Continua a haver muita liquidez para investir em imobiliário
Francisco Horta e Costa, Director-Geral da CBRE Portugal, admite que o ano de 2021 acabou por ser bastante razoável para o mercado imobiliário, mesmo tendo em conta a pandemia e os períodos de confinamento do primeiro trimestre.
O responsável avança ainda que a confiança dos investidores no mercado português manteve-se inabalável, principalmente nos sectores residencial, logístico e de escritórios. Continua a haver muita liquidez para investir em imobiliário e Portugal não saiu do radar dos principais fundos internacionais, bem como de investidores privados.
Como o mercado imobiliário enfrentou 2021 e a pandemia que afectou o mundo e o imobiliário português?
O ano de 2021 acabou por ser bastante razoável para o mercado imobiliário, mesmo tendo em conta a pandemia e os períodos de confinamento que tivemos no primeiro trimestre. Na realidade, verificou-se que a confiança dos investidores no mercado português manteve-se inabalável, principalmente nos sectores residencial, logístico e de escritórios. Continua a haver muita liquidez para investir em imobiliário e Portugal não saiu do radar dos principais fundos internacionais, bem como de investidores privados.
Quais os pontos positivos e negativos para o sector?
Como pontos positivos salientaria os seguintes:
- Provavelmente vão vender-se mais casas em 2021 quando comparado com o ano anterior (no primeiro semestre já se tinha verificado um aumento de 30% nas vendas) e o grosso dos compradores são portugueses;
- Surpreendentemente, a absorção de escritórios vai ser superior a 2020, contrariando a expectativa de muitos que esperavam que grande parte das empresas reduzissem espaço de escritórios;
- A entrada de três novos investidores em Portugal, no sector dos escritórios: Tishman Speyer, Jamestown e Sixth Street.
Como ponto “negativo” (ou menos positivo), o facto de o volume de investimento em imóveis de rendimento ficar, provavelmente, entre os 2 mil milhões de euros e os 2.2 mil milhões, resultando numa redução de 25% face a 2020, mas que não traduz de forma nenhuma um interesse menor no imobiliário nacional, antes a falta de mais oportunidades de investimento.
O que podia ter sido feito e não foi?
Infelizmente, os processos de licenciamento continuam a ser muito morosos e burocráticos e não se vislumbra uma solução para este grande problema. Num momento em que existe falta de produto residencial para o segmento médio e médio-baixo, é fundamental que as câmaras licenciem em tempo útil para permitir o incremento da oferta e a nivelação dos preços, uma vez que o tempo custa muito dinheiro aos promotores imobiliários e depois tem que ser reflectido no preço final das casas. Também é crítico que a fiscalidade afecta à habitação para arrendamento seja alvo de uma revisão, de forma a permitir que o acesso à habitação por esta via seja desenvolvido em massa. Não se compreende como é que o Governo acabou com os benefícios fiscais dos Fundos de Investimento de Arrendamento Habitacional em 2021, que poderiam ser veículos de fomento à criação de mais produto residencial para arrendamento.
E para 2022? Perante uma nova vaga com uma nova variante do vírus, quais as principais preocupações e as possíveis consequências para o mercado imobiliário?
Evidentemente que novas vagas e novas variantes do vírus não são boas notícias, quanto mais não seja porque voltam a haver restrições à circulação, nomeadamente nas fronteiras e aeroportos, o que é sempre um obstáculo às transacções. No entanto, com a experiência que temos de quase dois anos de pandemia e num momento em que grande parte das populações se encontra vacinada, existe muito menos incerteza, pelo que antecipo que 2022 venha a ser um ano bom para o mercado imobiliário.