico no mercado imobiliário residencial e nos quais a respetiva intensidade se manteve ou agravou”.

Na avaliação de hoje, o comité considerou que “o risco associado ao mercado imobiliário residencial permaneceu elevado em cinco países (Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos e Suécia), 19 países apresentam um nível de risco médio e nos restantes países sujeitos a avaliação este risco foi classificado como baixo”.

Assim, como resultado desta avaliação, “foram dirigidos alertas a cinco países (Bulgária, Croácia, Hungria, Liechtenstein e Eslováquia) e endereçadas recomendações a dois países (Alemanha e Áustria)”.

“Em Portugal, o risco foi avaliado como de nível médio e a política macroprudencial implementada pelo Banco de Portugal foi considerada adequada e suficiente para mitigar os riscos identificados”, reforçou a entidade.

LUSA/DI